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"Precisamos ter um dia a dia vitorioso", diz Vagner Mancini, treinador do Ceará
Reportagem Seriada

"Precisamos ter um dia a dia vitorioso", diz Vagner Mancini, treinador do Ceará

Filho e irmão de ex-jogadores, o atual treinador do Ceará contou ao Esportes O POVO o início no esporte há 35 anos, em 1988, contando as experiências adquiridas na fase de atleta que compõem as características como técnico

"Precisamos ter um dia a dia vitorioso", diz Vagner Mancini, treinador do Ceará

Filho e irmão de ex-jogadores, o atual treinador do Ceará contou ao Esportes O POVO o início no esporte há 35 anos, em 1988, contando as experiências adquiridas na fase de atleta que compõem as características como técnico
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A trajetória de vida de Vagner Mancini está interligada com o futebol. O mundo da bola está no DNA do paulista de 57 anos, que tem o pai e irmão ex-jogadores. O atual treinador do Ceará vivencia o ambiente esportivo há 35 anos, entre experiências da carreira de atleta e técnico.

Mancini está na 2ª passagem como treinador do Ceará, mas o profissional também atuou pelo Alvinegro de Porangabuçu como jogador. Foi meio-campista do escrete alvinegro em 2002 e 2004.

Ao O POVO, o paulista, que também ostenta o cargo de presidente da Federação Brasileira de Treinadores de Futebol, narrou a trajetória no futebol, se emocionou ao falar do pai, Vastinho Mancini, ressaltou os objetivos no Ceará para a temporada de 2024 e relembrou o encontro com Pep Guardiola.

 

 

O POVO - Como surgiu a paixão pelo futebol na infância?

Vagner Mancini - Desde que me conheço por gente, sou apaixonado por futebol. Meu pai é ex-jogador, jogou no Comercial-SP, e teve a felicidade de naquela época, mesmo sendo zagueiro, fazer o gol do acesso do Comercial da segunda para a primeira divisão, em 1958. Sempre fui ligado ao futebol. Somos cinco irmãos, tenho um irmão homem mais velho, que também era muito ligado. Lógico que através deles, do meu pai e do meu irmão, eu fui inserido neste processo desde muito cedo.

A gente chega numa certa idade, eu e meu irmão ainda aspirando virar atleta profissional, e ele acaba largando. Eu tive a oportunidade de sair de Ribeirão, estava no Comercial, e o técnico foi chamado para ser treinador do Guarani, que, naquela oportunidade, era a melhor formação - de base - do Brasil. Minha vida, com 16 anos, acabou sendo completamente inclinada para o futebol. Passo um período na base do Guarani até chegar ao profissional e minha carreira acaba deslanchando.

Atual técnico do Ceará, Vagner Mancini(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Atual técnico do Ceará, Vagner Mancini

OP - Quais dificuldades você enfrentou no início da carreira?

Vagner Mancini - Esse início foi um pouco traumático, porque minha mãe não queria que eu abandonasse os estudos em Ribeirão Preto e fosse morar em Campinas. Isso, de certa forma, gerou um desgaste, até que meu pai deu um tapa na mesa e disse: 'o menino vai, fim de papo'. E eu acabei indo. Chego ao Guarani, começo a viver uma vida muito diferente da minha. Eu morava num alojamento com mais 60 meninos. Era uma vida que eu não estava acostumado, tínhamos horário para almoçar, para jantar, tínhamos que ir para o colégio, éramos obrigados a estudar, isso acabou diminuindo um pouco a dor da minha mãe. E ali eu começo a descobrir o mundo. A minha educação, óbvio, veio dos meus pais, mas também fui educado pelo futebol. As pessoas que estavam ali, tiveram um peso muito grande na minha educação. Com 16 anos, parece que não, mas quando você sai da tua casa para enfrentar o mundo, você é muito novo para isso. E eu enfrentei todos os tipos de perigos que poderiam rondar um menino daquela idade, com todas as possibilidades e me mantive sempre firme no caminho. Tenho certeza que estou aqui até hoje, 40 anos depois, falando exatamente sobre isso, porque sempre me mantive no caminho, mesmo diante de tantas dificuldades como, por exemplo, você ter que comer o que estar ali na mesa, como ter que ir para o colégio, chegar às 23 horas e não ter mais lanche para comer, e virar o dia e iniciar o treino. Era uma outra vida, um pouco mais rústica, que judiava um pouco mais da gente, mas que me tornou forte para isso e hoje, depois de tanto tempo, sei a importância que isso teve na minha vida. 

OP - Seu pai se via em você? Pelo fato de você ser jogador, conseguiu ser profissional, de time de Série A, teve sucesso nacional, hoje como treinador é um dos mais renomados.

Vagner Mancini - Eu acho que sim. Ele faleceu com 84 anos, em 2018, mas ele acompanhou boa parte do que eu vivi e sempre com muita cobrança para que eu realmente desempenhasse, mas é óbvio que ele enxergava o futebol de uma forma diferente. Ele foi um ponto de apoio muito forte para mim. No fundo, eu ter alcançado mais do que ele no futebol, também era gratificante para ele, e de certa forma, isso acabou me alavancando para uma nova função. Minha ideia inicial era simplesmente ser atleta de futebol. Queria jogar futebol porque era um sonho. Mas vivenciar depois uma nova função, e hoje já se passaram mais de 20 anos, foi muito alavancado pelo que fiz na época de jogador.

OP - Ele (seu pai) chegou a ver seu filho atuando? Você também se projeta no Matheus (filho de Mancini)?

Vagner Mancini - De certa forma, sim. Acho que todos nós, de uma forma ou de outra, acabamos influenciando naquilo que o filho faz, no caso dele o neto. Tem um pouco do que meu pai foi em mim e do que meu filho é meu também. Isso, até certo ponto, acaba se misturando. O curioso é que meu pai era zagueiro, meu filho também é zagueiro e eu era meia-atacante. Dos três, acabei tendo um pouco mais de técnica, e eles um pouco mais pelo lado físico. Uma mistura bacana. Nós tivemos alguns momentos de sentarmos na mesa e discutirmos sobre futebol. O engraçado é que o avô do Matheus, o pai da minha ex-mulher, também foi jogador. O Matheus tinha avô dos dois lados (jogador) e o pai. Era muito comum sentarmos na época de Natal e ano novo, quando as famílias se uniam, e a gente falar de futebol, como era... meu pai jogou na época do Pelé, meu ex-sogro também. Tinham muitas histórias, ficávamos atentos, escutando muita coisa e também a fase atual, buscando fazer um paralelo, do que acontece hoje com aquela época.

Vagner Mancini e filho Matheus se reencontram em duelo entre Ceará e Criciúma pela Série B 2023(Foto: CELSO LUZ/CRICIÚMA)
Foto: CELSO LUZ/CRICIÚMA Vagner Mancini e filho Matheus se reencontram em duelo entre Ceará e Criciúma pela Série B 2023

OP - É uma das coisas que mais te faz falta?

Vagner Mancini - Meu pai, já no final de vida, muitas vezes na hora que eu sentava com ele, para bater papo... uma das coisas que mais me chamava atenção era o fato dele lembrar de tudo. Desculpa (o choro), mas é de alegria. Sempre que falávamos de futebol, e eu acho que isso tenha feito com me entusiasmasse tanto pelo esporte, o fato de ouvir as histórias e saber que eu tinha a possibilidade de viver aquilo também. Isso ficou muito forte dentro de mim, e acho que tem no meu filho também. Não foi só uma sequência de histórias narradas, assim como eu escutava do meu pai, meu filho, quando estamos juntos, falamos muito (de futebol). Vejo uma sequência, uma outra página sendo escrita da mesma forma. Isso é o legal. O futebol, ao mesmo tempo que ele está na periferia das nossas vidas, talvez seja o inverso. Nós é que estamos na periferia do futebol, porque minha família toda é ligada. Meu irmão acabou não sendo jogador, mas o meu cunhado, irmão da minha ex-mulher, também foi jogador. Tem muita gente envolvida, sabe? Quando parávamos para falar sobre futebol, era sempre o assunto que mais repercutia. Até hoje é assim, minhas filhas são apaixonadas. Tenho uma formada em publicidade e marketing, que está numa agência, que curiosamente cobre só futebol. Está enraizado na família. O que eu ia falar, quando me emocionei, meu pai já esquecendo das coisas, desses assuntos ele lembrava tudo. O jogo de 1957, ele contra o Pelé... ele com um pouquinho de Alzheimer, mas lembrava. Quando era estimulado a falar sobre isso, não parava.

OP - Um dos momentos mais emblemáticos da tua carreira foi a Libertadores de 1995 com o Grêmio. O que você lembra daquele ano, do elenco e daquele trabalho?

Vagner Mancini - O ano de 1995 no Grêmio foi mágico. Foi um ano em que o Grêmio tinha vencido em 1994, contra o Ceará, gol do Nildo, e na mudança de 94 para 95, reforçou a equipe porque sabia que iria jogar a Libertadores. Em dezembro, chegam vários atletas ao Grêmio, e eu sou um dentre os 20 que chegaram. No dia 29 de janeiro, já tinha um jogo entre Palmeiras e Grêmio, o Palmeiras com aquela seleção da Parmalat, em São Paulo, que era o primeiro jogo da Libertadores. Nós fomos para São Paulo, fizemos um grande jogo, mas perdemos por 3 a 2 no finalzinho da partida. Aquele jogo deu para nós a dimensão do que seria a nossa temporada, porque estávamos enfrentando um time que era bicampeão brasileiro, em 93 e 94, e ao mesmo tempo era um time que tinha sido formado há pouco mais de um mês. Então, naquele momento, vimos que vários atletas que chegaram de vários clubes, acabaram nas mãos do Felipão, montando uma equipe muito forte, que foi o ano de 1995. A gente ganha o Campeonato Gaúcho, ganha a Libertadores, chega à final da Copa do Brasil e perde para o Corinthians, até em um desses jogos sou expulso em São Paulo. Mantém uma boa campanha no Campeonato Brasileiro, joga a Supercopa, sai na semifinal contra o River Plate nos pênaltis, e vai para o Mundial e perde para o Ajax.

Foi um ano mágico, porque todos aqueles que chegaram no Grêmio, estavam renegados no mercado. Paulo Nunes e o Magno saíram do Flamengo, o Jardel saiu do Vasco e estava indo para o XV de Piracicaba e, no meio do caminho, o Grêmio pegou. O Adilson Batista, que havia jogado no Cruzeiro e no Internacional, estava voltando de lesões, de fratura. O Dinho estava voltando do La Coruña, da Espanha. A base do time foi essa, um ano maravilhoso, onde todo mundo se destacou. Curiosamente para mim, um ano antes eu jogava no Bragantino e fiz um acordo com a família Chedid, de comprar o meu passe. Naquela época, o passe era dos clubes, nós não tínhamos a liberdade de ir e vir que os atletas têm hoje. O que eu tinha juntado no futebol, tive que pagar para a família Chedid para sair do Bragantino. Fiz um aporte de aproximadamente 70 mil dólares. Para mim, era muito dinheiro, era o que eu tinha. Acabei fazendo um empréstimo no banco até vender um apartamento, enfim. E quando eu chego no final do ano de 95, eu tenho uma proposta para jogar no Japão e receber, de luvas, 70 mil dólares, que era o que eu tinha investido. Por isso, optei pela minha saída do Grêmio. E no ano seguinte, também foi vitorioso. A minha escolha acabou sendo pela questão financeira. Era uma família. Até hoje nos damos muito bem. Eventualmente nos encontramos.

Vagner Mancini foi campeão da Libertadores 1995 como jogador do Grêmio e voltou ao clube como treinador em 2021(Foto: GRÊMIO/DIVULGAÇÃO)
Foto: GRÊMIO/DIVULGAÇÃO Vagner Mancini foi campeão da Libertadores 1995 como jogador do Grêmio e voltou ao clube como treinador em 2021

OP - Qual a função que você mais gostava de atuar?

Vagner Mancini - Tive a felicidade de ser um atleta que me adaptava em quase todas as posições. No futebol, só não joguei de lateral-direito. De lateral-esquerdo joguei nos juniores do Guarani. Eu começo a minha carreira como segundo volante. Joguei de primeiro também no final da carreira. De zagueiro no Japão, em algumas oportunidades. E do meio para a frente, joguei em todas, de ponta-direita, ponta-esquerda, de meia, de meia-atacante, de meia-armador e de centroavante. Isso acontecia porque eu sempre tive uma técnica refinada. Por isso, talvez, eu me encaixasse onde fosse a dificuldade do time. Isso muitas vezes aconteceu. Na minha vinda para o Ceará, por exemplo, eu no Paulista, vinha jogando de segundo volante. Quando chego aqui no Ceará, começo a jogar de meia-atacante, a fazer gols e volto para o Paulista, porque era um empréstimo, com a fama de artilheiro. E volto a jogar de volante. Quando venho enfrentar o Ceará pela Série B, o pessoal perguntou 'pô, mas cê tá jogando de volante?'. Lá faltava essa peça, eu tinha essa flexibilidade. Atuei na Portuguesa, nas mãos do Leão, como nove de área, jogando de costas (para a marcação). Isso me enriqueceu muito no futebol, porque hoje eu falo com muita segurança para os meus atletas aquilo que é o primordial para eles saberem dependendo da posição deles. Por exemplo, eu sei dialogar com o zagueiro, porque também joguei, tive a experiência. Isso me deu uma leitura de jogo muito interessante.

OP - No Ceará, você repete, né (essas modificações)?

Vagner Mancini - Procuro sempre que vou fazer alguma modificação, sentar com o jogador e conversar. Aqui (no Ceará), em algum momento, tive dificuldade de lateral. Chamei o Castilho e ele me disse que já jogou como lateral. Eu nunca induzo ou coloco o atleta numa situação que possa gerar desconforto para ele. O mais importante, para mim, é o meu time entrar em campo confortável. Saber que o que ele vai fazer no jogo, ele fez durante a semana. Durante a minha fase de atleta, passei por alguns técnicos que me pediam coisas que eles não treinavam. Isso ficou muito latente na minha cabeça. Eu não posso pedir para o meu jogador fazer algo que ele não treinou. Por mais que vocês pensem que o Mancini inventou, deu uma de professor pardal, mas eu fiz no treinamento para que gerasse conforto. Quando acaba o treino, eu chamo o jogador e pergunto. Se falar que sentiu bem, que pode contar. Tudo isso faz parte do meu repertório de vida. Uma vez ou outra, vamos usar, também, sendo treinador, porque fazemos basicamente um teatro. Você ensaia durante a semana para que no final de semana você possa entrar em campo e desempenhar bem a sua função. Tem que ser repetidas vezes, isso, de certa forma, acaba dando esse conforto.

OP - Quanto tempo um técnico precisa para desenvolver um padrão de jogo em um time?

Vagner Mancini - Vou te falar com segurança, até porque já tive de tudo na minha carreira. Já fiquei dois meses em alguns clubes e fiquei mais de três anos em outros. Quando inicio, fico mais de três anos no Paulista. No América-MG, foram quase três anos. E já tive a oportunidade de passar dois meses no Grêmio, dois meses e meio no Vasco. Eu consigo te passar a minha ideia, acho que vai dar para entender. Ninguém consegue fazer um time vencedor em menos de um ano de trabalho, a não ser que você pegue algo pronto. Para que você possa desempenhar, ter uma equipe que saiba com linha de quatro, de três, que seja agressiva no ataque, mas que consiga marcar bem, você precisa de tempo. Porque eu não consigo fazer ao mesmo tempo uma equipe forte no ataque e na defesa. Quando a gente assume um time, por exemplo, o Ceará tomou muito gol esse ano, então eu tenho que me preocupar com a parte defensiva. Agora se o Ceará é um time que toma poucos gols e faz poucos gols, eu tenho que me preocupar com a parte ofensiva. Ou seja, o equilíbrio é o que me sustenta no cargo. Essa é a verdade. Os resultados estão linkados ao equilíbrio da tua equipe. Todo mundo que assiste futebol, entenda muito ou pouco, enxerga futebol. Qualquer torcedor sabe se o time dele defende bem ou mal ou se ataca bem ou mal. Então, em pouco tempo, você não consegue, por exemplo, no Ceará estou há dois meses, já detectei muita coisa, mas nesses dois meses tivemos mudanças de peças, alguns atletas saindo, outros vieram dos juniores, e não consegui formar a base que eu quero. Se tivéssemos falando do início do ano, com certeza, o time estaria em uma outra situação, eu poderia ser mais cobrado.

O fato de estar ao término do ano, com alguns atletas saindo, isso dificultou um pouco mais. Um ano é um tempo bom para você ter um time vencedor. Em quanto tempo o Mancini consegue dar a cara dele? Dois meses. É um tempo razoável para que você consiga colocar a metodologia em prática, com o atleta entendendo, até porque, ao longo de todos esses anos, eu também priorizei algumas coisas que são importantes. Você não pega nenhum clube do zero, todos os atletas têm lastros. Todos os times já conhecem as metodologias.

Técnico Vagner Mancini em treino do Ceará no estádio Carlos Alencar de Pinto, em Porangabuçu(Foto: Felipe Santos/Ceará SC)
Foto: Felipe Santos/Ceará SC Técnico Vagner Mancini em treino do Ceará no estádio Carlos Alencar de Pinto, em Porangabuçu

OP - Antes de chegar ao Ceará como treinador, teve a experiência de jogar em 2002 e 2004. Como foram essas experiências? E você consegue fazer um paralelo como era o clube naquela época para o que é hoje?

Vagner Mancini - O Ceará é um time que está inserido na minha vida. Eu tenho uma passagem ainda como atleta, em 2002, onde somos campeões contra o Fortaleza, numa situação totalmente atípica. Tanto é que o Fortaleza consegue o acesso (para a Série A) no segundo semestre, contra o Paulista, no final do ano. Tinha uma equipe muito forte. E o Ceará foi sendo remontado ao longo do campeonato e acabou chegando ao título. É um título que tenho muito carinho por ele, porque só Deus sabe como isso chegou ao final, como conseguimos aquilo. As dificuldades do clube eram muito grandes. Vejo o Ceará hoje em outro patamar, é só olhar dos lados para perceber como o clube perdeu. Naquela época, a gente tinha muita dificuldade de pagamentos, de estrutura, material de trabalho, o campo era praticamente o mesmo de hoje. Tínhamos muitas dificuldades. Lá em 2002, o Ceará usava um micro-ônibus do hotel Lisboa para se locomover. O time ia para o PV ou para o Castelão jogar, com o micro-ônibus do hotel. Hoje são dois ônibus. Em 2004, não era muito diferente, fico pouco tempo e vou para o Ituano.

O vestiário dava medo de entrar, essa é a verdade. E quando volto em 2011, encontro um Ceará diferente nas mãos do Evandro Leitão, com uma outra capacidade, um dia a dia diferente, um clube que pagava em dia, que o vestiário era mais arrumado, a sala de musculação havia sido construída, o refeitório. Tudo isso não existia em 2002. Volto agora, em 2023, e encontro um clube muito estruturado, com um departamento de saúde de primeira linha, uma academia de primeira linha e a parte de nutrição de primeira linha, um vestiário muito bom. Algumas coisas ainda precisam melhorar e vão melhorar, porque essa foi uma das coisas que eu acertei com a presidência a partir do momento em que cheguei ao Ceará.

OP - Quais coisas precisam melhorar no Ceará?

Vagner Mancini - O Ceará precisa melhorar algumas coisas dentro da estrutura, o presidente sabe disso. Uma coisa é o campo, que vamos tentar resolver na virada do ano. Nós temos que ter como ponto número um, que tenhamos um campo igual ao PV ou ao Castelão, porque não podemos usar ao longo da semana diferente do que é o campo de jogo, parece que não, mas te traz um pouco de débito. Sei que o Ceará está na Série B, o orçamento diminuiu, também não quero fazer nenhuma loucura, mas tenho pedido ao presidente para que melhoremos processos internos. Muitos deles não precisa do aspecto financeiro, é só ajustes dentro de cada departamento. Hoje vejo o Ceará com condições de acesso, se nós vamos conseguir ou não, é outra questão, mas estamos tentando qualificar todos os departamento para que todo mundo fale uma voz só. O Ceará não vai chegar ao término de 2024 com o acesso se não melhorar os processos internos, que todos que estamos aqui enxergamos e detectamos.

Precisamos ter um dia a dia vitorioso. Sempre falo para o atleta que ele não é campeão do Estadual, se não for campeão todos os dias nos treinamentos, na alimentação, no descanso, em tudo aquilo que ele faz. Isso é o que queremos para o Ceará, tornar o dia vitorioso. Ao término do dia, na hora que eu chegar na minha casa, eu pensar que ganhei dia, não que perdi. Porque quando você tem um péssimo treinamento, uma péssima alimentação, não se dedica direito, não consegue ter um bom descanso na sua casa, você não ganhou, perdeu. E quando perde um dia, precisa de dois para recuperar. A tua semana não é a mesma, o teu desempenho não é o mesmo e dessa forma você começa a construir um caminho cheio de curvas, subidas, descidas, e não queremos isso. Queremos o Ceará em linha reta, olhando para o sol e buscando aquilo que sabe que tem que buscar.

Vagner Mancini já iniciou os trabalhos em Porangabuçu(Foto: Felipe Santos/Ceará SC)
Foto: Felipe Santos/Ceará SC Vagner Mancini já iniciou os trabalhos em Porangabuçu

OP - O principal objetivo do Ceará é conquistar o acesso à Série A? Como vai ser dividido o foco entre Campeonato Cearense e Copa do Nordeste?

Vagner Mancini - Eu não posso falar de dezembro, se tenho para viver janeiro, fevereiro, março, abril. É óbvio que a cereja do bolo é o acesso, mas eu não posso frustrar o nosso torcedor, falando que não vou dar importância ao Cearense, a Copa do Nordeste ou a Copa do Brasil. Isso faz parte de toda a minha responsabilidade, de estar à frente de uma nação tão grande. É óbvio que o foco número um é o acesso para a Série A, porque ele te possibilita todos os outros, te possibilita, por exemplo, sonhar com uma Libertadores, com uma Sul-Americana, com melhorias na sua estrutura, porque entram mais recursos. Não posso, de maneira alguma, não linkar o Cearense com o acesso, a Copa do Brasil com o acesso, a Copa do Nordeste com o acesso. Eu, como técnico do Ceará, tenho que falar para o torcedor que nós vamos tentar ser campeões de todos os campeonatos possíveis. E quando falo isso, falo que o Ceará também precisa ser assim no Sub-15, no Sub-17 e no Sub-20, porque conquista é aquilo que te faz maior a cada dia. Nós sabemos que do outro lado vai ter um time forte, que vai brigar e querer incomodar, na Copa do Nordeste a mesma coisa, temos belos times formados no Nordeste.

A região está cada vez chegando mais perto do Centro-Sul, isso é muito interessante, é o que queremos, mesmo sendo paulista, nascido no interior de São Paulo, gosto de saber que o Norte-Nordeste está melhor, está evoluindo, porque isso acaba melhorando o futebol brasileiro. O Ceará não pode falar em outra coisa, em termos de Campeonato Cearense, se não for chegar à final contra o arquirrival (Fortaleza). Na Copa do Nordeste, temos que brigar em igualdade com todas as outras equipes, mesmo tendo menos orçamento por estar na Série B. Não podemos, na Copa do Brasil, entrar só para ganhar aquela cota, não. Eu mesmo aqui no Ceará, em 2011, cheguei numa semifinal de Copa do Brasil.

OP - Toda vez que o time do Mancini ganha, o pessoal revive a foto do teu encontro com o Guardiola. Como foi o encontro, o que você trouxe de experiência?

Vagner Mancini - Eu, Dorival Júnior e o Júlio Sérgio, que havia jogado na Roma, decidimos, por estarmos todos em Ribeirão, fazer uma viagem pela Europa. Sentamos e montamos um plano de viagem. Em cinco semanas, iríamos visitar vários clubes. Tínhamos o ponto de apoio do Rafinha, no Bayern de Munique, que era o clube do Guardiola. O Júlio Sérgio tinha abertura na Roma e na Lazio, na Fiorentina, o Dunga que tinha amizade com alguém. No Real Madrid tínhamos o Ancelotti que é muito amigo do Falcão, que é nosso amigo também. Curiosamente, em 2015, eu tinha que tirar meu passaporte italiano. Dentro dessa viagem, me desloquei para Toscana, fiquei 15 dias, e quando tinha jogos eu pegava o trem para assistir com eles e voltava para lá. Acabei, dentro dessa viagem, fazendo minha cidadania. Foi surreal, tivemos contatos muito próximos com o Guardiola, no Bayern de Munique, com o Ancelotti, no Real Madrid, com o Simeone, no Atlético de Madrid, e o Rudi Garcia, na Roma. Esses foram os que nos deram mais atenção.

Com o Guardiola, ficamos uma semana em Munique, e somente um dia ele veio bater papo com a gente. Entendemos, você não tem tanto tempo. Marcamos que seria numa sexta-feira, lá no CT do Bayern de Munique, em um dos campos ele pediu para fazer uma cortina, onde ele fechava o campo todo, que era o dia do tático, quando ele não queria que vazasse informação. Levava só o time titular. Ele permitiu que ficássemos no lado de dentro, óbvio que não passaríamos informações. O Bayern vinha de uma derrota para o Hoffenheim por 4 a 0 e ele estava, naquele momento, pressionado porque o time não estava bem. O treinador antigo havia ganhado a tríplice coroa. O Bayern jogava no sábado contra o Hamburgo, no Allianz. Acompanhamos a semana toda o treinamento e na quinta-feira teve folga e na sexta-feira deu treino de uma hora e dez, no pau, e pensávamos que eles não iriam conseguir jogar no sábado. Ganharam de 8 a 0. Foi quando ele começou a fazer a entrada do Alaba de terceiro homem por dentro, com o Rafinha de volante, quando o time atacava numa saída de 3-2. Tudo mudou para ele depois da vitória, para a gente também.

Técnico Vagner Mancini visita Bayern de Munique e tem encontro com Pep Guardiola. Treinador Dorival Júnior, que comandou o Ceará em 2022, também estava na comitiva brasileira (Foto: ARQUIVO PESSOAL)
Foto: ARQUIVO PESSOAL Técnico Vagner Mancini visita Bayern de Munique e tem encontro com Pep Guardiola. Treinador Dorival Júnior, que comandou o Ceará em 2022, também estava na comitiva brasileira

O que eu trouxe de diferente? Nada. Tudo que vimos de treinamento, a gente já fazia. A internet te liga com tudo no mundo. Agora existem as percepções. O que eu peguei do Guardiola? Os treinos muitos interessantes, sendo dinâmicos, mas já fazíamos isso no Brasil, embora não seja muito destacado, porque tudo que vem de fora para nós, é melhor. O que pego do Guardiola é que ele é extremamente intenso todos os dias, os treinos são dinâmicos e acho que isso, de lá para cá, no Brasil, já se alcançou. Porque muita gente teve acesso as informações. O que torna o seu campo dinâmico? É o teu campo estar em condições, você molhar o campo, ter um bom material de trabalho. A dinâmica do jogo está aí. Quando você vê o jogo do Palmeiras, do Athletico-PR e do Botafogo no campo sintético, é mais rápido. Todos os campos da Europa são rápidos assim, por isso a dinâmica do jogo também aparece.

OP - E de conceito, o que você trouxe? Observo que vocês trouxeram a aproximação dos defensores, com o ataque sendo mais espalhado.

Vagner Mancini - O que todo treinador busca? A gente quando viu, achamos muito interessante. Naquela época, todo mundo baixava o volante para fazer a saída com três. Ninguém vinha com o lateral ou ninguém colocava os laterais para serem esses dois por dentro. Como ele tinha Robben e Ribery, ele priorizava os dois homens abertos serem esses, para que ele tivesse uma linha de cinco bem formada. O que todo técnico faz? A saída de 3-2-5 ou de 2-3-5 ou de 2-1-2-5 ou até de 3-1-6 é exatamente para colocar jogadores entre as duas linhas de quatro. Isso, quem começa, é o Guardiola. Só que lá trás, voltando há mais de 30 anos, eu fui jogador do Cilinho no Guarani, e ele fazia saída de três. Quando ele retorna para o São Paulo, ele fazia a saída de três com o Ronaldão, que era o zagueiro canhoto, do lado esquerdo, e subia o lateral. Ou seja, esses conceitos do futebol, eles vão e vêm. Aquilo que é feito hoje, que muita gente fala do 4-1-4-1 ou o 4-3-3, nada mais é do que o W-M entre 1912 e 1914. Todo mundo, na verdade, já mexeu demais as peças. Quando você sugere, como era o caso do Dorival no Santos, que tinha o Victor Ferraz que jogava muito bem por dentro. O que ele fez? Fez a saída de três e jogou o Victor como volante.

Vagner Mancini, técnico do Ceará, se emociona ao falar do pai, que também foi jogador de futebol (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Vagner Mancini, técnico do Ceará, se emociona ao falar do pai, que também foi jogador de futebol

Se eu chego num time que tem dois laterais que são agudos, eu uso eles na segunda linha e faço a saída com meu volante ou por dentro ou pelo lado. Se eu tenho um lateral que é mais consistente, uso ele para ser o terceiro homem. No jogo contra o Vila Nova, por exemplo, era para fazer a saída de três ora Warley, ora Paulo Victor. O PV acabou subindo mais que o Warley, mas o Warley também apareceu no primeiro tempo, antes dele lesionar. Eu busco essa profundidade. Só que quando eles sobem, o meu volante, e por isso a opção pelo Léo Santos na maioria das vezes, porque eu preciso ter uma recomposição por dentro. Não posso deixar os dois zagueiros órfãos. E quando eu coloco o volante ou um meia, ele tem uma tendência a dar um combate. E ele não pode dar combate, porque tudo que quem tem a bola e sai em contra-ataque quer, é que eu dê o combate para ele fazer a tabela e desvencilhar. Quando eu chego no América-MG, que adapto o Lucas Kal como volante, já que ele era zagueiro, eu tinha que ter um terceiro homem para ter uma linha de três atrás. O Jean Carlos, por exemplo, que me dá uma ótima saída de bola, eu trago ele para ser o primeiro a pegar na bola e distribuir, mas eu preciso ter as peças. O que aconteceu contra o Mirassol? Nós estávamos jogando no PV, quando o Pulga fez uma ou duas jogadas interessantes e veio para dentro para o PV ser o último homem por fora. No intervalo eu falei para ele voltar aberto e o PV por dentro. A gente vai observando o jogo e vai fazendo as trocas, por isso preciso do treinamento, do ensaio. Tem dia que o PV sobe por fora, tem dia que sobe por dentro, depende muito de como o adversário está nos marcando. Isso daí, em pouco tempo, não conseguimos fazer.

Quando vejo o time do Diniz, há uma movimentação constante dos jogadores. Isso você não consegue somente no treinamento. Você tem que sentar com o jogador, conversar, mostrar para ele que é possível. Convencê-lo para que ele ache que dá para fazer. O dia a dia, o convívio com o atleta, é muito importante. Não abro mão disso. Na hora que acaba o treino eu sento com os jogadores e ficamos batendo papo. Isso também é construção, sai da formalidade. A gente sempre fala que os cursos da CBF são bons, mas excelente é a convivência. Quando eu sentava para jantar com o Tite, com o Mano, com o treinador lá de Roraima e com o cara do interior de Minas Gerais, ficávamos batendo papo e eles estavam atentos ao que estávamos conversando. Isso é muito rico, é o que procuro fazer com os jogadores. Por mais que eu treine bem meu time, eu preciso que eles entendam, que eles comprem a ideia. O poder de convencimento não está no tático, está no olho a olho, nas relações e é por isso que o Diniz cita que o ambiente é importante. Curiosamente, ele foi meu atleta no Paulista. E eu tive a oportunidade de tirar ele de atacante e colocá-lo como segundo volante. Na época, ele ficou deslumbrado. Há 20 anos, eu já queria um time que saísse jogando com qualidade, que é o que eu enxergo de futebol, que é um pouquinho da maneira que jogava futebol. Isso também é importante dentro da construção.

OP - Quais atletas você pretende contar em 2024 e quais características o elenco do Ceará tem que ter para se encaixar no seu modelo de jogo?

Vagner Mancini - Estamos vendo os jogos e analisando, mas a minha análise também vai muito do dia a dia, do que eu quero de caraterísticas, do que temos que ter no ano que vem. Quando falo que meus times são ofensivos, não quer dizer que não saiba se defender. Tem que saber se defender, mas tem que priorizar o jogo vertical. Eu não gosto quando roubamos a bola e jogamos para trás. Quando você joga para trás, você está dando a chance de quem perdeu a bola se reorganizar e vamos ter mais trabalho. É fundamental: roubou a bola? Joga para frente. Tem que ser um time equilibrado, que saiba se defender. Os meus times, o que eu penso de futebol, tem marcação alta em quanto conseguir, porque tem uma hora que o adversário pode ter o mérito de furar o teu bloqueio, aí você tem que baixar, porque quando você perde a marcação alta, você precisa passar a linha da bola o mais rápido possível. Isso vai ser uma exigência! E aí, tenho que me defender em bloco baixo. Quando estou no bloco baixo e saio para o contra-ataque, estou jogando em transição. O time do Ceará vai jogar em transição, vai ser reativo, vai marcar alto ou vai defender no centro do campo? Todas as alternativas. Um jogo de futebol exige todas essas fase. Tem hora que eu estou baixo, alto, depende muito do que está acontecendo no jogo.

O meu time é um time que tenta roubar a bola no campo de ataque, para que eu não precise dar tiros para trás, porque o que cansa o jogador é dar tiro para trás. Tiro para frente, eles dão o jogo inteiro, com a bola é fácil. Todos ele estão sendo observados. A montagem do elenco depende de algumas cabeças, do João Paulo Sanches, do presidente e de toda nossa equipe de trabalho. 

Técnico Vagner Mancini em jogo do Ceará diante do Londrina, no estádio Presidente Vargas, pela Série B do Brasileirão. (Foto: Aurélio Alves/O POVO)
Foto: Aurélio Alves/O POVO Técnico Vagner Mancini em jogo do Ceará diante do Londrina, no estádio Presidente Vargas, pela Série B do Brasileirão.

OP - Esses atletas que você mais tem utilizado, como Léo Santos, Jean Carlos e Erick Pulga tendem a ficar para o próximo ano?

Vagner Mancini - Têm alguns atletas que têm uma boa chance de ficar, são os atletas que têm contrato maior com o clube. Esses também estamos recebendo sondagens. O Ceará, para 2024, vai precisar se readequar financeiramente. Alguns atletas vão precisar abrir mão de algumas coisas para ficar. Ao mesmo tempo, tenho que montar um time para jogar. E como eu contei a minha história no futebol, eu tenho que respeitar o futebol. Eu entro em campo com o que tenho de melhor. Têm alguns atletas que não vão ficar, mas estão jogando, porque eu defendo uma camisa, uma coletividade, uma instituição e não posso enfraquecê-la diante de outros adversários que dependem do nosso resultado. Por exemplo, a respeito ao campeonato, Sport, Atlético-GO, Mirassol e Novorizontino dependiam de uma vitória do Ceará. Eu não posso simplesmente, até porque temos amigos em todos os lugares, de deixar de fazer aquilo que é ético ao campeonato. Se eu, por exemplo, permitisse que alguns jovens, que eu até ia fazer e eles não estavam inscritos. Existe, também, um certo temor em utilizar o jogador em um momento que o clube não está bem, porque eu posso queimar. Eu tomo muito cuidado com isso. Pelo que vejo nos treinamentos, eles poderiam estar aqui há mais tempo. Você percebe quando o cara entra numa jogada, eles ainda estão presos emocionalmente, isso torna uma pouco duvidoso a presença deles nos jogos, porque eu posso fazer uma avaliação precoce do atleta. E eu não quero fazer isso.

Onde eu passei, muitos jovens se destacaram, porque eu gosto do jovem. Meu time precisa de energia. Quando estou falando de um Ceará intenso, eu não vou, por exemplo, ter no elenco, muita gente com idade avançada. É fato. Vamos procurar fazer um time com idade média baixa. Quero 24 jogadores para que eu consiga a base. 24 profissionais e seis ou sete da base para que você tenha esses atletas integrados. O mais importante é pegar esses atletas com carinho para que eles possam desempenhar no time de cima. Fiquei muito feliz quando vi o Jonathan entrando contra o Botafogo-SP e se soltando. Ele não foi mantido porque sentiu uma lesão, porque se não teria jogado.

OP - O Ceará vive uma reformulação no departamento de futebol, você está participando desse processo e como é o contato com o presidente João Paulo Silva?

Vagner Mancini - Eu não viria para o Ceará na Série B se não tivesse um projeto. Se não tivesse sentado com o presidente, escutado as propostas dele e ter abraçado a causa. O Ceará é um time muito grande para estar na Série B. Para isso, você precisa viabilizar alguns processos. Quando cheguei aqui, entre o presidente e o treinador, tinham outras pessoas que saíram. Ficou praticamente eu e ele. Temos muitas conversas, estou muito próximo do presidente, nos falamos com muita frequência, a gente tem tomado decisões juntos.

FORTALEZA, CEARÁ, 21-11-2023: Páginas Azuis entrevista do atual técnico do Ceará, Vagner Mancini. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)     (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, 21-11-2023: Páginas Azuis entrevista do atual técnico do Ceará, Vagner Mancini. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

É lógico que eu sei o meu lugar, não quero mandar no clube, mas tenho procurado ajudar no que tenho visto. Ele é um cara muito bem intencionado, eu tenho certeza que em 2024 ele vai receber elogios. E eu digo isso com muita certeza, porque eu tenho visto ele apanhar muito. É normal, quem está no futebol tem que aprender a apanhar, ser resiliente e ter convicção naquilo que faz. Daqui para o final do ano, muita coisa boa vai acontecer para o Ceará até com a mudança de nome de jogadores. A intenção é a melhor possível, repito: não estaria aqui, se não fosse um projeto que me chamasse atenção. Não gosto de perder nada na vida, principalmente jogo de futebol. O trabalho diário no Ceará tem acontecido em todas as esferas e queremos que 2024 seja um ano de ouro, porque vivi pouco de 2023, mas ouvi muito o que aconteceu e não quero repetir nenhum erro. (Com Horácio Neto e Mateus Moura)

 

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