A chegada de um bebê pode mudar a rotina e até os hábitos alimentares de toda a família. Por isso, neste mês, o Preço Comparado, uma parceria O POVO e o Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza), analisa 20 itens para bebês e crianças encontrados em 13 principais redes de supermercados entre os dias 2 e 15 de maio. A apuração é feita a partir de pesquisa com 100 itens realizada em 36 supermercados.
No segmento de higiene pessoal, o item que apresentou maior variação de preço, de 92%, foi o lenço umedecido Johnson’s. No Super do Povo do Henrique Jorge o produto custa R$ 15,99 e no Cometa da Cidade dos Funcionários o mesmo sai por R$ 30,79, uma diferença de R$ 14,80.
O sabonete Johnson’s 80g é outro produto com grande variação, chegando a 76,6%. No GBarbosa do Edson Queiroz a unidade estava a R$ 5,09 e no Nidobox do Passaré a R$ 8,99.
Em paralelo, o item com menor discrepância é o pacote com 12 unidades de fraldas descartáveis tamanho M Confort sec pants, da Pampers. No Carnaúba do Jangurussu custa R$ 29,99 e no Cometa da Cidade dos Funcionários e no Super Lagoa do Centro, o preço é igual, R$ 38,69. A variação é de 29%.
Na lista de itens de alimentação, o quilo do mamão formosa apresenta a maior variação. No Super Lagoa do Centro, o quilo da fruta estava R$ 2,89 enquanto no Supermercado Pinheiro da Messejana sai por R$ 5,99, uma variação de 107,3%.
Já a variação da maçã nacional é de 100%. Em três supermercados ela custa R$ 9,99 o quilo, no Frangolândia da Varjota, no Mercado Extra do bairro de Fátima e no Super Lagoa do Centro. No Cometa da Cidade dos Funcionários, o mesmo item custa R$ 19,98.
As menores variações de preços estão nas fórmulas infantis. O Nan 1 Comfor de 400g custa R$ 38,99 no Nidobox do Passaré e R$ 43,89 no Guará da Praia da Iracema. A diferença é de 12,6%.
Em maio, o supermercado que apresentou as maiores precificações foi o Guará da Praia de Iracema. Já o Super do Povo do Henrique Jorge ofertou os valores mais baixos durante a pesquisa.
Muito mais que uma questão econômica, a alimentação e a higiene pessoal estão diretamente relacionadas à saúde, ao bem-estar e ao desenvolvimento de bebês e crianças, precisando fazer parte da rotina de pais e cuidadores.
Para a pediatra Isa Schmitt, especialista em aleitamento materno, seletividade alimentar e suplementação infantil, os cuidados devem começar ainda na gestação, com a alimentação e a suplementação da mãe.
Segundo ela, os alimentos e os micronutrientes consumidos pela gestante beneficiam a saúde do bebê não apenas no sentido nutricional, mas também na parte imunológica, cognitiva, de desenvolvimento e intestinal.
Depois do nascimento, o segundo passo é o aleitamento materno. “Porque ele é o alimento mais perfeito e que consegue ter o maior número de nutrientes possível. Então nós encorajamos o aleitamento materno de forma exclusiva até o sexto mês de vida e de forma complementar até os dois anos ou até quando a mãe tiver interesse de amamentar”, explica.
Nessa etapa, além do lado nutricional e imunológico, são levadas em conta também questões afetivas, emocionais e o vínculo entre mãe e bebê. A introdução da fórmula acontece após a análise individual de cada caso.
“Fazemos os ajustes na amamentação, produção materna, avaliações da língua, postura e tensões musculares. A complementação com fórmula ou leite ordenhado deve ser feita apenas se o bebê seguir com perda de peso além do esperado, estiver com diminuição do xixi, sonolência excessiva etc”, descreve.
A partir de 6 meses, é iniciada a introdução alimentar, “que precisa ser levada com muita atenção, tanto pela família quanto pelos profissionais que acompanham as crianças. Por que é a partir desse momento que a criança vai ter o contato com a comida, ela vai entender o prazer de se alimentar”, detalha Isa.
O desafio dessa fase é também encarado pela criança, que até seis meses só tomava leite e, subitamente, precisou ter uma experiência com texturas, sabores e sensações.
Segundo Isa, “é uma exploração sensorial gigantesca que só uma alimentação pode trazer. A criança, vê, cheira, toca, lambe, mastiga… Desenvolve a habilidades através da alimentação.”
Por conta de tantas descobertas, cabe aos adultos respeitar e entender essa nova etapa, que exige tempo, paciência e empatia. O foco precisa ser na qualidade e não na quantidade de alimentos.
“Nós estamos introduzindo a comida para a criança. E aí ela vai desenvolvendo as suas habilidades neuropsíquicas, motoras e sensoriais para, de fato, comer. Por isso a importância de oferecer alimentos coloridos, variados, de preferência livres de agrotóxicos, e começar a organizar o seu sistema imunológico também através da alimentação.”
No primeiro semestre de vida o aleitamento materno é único e exclusivo. No caso dos bebês que, por algum motivo, não conseguiram amamentar, deve ser indicado leite de fórmula específico para cada criança.
Durante a introdução alimentar, evite sal e aposte em temperos naturais para dar mais sabor aos alimentos. Depois de um ano, o sal deve ser utilizado com moderação.
Evite açúcar e alimentos como doces, brigadeiros, bolos, biscoitos, sucos de caixinha entre outros.
Sempre que possível, não ofereça alimentos industrializados, de pacote, de caixinha. A recomendação é para todas as idades e, principalmente, para crianças até dois anos.
O empenho, conforme explica Isa, ajuda a criança a comer bem durante a vida toda. E qualquer sinal de que não esteja dando certo, é preciso acionar o pediatra para reajustes. “O que a gente tem que oferecer pra criança é uma alimentação saudável, que também deve ser a nossa”, complementa.
Já sobre os produtos de higiene pessoal, a pediatra associa o uso à leitura de rótulos, prática adotada também em itens alimentícios. E isso tem um motivo: por serem produtos de uso diário, eles precisam ser “limpos”, sem muito cheiro, parabenos, álcool, nem substâncias nocivas.
“Essas substâncias podem irritar a pele e desenvolver o que a gente chama de puberdade precoce, pois têm disruptores endócrinos, que podem alterar os hormônios e ocasionar a puberdade, com crescimento de pelos em regiões íntimas e axilas, crescimento da mama, crescimento das genitálias antes do previsto”, alerta.
Neste mês, o Preço Comparado ganha uma identidade visual nova, criada com o intuito de associar o projeto à pesquisa de preço e ao consumo consciente.
O projeto Preço Comparado - Supermercados é uma parceria entre O POVO e o Procon Fortaleza. Mensalmente, são analisados 100 itens de 36 supermercados da Capital e gerado um conteúdo exclusivo para os leitores do OP+