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Preço Comparado: almoço em Fortaleza chega ao menor valor histórico do arroz e feijão
Reportagem Seriada

Preço Comparado: almoço em Fortaleza chega ao menor valor histórico do arroz e feijão

Preço Comparado mostra variação de até 220% nos preços de produtos de supermercado, em agosto

Preço Comparado: almoço em Fortaleza chega ao menor valor histórico do arroz e feijão

Preço Comparado mostra variação de até 220% nos preços de produtos de supermercado, em agosto
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Entre os principais itens no prato do fortalezense, o arroz e o feijão chegaram ao menor valor histórico da série analisada pelo projeto Preço Comparado.

A parceria entre O POVO e o Departamento Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Fortaleza) iniciou em janeiro de 2024.

O monitoramento de preços permeia os mesmos 100 produtos essenciais em 36 supermercados da Capital. 

Neste mês, o levantamento foi realizado pelo Procon entre os dias 1º e 14 de agosto de 2025, evidenciando que tanto o arroz branco tipo 1 - Camil 1 kg, custando R$ 5,90, quanto o feijão-carioca - Kicaldo 1 kg, saindo a R$ 6,34, tiveram uma redução importante nas gôndolas.

Pelo levantamento Procon/O POVO, a redução no preço do arroz de 2024 para 2025 chegou a quase 19% e o feijão, a 11% (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Pelo levantamento Procon/O POVO, a redução no preço do arroz de 2024 para 2025 chegou a quase 19% e o feijão, a 11%

Em igual período de 2024, os mesmos itens custavam R$ 7,28 e R$ 7,13, respectivamente. Os números apontam para uma variação de quase -19% no kg do arroz e -11% no kg do feijão.

Olhando apenas para o comportamento da curva de preços no ano de 2025, os dois alimentos têm perspectiva de estabilidade, com o arroz iniciando queda consecutiva desde abril. Já o feijão iniciou a tendência de recuo a partir de maio.

 

Preço arroz - agosto de 2025

 

O economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Érico Veras, disse ao O POVO que a redução no valor do arroz se dá após um longo período de altas, após situação no Rio Grande do Sul.

"Nós tivemos lá atrás um aumento muito grande do preço do arroz, que nós tivemos lá para o Rio Grande do Sul... O arroz está voltando para se acomodar. Como toda commodity, ela pode subir e descer".

 

Preço feijão - agosto de 2025

 

Outros produtos que compõem a alimentação dos cearenses também tiveram certa redução nos preços no ano de 2025, como: a bandeja com 20 ovos brancos médios, que chegou a custar R$ 17,18 em março, e hoje sai por R$ 12,55, menor valor do ano.

O item teve retração de quase 27% entre os meses citados, mas quando observamos agosto de 2024, o índice teve um pequeno aumento de 3,6%.

A análise do Preço Comparado não mostrou apenas produtos que ficaram mais baratos para o consumidor, os números apontam que as carnes bovinas, em um contexto geral, obtiveram aumento relevante nos valores.

 

Preço ovos - bandeja em agosto de 2025

A carne bovina de segunda - lombo com osso 1 kg teve alta 32,6% em comparação a agosto de 2024. Hoje o produto custa em média R$ 29,63 ante R$ 22,34 no ano anterior. O maior valor do kg registrado pela pesquisa foi em dezembro de 2024, quando saiu por R$ 30,26.

A carne bovina - Chã de dentro (coxão mole) 1 kg apresentou o maior valor do recorte histórico do Preço Comparado, chegando a R$ 49,74. O produto teve alta de 27,9%, levando em conta que custou R$ 38,88 em agosto de 2024.

Já o kg da carne bovina - Chã de fora (coxão duro) seguiu a tendência de alta, atingindo índice de crescimento de 27%. O item custa atualmente R$ 45,10, e esteve nas prateleiras a R$ 35,54. O maior patamar do produto foi registrado em maio, atingido R$ 45,15.

 

Preço carnes agosto de 2025

 

Sobre a questão das carnes, Érico comentou que no passado também houve um aumento considerável, e volta a ter estabilidade nos preços. Ele cita que a variação das proteínas acontece pelas precificações variadas praticadas em diferentes marcas ou até mesmo pelo aumento do consumo interno.

O especialista cita a redução nos preços de carne de primeira linha, como: filé, picanha, entre outros. Essa queda foi causada pela questão da diminuição das exportações.

Outro produto que está entre os mais populares e atingiu alta histórica no mês de agosto deste ano foi o kg do pão francês, que está saindo a R$ 19,87. Comparando com agosto de 2024, o valor teve reajuste de 9,4%.

 

 

Escolha do supermercado pode afetar em até 220% no preço de um produto

O Preço Comparado utilizou, como base de análise, o recorte de 20 itens mais consumidos na alimentação básica, entre 13 supermercados na Cidade. Os valores de produtos específicos tiveram grande variação a depender de qual estabelecimento se compra.

A unidade do abacaxi pérola foi o produto que teve maior variação, com taxa de 220%. A fruta teve o menor preço no G Barbosa do bairro Edson Queiroz, saindo por R$ 4,99, enquanto custa R$ 15,99 no Pão de Açúcar da Aldeota.

Para o bolso do consumidor a economia nas compras pode chegar a 68,8%, dependendo do supermercado que se escolhe.

 

Preço pão francês - agosto de 2025

 

Airton Melo, coordenador jurídico do Procon, explicou ao O POVO que a pesquisa tem caráter educativo, para orientar o consumidor a adquirir os produtos com maior economia possível.

Melo citou também os dias promocionais realizados em cada supermercado como alternativa para economizar nas compras.

"A orientação, nesse caso especificamente, é que os consumidores fiquem atentos a esses períodos de promoções para que eles possam adquirir produtos específicos, no caso frutas, verduras e carnes. É durante esse período promocional, na perspectiva de que eles possam obter vantagens adquirindo esses produtos", explicou.

Outros itens que tiveram grande variação acima de 100%, segundo a análise do Preço Comparado, foram: mamão formosa (170,7%), cebola pera (140,6%), tomate (139%), cenoura (133,7%), laranja pera (120,1%) e morango (112,8%).

O quilo do tradicional pão francês, conhecido por alguns como carioquinha, também teve variação acima de 100% a depender do estabelecimento comercial. O menor valor registrado do produto foi encontrado no Frangolândia Supermercados Varjota, por R$ 14,99.

Já o valor mais elevado foi visto no Mercado Extra do bairro de Fátima, por 29,99 o kg. A variação entre os preços chegou a 100,07%, podendo gerar economia de mais de 50% na compra.

O estabelecimento que teve os menores preços praticados em agosto, dentro do recorte do Preço Comparado, foi o Frangolândia Supermercado do bairro Varjota. Ele teve sete, dos 20 itens analisados, mais baratos em suas prateleiras.

Olhando para o supermercado que teve os preços mais altos praticados, o Pão de Açúcar da Aldeota foi o mais recorrente. Ao todo, nove itens estiveram mais caros no local.

 

 

Morango vive alta nos preços devido a crescimento do consumo

Voltando a falar de um produto já citado, que teve grande variação nos preços em supermercados (112,8%), o morango foi destaque.

O produto vive um cenário bem específico, com visibilidade nas redes sociais para uma sobremesa que leva a fruta como item principal, o "morango do amor", os supermercados observaram uma tendência de crescimento no consumo avassalador.

O morango chega a faltar em determinados estabelecimentos, custando caríssimo onde se pode encontrar.

Segundo dados das Centrais de Abastecimento do Estado (Ceasa-CE) de julho, o valor da fruta dobrou no varejo, e chegou a custar mais de R$ 100 uma caixa.

 

Preço Morango - agosto de 2025

 

Nos dados analisados pelo Procon Fortaleza, o cenário analisado se repetiu. A bandeja de 250 gramas atingiu seu maior valor registrado no Preço Comparado, custando R$ 20,91 no mês de agosto.

Em julho, o produto custava em média R$ 15,28, apontando um crescimento de 36,8% em um mês. Em janeiro de 2025, o item custou em média R$ 13,71.

Ante 2024, quando custou R$ 15,36 em agosto, o aumento foi de 36% em um ano.

Ao menos sete dos 13 supermercados do recorte do Preço Comparado de agosto relataram falta do item "morango - 250 g". O Super Portugal na Cidade dos Funcionários foi o estabelecimento com menor preço do produto, saindo por R$ 14,99, enquanto o mais caro foi no Pão de Açúcar da Aldeota, saindo a R$ 31,90.

Érico comentou sobre o aumento no consumo do morango, que gerou crescimento nos preços em 100% em outros estados. Com salto no consumo, os preços foram diretamente impactados. O especialista lembra que o estado do Ceará importa a fruta de outros estados, como: Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

 

 

Cenário nacional aponta redução nos preços de alimentação e bebidas em julho

Segundo dados do boletim mensal do Pacto Contra a Fome, que analisa a inflação alimentar para as famílias brasileiras, o grupo de alimentação e bebidas teve queda de 0,27%. O número é a segunda redução consecutiva nos itens.

A inflação de uma maneira geral segue ritmo moderado de variação, registrando avanço de 0,26% no Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de julho. No acumulado de 12 meses, o índice teve recuo de 5,35% para 5,23%.

Dentro do grupo de alimentos e bebidas, os açúcares e derivados (0,97%), carnes e peixes industrializados (0,43%) e enlatados e conservas (0,36%) foram os que obtiveram maiores altas.

Raízes e legumes (-7,35%), cereais, leguminosas e oleaginosas (-2,68%) e hortaliças e verduras (-1,70%) tiveram maiores recuos nos preços.

Analisando os preços de produtos, separadamente, de julho a junho, alimentos como: abobrinha (46,81%), pepino (43,37%), pimentão (14,33%), mamão (12,40%) e peixe-dourado (7,23%) tiveram as maiores altas analisadas.

Batata-inglesa (-20,27%), maracujá (-17,77%), cebola (-13,26%), manga (-11,08%) e laranja-pera (-6,36%), foram os produtos com maiores quedas nos preços.

Olhando para o contexto geral na alimentação, o Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (Nebin) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), apontou um leve aumento no valor da cesta básica. Analisando por pessoa, a cesta básica ficou por volta de R$ 429.

 

 

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