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Mesmo em período de safra, frutas ficam até 14% mais caras no Ceará
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Reportagem Seriada

Mesmo em período de safra, frutas ficam até 14% mais caras no Ceará

Preço Comparado mostra que algumas frutas de época não apresentaram variação negativa de preços esperada para o período de safra, em novembro

Mesmo em período de safra, frutas ficam até 14% mais caras no Ceará

Preço Comparado mostra que algumas frutas de época não apresentaram variação negativa de preços esperada para o período de safra, em novembro
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Período de auge de safra de algumas culturas de frutas, verduras e legumes, o mês de novembro ainda apresenta casos de produtos de época com preços mais elevados do que o mês passado, conforme levantamento da série analisada pelo projeto Preço Comparado.

 

 

Manga Tommy (1kg), com alta de 14% no último mês, foi a fruta em período de safra com a maior variação. É seguida do morango (250g), com avanço mensal de 11%, da cebola pera (1 kg), que ficou 9% mais cara, além da maça nacional (1 kg), 8% mais cara em relação a um mês atrás.

O levantamento monitora os preços de 100 produtos essenciais em 36 supermercados de Fortaleza. O Preço Comparado é fruto de uma parceria entre O POVO e o Departamento Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Fortaleza), iniciada em janeiro de 2024.

Coordenador jurídico do Procon Fortaleza, Airton Melo entende que, por estarem em período de safra, os produtos deveriam estar com preços menores. Ele reflete que muitas redes realizam promoções em determinados dias da semana, o que pode acabar influenciando nos preços captados.

Esse é um ponto em que o consumidor deve estar atento durante suas pesquisas de compra, recomenda Airton. "Esses períodos promocionais são definidos pelos próprios estabelecimentos, para criar no consumidor uma cultura de aquisição nestes períodos da semana. Por isso, há uma flutuação significativa de preços, mesmo em safra".

Para além do período de safra, o preço da manga tipo Tommy vem em alta desde o início do ano, aponta o levantamento do Procon Fortaleza nos supermercados da Capital.

A variação acumulada entre janeiro e novembro chega a alta de 46% no preço médio do produto nas gôndolas.

 

 

Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa, explica que neste início de safra, os produtos regionais, vindos de outros estados nordestinos, foram os primeiros a chegar.

Para as próximas semanas, devem chegar ao atacado a nova safra da região litorânea do Ceará, de municípios como Pindoretama e Cascavel, assim como do Maciço de Baturité.

"Essas mangas do mercado local devem chegar agora neste fim de ano, com a incidência de chuvas, o que deve impactar positivamente o mercado. O preço ainda está alto, mas a tendência é cair", aponta.

Entre os motivos para o preço alto, Odálio destaca que o Ceará recebe produtos de outros estados, como a Bahia. E, em meio ao período de tarifaço, outras possibilidades de mercado nacional e internacional se abriram, demandando mais produto ao Exterior.

Outro fator que contribui é a diversificação das variedades e a mudança de gosto do consumidor, que tem recebido bem a entrada de novas variedades, como a manga Kate, Palmer e Moscatel. A primeira delas, em particular, "está ganhando mercado por ser grande, bonita e ter um teor de doçura muito acentuado".

Em relação a outras variedades de frutas, alguns casos de quebras de safra também impactou na chegada de produtos na Ceasa. Odálio destaca os casos de problemas na colheita de tangerina, abóbora, graviola, além de hortaliças e do feijão verde produzido no Ceará.

Há ainda os casos de frutas de estação que são impactadas pela sazonalidade das festas de fim de ano, como os casos da maça, morango, pêssego, pera e uvas. O analista da Ceasa ainda destaca outros aumentos de custos que já começaram, como nos preços das castanhas, de caju e do Pará/Brasil, e de folhas e hortaliças, tais quais repolho, cenoura e beterraba.

 

 

Diferença de preços entre supermercados pode variar até 303% para uma mesma cesta de produtos

O levantamento do projeto Preço Comparado, do O POVO com o Procon Fortaleza, aponta que a diferença de preços entre supermercados pode variar até 303% para uma mesma cesta de produtos.

Neste mês de novembro, os consumidores cearenses puderam encontrar produtos idênticos com diferenças de valores de, em média, 92%.

O produto com a maior diferença de preços entre os estabelecimentos analisados pelo Procon Fortaleza foi o molho de tomate tradicional, da marca Fugini, em embalagem de 300 gramas.

O produto custou em média R$ 1,95, mas pode ser encontrado valendo R$ 0,99 na rede de supermercados GBarbosa, como também por R$ 3,99 no Super Mercadinhos São Luiz. Na prática, a diferença entre a melhor e a pior oferta é de R$ 3.

Outro caso capturado pela pesquisa deste mês foi o do detergente líquido, da marca Ypê, em embalagem de 500 ml, com diferença de R$ 6,40, ou 257%.

No apurado de todos os pontos de venda, a média de preço foi R$ 2,99. Mas ele poderia ser encontrado custando R$ 2,49 em oferta nos supermercados Medeiros, Nidobox e São Francisco. Ao passo em que o Mercado Extra comercializava o mesmo produto por R$ 8,89.

O levantamento do projeto Preço Comparado, do O POVO com o Procon Fortaleza, aponta que a diferença de preços entre supermercados pode variar até 303% para uma mesma cesta de produtos(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal O levantamento do projeto Preço Comparado, do O POVO com o Procon Fortaleza, aponta que a diferença de preços entre supermercados pode variar até 303% para uma mesma cesta de produtos

Em relação às frutas, verduras e legumes (FLV), também apareceu nesta parte do levantamento o caso da cebola pera (1kg), custando em média R$ 3,43, mas variando até 254% a depender do estabelecimento.

No Supermercado São Francisco, a melhor oferta, de R$ 1,69, enquanto nos supermercados Cordeiro e Vinte, o produto foi encontrado custando R$ 3,43.

 

 

No ano, arroz, alho e macarrão dão alívio, mas cesta básica pode variar até 25%

A cesta básica de produtos do projeto Preço Comparado, com 20 produtos básicos de consumo dos cearenses, variou até 25% entre o estabelecimento mais barato e o mais caro, em novembro.

Segundo os dados, o ponto de venda com o valor mais em conta dos preços do conjunto de 20 produtos foi o Araripe Supermercados, com uma cesta completa totalizando R$ 476,25.

Já o supermercado mais caro neste recorte foi o Supermercado Pinheiro (Maraponga), totalizando R$ 594,27, uma diferença de cerca de R$ 118.

O Procon Fortaleza destaca ainda que os 20 produtos selecionados na cesta básica - que inclui feijão carioca, arroz branco, macarrão, café, pão, entre outros - foram pesquisados em 36 supermercados de toda Capital entre os dias 3 e 17 de novembro de 2025.

Em 17 deles, todos os produtos estavam disponíveis nas gôndolas. Em 14 supermercados faltou um produto da lista e em cinco estabelecimentos faltaram dois produtos.

A pesquisa ainda organizou uma série anual, com os produtos que mais vêm reduzindo preços ao longo de 2025, com destaque principal para o arroz branco tipo 1 (1kg), da marca Camil, em queda há sete meses. Depois vem o preço do alho (1 kg), em queda há seis meses, e o macarrão espaguete sêmola (400 g), da marca Fortaleza, há quatro meses reduzindo de preço.

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