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Auto Peças Padre Cícero: A trajetória da família que transformou um táxi em empresa
Reportagem Seriada

Auto Peças Padre Cícero: A trajetória da família que transformou um táxi em empresa

| Clicio Pinheiro Machado | Ao lado dos irmãos Charles e Ariosvan responde pela Presidência da empresa que possui 29 lojas espalhadas no Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco
Episódio 13

Auto Peças Padre Cícero: A trajetória da família que transformou um táxi em empresa

| Clicio Pinheiro Machado | Ao lado dos irmãos Charles e Ariosvan responde pela Presidência da empresa que possui 29 lojas espalhadas no Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco
Episódio 13
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A vida difícil que Antonio Clicio Pinheiro Machado percorreu desde a infância não faz com que se apague da memória e do coração o amor e o afeto que seus pais tinham com ele e os irmãos ao longo da infância.

O trabalho conheceu desde cedo, aos cinco anos, ainda em Solonópole, depois Senador Pompeu até chegar à capital cearense. Foi de trabalhador em casa de família, a cuidador de sítio e vacaria até ter sua mercearia, em Fortaleza. Tudo isso sempre sócio dos irmãos, especialmente o Charles.

Hoje, ele, Charles e Ariosvan são os fundadores e sócios da Auto Peças Padre Cícero que surgiu a partir da demanda de Charles, que também trabalhava na praça com táxis, e precisava comprar peças para manutenção dos veículos. 

Charles chegou a fazer sociedade com outra pessoa, quando montou a Padre Cícero, mas logo desfez e se uniu aos irmãos.  

Não se desgrudam e hoje, ao lado dos filhos e sobrinhos, compõem a base familiar do negócios, mas engana-se que basta ter o sobrenome Pinheiro Machado para estar lá, o profissional precisa amar o que faz e ter tino empreendedor.

Dos 77 anos de idade e mais de 70 de profissão de Clicio, 45 anos foram atrás de uma balcão, posição que ele gosta e valoriza demais. Tanto que, atualmente, a Padre Cícero tem uma escola de formação interna dando oportunidade para quem entra lá, começando pelo limpador de chão que pode se tornar um excelente vendedor ou gerente.

Clicio diz que venceu na vida e tem satisfação em gerar empregos tanto no Ceará, como no Piauí, no Rio Grande do Norte e em Pernambuco, locais em que a autopeças atua.

Para o futuro? Além de querer que o sucessor saia da segunda geração da família, quer desacelerar e ir para o Interior, passar mais e bons momentos com os amigos e os familiares e tomar aquele gostoso banho de açude. 

Confira entrevista exclusiva para o O POVO com um dos presidentes da Padre Cícero, empresa no Montese, em Fortaleza, que transformou a avenida Gomes de Matos no corredor comercial que é hoje.

 

 

Conheça os números da empresa 

O POVO – Como foi a primeira fase da sua vida em Solonópole? Como era a relação com seus irmãos e com seus pais?

Clicio Pinheiro Machado – A primeira fase da minha vida foi com muita dificuldade. Brinquei pouco. Papai era muito disciplinado para trabalharmos. Foi uma coisa ruim e boa o que ele fez.

Com cinco e seis anos eu e meus irmãos já estávamos trabalhando. Na época era difícil, mas agora sabemos que foi bom. Também morei na casa de tios e eu trabalhava nessa casa e não ganhava dinheiro nessa época, comia e dormia e tinha a oportunidade de estudar.

Depois fui para Senador Pompeu e aos 16 anos vim para Fortaleza. Aqui, quando ganhamos um dinheirinho, compramos uma casa e mamãe veio. Papai só quatro anos depois.

O POVO – Na infância trabalhavam com o que?

Clicio – Plantando algodão, feijão, arroz... Papai plantava muito e a gente tinha que ajudar ele. Ele gostava de trabalhar e acordava cedo e assim nos viciamos em trabalho também. Ele foi uma faculdade para gente.

Casa da família Pinheiro Machado em Solonópole(Foto: Arquivo Empresa Padre Cícero)
Foto: Arquivo Empresa Padre Cícero Casa da família Pinheiro Machado em Solonópole

O POVO - O que seus passaram para o senhor e para os seus irmãos de mais relevante? E o que o senhor repassou aos filhos?

Clicio – Papai tinha poucos recursos, mas era muito criativo. Ele era quase analfabeto, mas ensinou a gente a ter honestidade, sermos pessoas direitas. Nos ensinou a trabalhar. Dava para perceber que ele queria muito bem a gente.

Tanto o papai como a mamãe queriam muito bem os filhos. Acho que todos os pais querem bem os filhos, mas a mamãe e o papai eram diferentes.

O POVO – Na educação dos seus filhos o que se inspirou nos seus pais?

Clicio – Eu tenho dois filhos e quem acompanhou mais o dia a dia deles foi minha esposa, pois eu foquei muito em trabalhar. Foi até um erro meu, pois eu focava muito e muito no trabalho.

Mas tudo o que eu pude fazer por eles eu fiz e ainda estou fazendo. Dentro dos limites, muitas vezes, quando o filho não presta o culpado não é o filho é o pai que não soube criar.

A gente pode dar tudo para os filhos, mas eu não tive isso, pois minha situação era diferente. Mas eles têm que lutar para conseguir alguma coisa na vida, se não quiserem estudar, pelo menos trabalharem. Aqui na Padre Cícero primeiro veio o Calos e depois veio a menina (Regia).

O POVO - Conte sobre sua adolescência e como chegou a Fortaleza...

Clicio – Eu saí de Solonópole com 13 anos e fui estudar em Senador Pompeu e fui trabalhar numa casa de família. Eu brinco muito que eu era pobre e fiquei rico porque essa família tinha dinheiro. Eu trabalhava muito, cuidava do sítio e da vacaria, mas eles cuidavam direitinho de mim.

Terminei os estudos lá e depois vim para Fortaleza. Eu vim para estudar, mas como a dificuldade era grande não estudei muito. Comecei a trabalhar no comércio, eu gosto muito do comércio e parei os estudos e fui trabalhar, mas tem dado certo e só tenho a agradecer a Deus e a todos.

O POVO E o senhor acha que essa veia empreendedora vem desde pequeno?

Clicio - Vem do sangue. Eu gosto muito de servir, de fazer. Por mim, se eu pudesse, abriria cinco lojas novas todos os anos. Mas estamos abrindo uma hoje, quando dá abre três... A gente fica feliz em gerar empregos.

Cada um tem a sua história eu digo isso nas reuniões com os colaboradores, por isso que nem gosto de contar a minha.

O POVOVocês tinham uma mercearia antes da autopeças e táxis. Quais as lembranças?

Clicio – Isso. Tínhamos a mercearia com os irmãos e começamos a ganhar dinheiro. A gente trabalhava muito e economizava muito. E sempre chamava dinheiro e deu no que deu. Mas fomos crescendo e crescendo, mas sempre com muitas dificuldades. Quando viemos para a autopeças um amigo meu dizia, vem para cá que você não tem que trabalhar de sábado, nem domingo, nem feriado.

Mas com as dificuldades nós trabalhávamos sábados, domingos e feriados. Não gostamos de atrasar pagamentos. E, hoje, se a gente quiser fechar no fim de semana ou feriado, não pode mais, pois temos cliente para atender.

Uma pessoa que a gente respeita muito nessa empresa é o funcionário e o cliente. Essas pessoas temos que ter muito cuidado e muito carinho por eles, porque o cliente quem paga nossa conta e o funcionário é o que faz e acontece.

A Padre Cícero alavancou o comércio no Montese, sendo uma das primeiras a se instalar no bairro(Foto: Arquivo Empresa Padre Cícero)
Foto: Arquivo Empresa Padre Cícero A Padre Cícero alavancou o comércio no Montese, sendo uma das primeiras a se instalar no bairro

O POVO – E como mudaram de ramo e surgiu a Padre Cícero?

Clicio - Ela surgiu por conta dos táxis. Eu e Charles sempre fomos sócios desde crianças. Chales cuidava dos táxis e eu cuidava da mercearia. Na hora do almoço ele parava de rodar e ia ajudar na mercearia. Com o tempo ele colocou umas peças para vender com um sócio fora da família.

Eu tinha vontade de deixar a mercearia por causa de confusão de bebidas. Foi quando ele me convidou para vender tudo lá e vir para cá.

Viemos com muita dificuldade e tivemos muitos problemas, porque o dinheiro era pouco para comprar as coisas, tinham os prazos de pagamento, tem gente que compra a mais, sem poder pagar, mas a gente não gosta. Não fomos criados assim.

O POVO - E como o Ari chegou?

Clicio – Ele era empregado em outra empresa, mas já veio ficar com a gente desde o começo da história.

O POVO – Quais as principais recordações dos anos iniciais na empresa? E o que destaca do aprendizado deste período?

Clicio – Na lembrança, muitas dificuldades e muito trabalho e muito amor pelo que a gente faz. Eu sempre digo que era para nascermos velhos e morremos jovens. Mas temos que começar errando mesmo, errando e acertando.

Por isso que hoje nós temos uma faculdade dentro da Padre Cícero. Treinando, preparando e capacitando as pessoas para elas aprenderem mais rápido e com mais facilidade. Nosso aprendizado foi mais assim errando e acertando, bem diferente, mas eu só tenho a agradecer.

 

 

Conheça o legado familiar: descendentes

Clicio Machado, presidente da Padre Cícero Auto Peças: gestão compartilhada com os irmãos Ari e Charles(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Clicio Machado, presidente da Padre Cícero Auto Peças: gestão compartilhada com os irmãos Ari e Charles

O POVO – Em relação a sua base familiar, quando surgiram os primeiros assuntos de negócios com os filhos? O interesse foi natural? Já pensaram em fazer outras atividades?

Clicio - Todos nós, toda família sempre pensou em vir para cá. Quase toda a família se interessou em vir para cá. Quase todos foi assim. E a minha esposa trabalhou um tempo aqui no balcão e depois foi ser caixa.

Mas trabalhávamos muito juntos e ser casado e trabalhar assim não é bom. Agora ela trabalha vizinho a mim, mas ela no canto dela e eu no meu. Os filhos desde pequenos vieram para cá, deram um trabalhozinho, mas está tudo certo graças a Deus.

O POVO - Como conseguem conciliar as questões familiares e pessoais?

Clicio – Quando estamos juntos fora daqui é quase impossível não falarmos da Padre Cícero. Já chegamos a apostar para ficarmos meia hora sem falar na empresa e quem falasse antes tinha que pagar R$ 50.

Quando mete a mão no bolso aí o cara tem mais cuidado. Mas é quase impossível.

Da esquerda para a direita Ari, Charles e Clicio Pinheiro Machado na loja da Padre Cícero no Montese(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Da esquerda para a direita Ari, Charles e Clicio Pinheiro Machado na loja da Padre Cícero no Montese

O POVO - O que é o melhor em trabalhar junto? E o pior?

Clicio – Eu sempre digo para eles que isso aqui não é nosso, é de Deus. Peço muita união. Tem a divergência e isso é normal, eu e meu irmão trabalhamos juntos desde criança e eu tenho meus pontos e eles os deles. Mas não é porque eu não concordo com ele que vou ficar de raivinha e vice-versa.

Um tem que ouvir o outro e analisar o que é melhor para a empresa. Vamos ter de fazer. Não é para agradar a mim ou a ninguém, primeiro temos que agradar a empresa.

O POVO – Já chegaram a ficar sem se falar por um tempo ou tudo é resolvido na hora?

Clicio – Só um dia. Nunca deu uma semana. Papai e mamãe ensinavam a gente a resolver. Eles davam uma pisa em cada um e mandavam a gente se abraçar.

Já entre os filhos e primos não é igual não. Mas todas as famílias são assim mesmo.

O POVO – Soube que tinham, além da família direta, os agregados...

Clicio – Mas tiramos os agregados devido a confusões que estavam dando. Tinha um projeto até de tirar alguns filhos, mas eles foram ficando.

Foi um erro nosso colocar eles aqui dentro sem se preparar, só porque eram filhos. Eu digo muito a eles que se não gostarem e quiserem colocar um outro negócio tudo bem.

Todos temos que trabalhar num ambiente feliz e alegre. A vida é tão curta. Claro que vamos ter problemas e divergências e uma chateação, mas trabalhar com prazer é fundamental.

Trabalhar alegre e feliz. Eles continuaram e estão melhorando. No comércio tem que ter a união de todos, dos funcionários, dos donos. Todos de mãos dadas com os mesmo foco e objetivo.

O POVO - O senhor disse que adora estar na empresa. Como é a sua rotina ?

Clicio – Chego às 7h e eu não tenho hora para sair. Tem dia que eu cheguei em casa 21h, o mais cedo é 19h30min/20h. Quando tem treinamento eu gosto muito de participar e eu acho que isso é importante, termos uma pessoa da família participando desse treinamento deles e acompanhando eles.

Peço a toda minha família, meus filhos, sobrinhos, que eles precisam se envolver mais para manter o DNA da Padre Cícero. Não adianta se esconder dos problemas, tem que resolver. Não adianta correr com medo que o problema aumenta.

Digo que problema é igual a fogo quando ele é pequeno apagamos com os pés e as mãos, quando ele cresce é mais complicado.

Clicio tem prazer em ir para a empresa todos os dias(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Clicio tem prazer em ir para a empresa todos os dias

O POVO - Quais momentos destacaria nessas décadas da atuação da Padre Cícero?

Clicio - Acho que para mim os piores anos são esses quatro, cinco últimos que estamos nos envolvendo ainda mais e com força. Hoje com a nossa equipe e com a minha família estamos muito focados nesses últimos anos.

A Padre Cícero tem crescido muito. Estamos com o foco total na empresa. E ainda podemos crescer mais 10% a 15%.

O POVO - A empresa deu outra cara ao Montese?

Clicio - Muito. Somos uma das empresas fundadoras aqui e autopeças tinha apenas uma concorrência, antes da Padre Cícero, mas saíram. Poderia até dizer que eram amigos nossos, mas vou dizer a verdade, não confio muito em concorrentes não.

Confio desconfiando um pouquinho, pois, às vezes, a gente faz uns acordos e nunca dá certo. Cada um tem que fazer o seu.

Aqui não temos nada contra concorrentes, para mim é até um animador. Mas o cara abre uma loja, se anima e o cara se acomoda.

Quem tem comércio tem que estar feliz, alegre e trabalhando a todo instante. Hoje, temos cinco lojas no Montese. Ao todo 23 lojas espalhadas pelo Nordeste e cinco atacados.

Quando a Padre Cícero se instalou no Montese, em 1975, havia uma outra empresa de autopeças que saiu logo(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Quando a Padre Cícero se instalou no Montese, em 1975, havia uma outra empresa de autopeças que saiu logo

O POVO – Por que decidiu expandir para outros estados?

Clicio – Foi uma oportunidade. Um cliente lá de Teresina (PI) teve um problema familiar e vendeu a loja para nós. Começamos por Teresina há 12 anos. Hoje, temos cinco lojas lá e um atacado.

Lá é um mercado muito bom para se trabalhar e era muito melhor, pois quando chegamos só tinha a gente. Hoje, já invadiram. Mas sabendo trabalhar pode vir quem vier que dá certo.

O POVO – E como foi para os demais estados?

Clicio – Foram surgindo as oportunidades. Botamos lá (PI) depois em Natal (RN). Aí muitas pessoas quiseram e depois e fomos botar em Recife (PE).

Se Deus quiser vamos para Região do Juazeiro do Norte, terra do Padim (Padre Cícero). O prefeito do Crato está doando um terreno para nós. Vamos colocar um atacado que o mercado é muito grande.

Eu quem costumo viajar mais para as outras lojas, com meu sobrinho, Leandro, e, às vezes, o meu filho. Charles fica mais nas compras e o Ari está mais cansado e cuida das lojas aqui. Não podemos parar.

O POVO – Como avalia, atualmente, o mercado de autopeças no Brasil e no Ceará?

Clicio – É um grande mercado. Apesar de ser muito trabalhoso, hoje as pessoas reclamam de profissionais, por isso temos a escola para ensinar eles, eles fazem carreira aqui mesmo. Muito difícil a gente contratar de fora. Fazendo isso eles vão se interessando mais em aprender.

Entra aqui limpando chão, depois limpa prateleira e depois pode ser um grande vendedor e um grande gerente. É um mercado bom, pois todo carro compra peça.

O POVO – Quais são os diferenciais que o senhor avalia que a Padre Cícero tem?

Clicio – Destaco que é a paixão pelo que se faz. O atendimento ao cliente, o cuidar do cliente e do funcionário com muita qualidade. Isso é muito forte nosso.

O POVO – De que forma a tecnologia e o canal ominichanel vêm contribuindo para os resultados da empresa?

Clicio – Quem não for por esse caminho é perigoso se acabar. Estamos começando a vender pelo Mercado Livre, mas representa muito pouco, menos de 1%. Mas estamos engatinhando sim.

O POVO – O senhor de vez em quando sente vontade de relembrar os velhos tempos e atender no balcão?

Clicio – Atender cliente é bom porque a gente atendendo bem e tendo a mercadoria a venda é certa. Tem que ter um bom atendimento e encantar o cliente.

O cliente é maravilhoso, por mais complicado que eu diga, sem ele nós não somos nada. Muitas vezes já atendi e a pessoa não sabia que eu era o dono. 

Clicio Pinheiro Mota tem 77 anos sendo que 45 foram atrás de balcão, desde a mercearia que teve com os irmão em Fortaleza antes da autopeças(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Clicio Pinheiro Mota tem 77 anos sendo que 45 foram atrás de balcão, desde a mercearia que teve com os irmão em Fortaleza antes da autopeças

Eu deixei o balcão porque eu tinha que tomar conta de outras coisas também. Entre a budega e a Padre Cícero foram 45 anos que trabalhei em balcão.

Sempre digo que eu mandava no meu cliente. Eu adorava atender mulher porque coloca promoção e descontos, apesar que o bom atendimento é mais importante que o preço. Tenho saudades, mas ensino direto aos nossos colaboradores.

É bom... Atender pessoas é a minha vida!

O POVO – Como a empresa encerrou 2022?

Clicio – Tivemos um pequeno aquecimento, entre 10% a 12%. Apesar das dificuldades esperava mais um pouco, mas o que veio está bom demais.

O POVO – Qual o carro-chefe da empresa hoje?

Clicio - O que mais vendemos são suspensões e o freio. Atualmente, temos muito mais de 200 mil itens em loja para atender da moto ao fusquinha e ao caminhão.

Além de ar-condicionado e tintas também. Só não vendemos pneus de carro, mas esse ano estamos com vontade de colocar. Visitarei uma feira em São Paulo para ver se consigo uma fábrica.

Nossa maior venda hoje é para automóveis, que representa 60%, depois a linha pesada com 30%. Peças para motos estamos tentando fazer um trabalho mais forte agora.

O POVO – E as praças têm quais representatividades?

Clicio – As lojas do Ceará representam 65% dos negócios; depois Teresina; Natal e Recife entramos há pouco mais de três meses, mas está indo muito bem.

Cada loja trem mais de 200 mil itens para venda da moto ao caminhão, passando pelo fusquinha(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Cada loja trem mais de 200 mil itens para venda da moto ao caminhão, passando pelo fusquinha

O POVO – Qual a expectativa e planos para este ano e os próximos?

Clicio – Além de introduzir pneu de carros no nosso portfólio temos vontade de introduzir ferramentas, elevadores. Como já temos clientes cadastrados, fica mais fácil a comercialização. Acho que esse ano já dá para aumentar o portfólio.

A expansão é certeza para esse ano. Crato deve ser no segundo semestre, pois ainda temos que construir o prédio próprio. A maioria é próprio, são uns três ou quatro alugados só.

Me convidam para abrir a Padre Cícero em todo canto (risos) Petrolina, João Pessoa e São Luís. São Luís chama demais já fui lá uma vez e já pensei em colocar uma “budega” lá.

Mas está tudo em análise, pois até hoje, graças a Deus, onde colocamos lojas tivemos resultados. No dia 20 de março abrimos uma loja da linha pesada em Teresina. Hoje, o investimento em prédio próprio é de R$ 10 milhões e atacadão é de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões.

O POVO – Quais os planos de vida pessoal e profissional? Já pensam em sucessão com membros das novas gerações na empresa?

Clicio – Estamos lutando para que tenha essa sucessão dentro da família, um ou dois, para que eles tomem conta da empresa.

Eu não vou deixar de trabalhar, mas tanto eu como os meus irmãos estamos na hora de dar uma maneirada. Vamos procurar na família se algum deles querem substituir a gente, mas se não tiver a gente vê fora.

Na parte pessoal eu quero ir mais para o Interior, tomar banho de açude, andar a cavalo, ficar mais tempo por lá. Passar mais dias com meus amigos e familiares assim. Não penso em viajar para fora do Brasil não. Estado do Ceará está bom demais.

O POVO – Qual o legado que a Padre Cícero deixa dentro da família Pinheiro Machado?

Clicio – Na família está todo mundo envolvido e desejo que eles se apaixonem mais pelo que fazem. E se aproximem de todos os setores.

Empreendam mais para essa empresa dar continuidade, porque eu sempre digo para o Charles, temos o compromisso de enquanto estivermos vivos e dentro da empresa ela estará bem de vida.

Eu fico muito triste quando eu vejo empresas falindo pela administração familiar. Família é muito bom, mas tem horas que a família prejudica a empresa, principalmente quando a pessoa não toma atitude para resolver algum problema.

Família para mim eu considero da calçada para fora. Aqui dentro todo mundo é funcionário, todo mundo tem que respeitar esse trabalho que todos nós fizemos. Aí vem um um filho ou um sobrinho para desfazer? Não... Você vai brincar lá fora. Aqui não é brincadeira não.

O POVO - E para a economia cearense nesses 48 anos?

Clicio – Muitos empregos, temos 1.800 empregados. Acho que a gente contribui bem, trabalhando totalmente de forma correta, pagamento dos impostos.

Todo mundo crescer junto que é importante. Eu gosto muito de empregar as pessoas, quando é para tirar eu tenho dificuldade, eu nem participo.

 

 

Linha do tempo

 

 

Bastidores

 

 

Projeto Legados

Essa entrevista exclusiva com o sócio da Auto Peças Padre Cícero para O POVO dá continuidade à segunda temporada do projeto Legados: A tradição familiar como pilar dos negócios.

Serão nove entrevistas com grandes empresários para contar a base que sustenta seus princípios, valores e tradições familiares que estão sendo passados para as novas gerações. E, ainda, o legado empresarial para o Ceará.

No próximo episódio, conheça a história de superação do atual proprietário da Sorvetes Frosty, Edgar Sengatini Júnior, que deixou o interior de São Paulo para desbravar os negócios no Ceará.

 

 

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