De vendedor de paletós a grande empresário do ramo de material elétrico do Nordeste. Ao longo dessa trajetória de vida comercial, Carlos Mendonça, fundador da Carmehil, contou com o apoio de sua esposa, na época noiva, Vilma.
Foi ela quem o ajudou a construir tudo que têm hoje e, depois, com os três filhos que também decidiram se dedicar aos negócios da família – Jean, Filipe e João Pedro.
Mas engana-se quem acha que a gratidão do Carlos, aos 57 anos, se resume aos quatro. A lista de apoiadores tanto da família, como dos amigos é longa e extensa, mas uma pessoa tem lugar especial, a irmã Edileuza.
Ela e outra irmã, Evaneuza, do fundador da Carmehil, foram as primeiras a deixarem Canindé em busca do sonho de vencer na capital cearense.
A dica do primeiro emprego foi dela também no escritório de representação; depois veio o trabalho de vendedor na Ocapana, também indicado por ela, e por último um convite para vender material elétrico, pouco antes de se tornar empresário.
Para ele, que teve uma irmã-madrinha outro fator é preponderante: o destino. Muitos acontecimentos credita a ele, como conhecer a esposa aqui em Fortaleza, mesmo ela também sendo natural de Canindé e seus pais serem conhecidos, como tudo que tem hoje.
Mas coragem e determinação foram outros dois fatores que, somado ao destino, contribuíram para onde está hoje, lugar que sempre vislumbrou. Empreendeu aos 25 anos, em 1991, após a empresa de material elétrico em que trabalhava fechar.
Convidou o ex-gerente para sócio, mas sua recusa não desaminou Carlos, que chamou a noiva para auxiliar nos negócios. Um ano depois estavam casados, depois de um ano veio o primeiro filho e assim foi até terem três.
Hoje, sente-se completo com cada um deles se dedicando a uma área e podendo oferecer uma empresa diferente para o mercado local e regional que oferece não apenas produtos, que não são poucos, são 15 mil no portfólio, mas soluções completas na área elétrica.
Para isso, foi necessário ampliar. Em 2022, a fábrica já operava em Caucaia com 50% da sua capacidade, com produção anual de 700 toneladas de aço processado. Carlos sabe que pode e quer mais. Depois de aumentar seu faturamento no Ceará e Nordeste está no Sudeste.
Ao O POVO conta da vida simples em Canindé, dos valores que traz dos pais e que transpassa aos filhos e do dia a dia nos negócios.
O POVO – Quais suas primeiras recordações de vida em Canindé?
Carlos Mendonça – Eu brincava bastante com os amigos, tomava banho nos açudes. Eu tinha o sonho de comprar uma bicicleta e consegui, foi uma felicidade enorme poder ter uma bicicleta. Nessa época éramos quatro irmãos, era o mais novo, pois o que nasceu por último faleceu.
Hoje, somos 10, sete homens e três mulheres. Gostava muito de jogar bola, jogava futebol de salão, jogava no gol. Participei de um clube de jovens e eu sempre falo do privilégio de ter boas amizades na vida.
Com essas boas amizades aprendi muita coisa. E acho que foi um dos fatores que fizeram com que eu me diferenciasse e sempre fosse pelo caminho correto.
O POVO – O senhor começou a trabalhar cedo?
Carlos - Com 13 anos eu já trabalhava com meu tio em uma serraria. Foi o primeiro trabalho ganhando alguma coisa. Eu já gostava de trabalhar e de fazer alguma coisa.
O POVO – Como era a relação com seus pais e o que de mais marcante aprendeu com eles?
Carlos – Nessa época que a gente morava lá em Canindé a relação com meu pai e com a minha mãe era boa.
O que eu aprendi muito com eles na época também foi a escutar os conselhos deles que levo até hoje comigo, principalmente a mamãe. Quando falava alguma coisa a gente ficava ali pensando... Hoje a gente sabe que o que ela falou lá atrás realmente tinha sentido.
Ela sempre falava o seguinte: 'Tenha cuidado, cuidado com suas amizades com quem você anda'. Insistia muito para a gente estudar. Ela sempre batia na tecla. Foi uma fase de muito aprendizado com relação a isso.
O POVO – Com 15 anos o senhor veio para Fortaleza. Por quê?
Carlos – Eu tinha uma irmã, Evaneusa, que já morava aqui. Tinha outra irmã também, a Edileuza. E uma época a Evaneusa resolveu trazer toda a família, aí a gente veio para Fortaleza.
Com meus 15 anos terminei a parte do meu segundo grau aqui e comecei a trabalhar em um escritório de representação. Também foi uma escola.
O POVO – Antes de abrir a Carmehil trabalhou como vendedor em diversos segmentos até chegar ao de material elétrico. Comente essas experiências...
Carlos – Quando eu cheguei aqui em Fortaleza, a minha irmã, Edileuza, já trabalhava em um banco e ela conseguiu emprego para mim de contínuo no escritório de representações.
Hoje ainda tenho um bom relacionamento com os filhos do dono, apesar dele ter já falecido, para mim foi um foi uma base de orientação, de educação, de conhecimento muito importante.
Ele cobrava muito sobre estudo e conhecimento. Nesse escritório eu passei cinco anos trabalhando com eles. É tanto que na época que ele fechou o escritório e me demitiu e eu comecei a chorar e não sabia o que fazer, mas aí apareceu novamente a minha irmã no cenário e arranjou emprego para mim na Ocapana.
Foi aonde realmente eu comecei a ganhar mais conhecimento e estar numa vitrine de uma grande empresa. Tinha praticamente 10 lojas no Nordeste, foi quando a coisa começou. Às vezes, as pessoas pedem para contar como foi essa história, que foi legal, apesar de ter sido só um ano.
Quando entrei na Ocapana tinham muitos vendedores e alguns com mais de 15 anos em vendas. Eu passei três meses em fase de experiência e depois eu comecei a trabalhar na área de vendas. Minha primeira experiência na área de venda foi lá e foi a maior dificuldade, porque eu não tinha conhecimento como vender um paletó, como colocar um paletó no tamanho adequado do seu cliente.
Mas aí com o tempo fui aprendendo e fui pegando conhecimento. O que me marcou mais era que tinham muitos vendedores com 10, 15 anos e no primeiro mês eu tirei o terceiro lugar de vendas. Começou a ter um burburinho dentro da loja e eu comecei a aparecer.
O POVO – Como foi a partir daí?
Carlos - No segundo mês tirei praticamente o segundo lugar de vendas e o grande pulo do gato foi em janeiro. Janeiro é o pior mês para se vender roupa, porque o pessoal compra tudo em dezembro. Janeiro você tem que vender o saldão que ficou de promoção. E nessa época fizeram uma promoção de paletó.
Tinha um banco em frente à loja e entrou um gerente lá e ele comprou uma gravata. Nessa gravata eu fui e vendi paletó, depois, pois fui no banco, levei os paletós e acabei vendendo para ele, para os amigos dele do banco, o diretor do banco.
Nessa caminhada toda fui pedindo para ele me indicar alguns clientes de outras agências. Para ter ideia, naquela época, se o paletó de marca custava R$ 500 estava saindo por R$ 200. Lá vendia só roupa de grife. Nessa brincadeira eu vendi quase todos os paletós do estoque da loja.
O POVO – Como se deparou com o segmento de materiais elétricos?
Carlos - A experiência na Ocapana foi um fator predeterminante, pois lá conheci a pessoa que me convidou para levar para o segmento de material elétrico. A pessoa me fez o convite e eu fui. Na época, a proposta era interessante.
Não foi fácil, porque nessa época eu não conhecia essa parte de material, mas fui aprendendo, fui estudando. Passei cinco anos nessa empresa na parte de material elétrico. Depois a empresa começou a ter uns problemas, umas dificuldades e veio a ideia de montar um negócio.
O POVO – Isso o motivou a fundar a Carmehil com a Vilma Mendonça, em 1991, no Centro?
Carlos – A ideia de montar a minha empresa foi exatamente nesse momento. Aí foi novamente onde a minha irmã entrou, ela tinha um amigo dono de um imóvel na Barão do Rio Branco, onde tudo nasceu.
Esse amigo dela disse: 'Vai para lá e daqui quatro meses você começa a me pagar o aluguel'. E aí eu já fui. Também chamei um gerente que trabalhava na outra empresa comigo para entrar como sócio do negócio, mas ele não quis. Eu fui sozinho.
Fui, comecei a montar, meu irmão também me ajudou e fazia as entregas. Eu fazia a venda, eu comprava, eu pagava, aí foi quando surgiu uma nova ideia. Eu namorava com a Vilma (hoje esposa) e a convidei para ela tomar conta da parte financeira. Na época, ela trabalhava no jornal O POVO.
Ela veio e foi quando eu comecei a ficar mais à vontade para trabalhar na área de vendas. Foi um ano muito difícil. Ela do emprego veio praticamente um ano, depois a gente se casou. Aí teve o primeiro filho, que foi o Jean, conciliar essas duas coisas não foi fácil.
Uns dois anos depois houve uma mudança de governo e nessa mudança a inflação caiu aí foi como a gente começou a melhorar a saúde financeira, começamos a contratar outras pessoas para poder melhorar o atendimento. Uns três anos depois a gente conseguiu comprar o imóvel na Bezerra de Menezes que é onde a gente está hoje.
Assim fomos contratando mais gente, fomos crescendo, fomos aumentando o quadro de funcionários. Foi muito importante quando a gente veio para cá, que já deu outra visibilidade, um espaço maior, uma estrutura melhor, mais fornecedores e passou uma credibilidade maior.
Foi muito trabalho, muita persistência, e resiliência.
O POVO – Imaginou chegar onde chegou? Quais os sonhos no início de tudo?
Carlos - Eu sempre vislumbrei isso aqui (referindo-se ao tamanho e dimensão da empresa). Ter essa estrutura, trabalhar com grandes marcas, acho que era um grande sonho naquela época, pois tinham poucas empresas. Esse era um sonho que eu sempre vislumbrava.
Na época era mais fácil abrir uma empresa e trabalhar comprando de um determinado atacadista e repassando. Mas a grande dificuldade é que eu não tinha capital. Mas na época eu tinha duas linhas de telefones 225, que valia muito dinheiro, um carro que vendi e comprei um para fazer entregas da loja e comecei a trabalhar para fazer capital de giro.
Mas era muito difícil porque a inflação era de 45%. Você vendia, levava para o banco e ele comia 45% da sua venda. Isso era uma grande dificuldade que a gente enxergava naquela época.
Filhos: Filipe, João Pedro e jean
O POVO - Como foi a entrada dos filhos nos negócios Jean Mendonça (diretor de Operações); Filipe Mendonça (diretor industrial); e João Pedro Mendonça (estudante de Arquitetura)?
Carlos - Foi de uma forma bem natural uma coisa que eu sempre falava que se algum deles não quisesse estar dentro do negócio era melhor seguir o caminho deles.
Mas graças a Deus todos eles começaram a trabalhar muito cedo. Na época que eles tinham férias eles viam para cá para dentro da empresa e a gente dava algumas funções para eles. Tínhamos um grande problema que eram os canhotos das notas fiscais, então um separava e o outro colava.
Através disso eles foram se engajando, foram gostando. Primeiro veio o Jean, depois o Filipe. Quando eles entraram oficialmente, o Jean começou cuidando da parte de TI gerenciando o pessoal da TI e da reforma, mas na parte de operação que era uma coisa que eu me envolvia muito e eu também saí um pouco, fiquei cuidando da área comercial.
Em 2003 surgiu a ideia de entrarmos na área de montagem de painel. As coisas foram ganhando uma proporção. Aí foi quando surgiu a ideia da gente comprar um imóvel aqui na outra rua e foi onde começou a indústria.
O POVO - Filipe entra nesse momento?
Carlos - Sim. Ele terminou os estudos e fez mecatrônica e o Jean fez engenharia elétrica. Eram coisas que eles queriam fazer e era dentro do negócio que a gente estava querendo. Todos eles buscaram uma profissionalização dentro do negócio e para a gente foi fundamental e de grande importância hoje para que a gente consiga dar continuidade ao negócio.
Quando foi em 2013 nós abrimos a filial na avenida Antônio Sales e começamos a ir para o segmento de iluminação e outro de rede de dados. E aí foi quando surgiu também a ideia do João Pedro nos negócios.
Na realidade ele queria fazer Engenharia Elétrica, mas depois resolveu fazer Arquitetura.
É bom pois é outro que já pode tomar conta de setor. Tanto que há uns dois anos ele começou a ir mais e participar e a gente percebeu que ele realmente era aquilo que ele queria.
O POVO - O senhor chegou a concluir algum curso de graduação?
Carlos - Não, não. Quando me perguntam eu respondo que a minha formação é a vida. Ela nos ensina, ela nos dá esse direcionamento, mas também através de muitas amizades boas também. A gente trilha um caminho bom de buscar, um aprendizado e esse conhecimento.
Isso é uma coisa que eu aprendo muito todo dia, eu sempre falo para os meus vendedores. Cara, escuta o cliente, pergunta o cliente, questiona o cliente para vocês saberem como lidar.
O POVO - O senhor gostava de atender?
Carlos – Até hoje eu atendo. O cliente chega aí, eu atendo. E não imaginam que sou o dono, me perguntam se sou o gerente eu digo que sim. (risos)
Se eu falar que sou o dono, muitas vezes não passam as verdades. Quando você se identifica com o gerente, o cara fica mais à vontade para fazer as críticas.
O POVO – Com os cinco integrantes da família nos negócios como conseguem conciliar as dinâmicas pessoais e empresariais?
Carlos - A coisa que a gente vem sempre aprendendo nessa caminhada já de 32 anos é que a gente tenta o máximo possível discutir os problemas da empresa aqui dentro da empresa e não levar para casa.
Até por uma questão, às vezes, de tempo, que você está ali reunido, às vezes, a gente fala alguma coisa em casa, mas é muito pouco. Em casa a gente tenta almoçar juntos, tomar café da manhã juntos e conversar outros assuntos.
O POVO – Como fica a diferença de gerações no dia a dia de trabalho?
Carlos - É natural que as pessoas pensem diferente, pois a cabeça pensa diferente. Eles são mais detalhistas. A gente, na minha idade, tem as questões de empreender e quer que as coisas aconteçam de forma mais rápida e aí eles gostam mais de ser mais detalhista.
Não fazem as coisas com imediatismo e a gente já se atira, já quer fazer a coisa acontecer. Eles querem um projeto para ver se vai dar certo, querem um planejamento e isso faz com que a gente comece a enxergar que realmente, às vezes, é preciso se planejar.
A gente montar uma estratégia de como fazer aquilo. É tanto que hoje muitas reformas dentro da empresa, a gente faz um projeto, discute, vê quanto será o investimento, mas sempre tem os atritos, não deixa de ter.
Porque eles pensam diferente, a gente já tem um pensamento mais rápido para analisar. A experiência gera essa segurança, assim como o feeling. Jean passou um tempo na Alemanha e é um diferencial na vida e quando voltou realmente ele tinha adquirido um conhecimento muito bom.
O POVO - Como é a rotina atual familiar?
Carlos - A gente tenta sempre estar juntos. No almoço, jantar e nos aniversários dos meninos. A gente sempre se reúne mais família. Isso é muito importante para todos nós. Queremos estar sempre perto para entendermos quais são as dificuldades deles.
Eu sempre digo que o Jean é meu freio. Ele freia muito das coisas que às vezes quero fazer e ele diz: 'Não é assim, não, vamos fazer assim'. E a gente acaba em algumas situações de nos desentendermos, mas ao mesmo tempo a gente percebe que tem sentido, tem razão, então a gente chega num acordo que os dois saiam ganhando.
O POVO - Como o senhor avalia o mercado elétrico Ceará?
Carlos - Falando do mercado do Ceará em termo de oportunidades é um mercado que está em grande crescimento e tem uma grande probabilidade a partir do segundo semestre do cenário mudar para melhor. Porque ainda estamos vivendo muitas incertezas com insegurança em relação aos investimentos.
Mas podemos dizer, hoje, que o Ceará, no Nordeste, é a bola da vez em termos de negócios. Existe aí um gap de muitos projetos ainda. Somente do segmento eólica, das energias renováveis. Existem muitos projetos grandes e isso tem muito a ver com o nosso negócio.
Não temos não apenas as soluções para todo esse segmento, vamos dizer assim, complemento de infraestrutura, parte elétrica, e os painéis.
O POVO – Quais os gargalos do setor?
Carlos – É o material humano. Mão de obra é capacitada, qualificada. A gente tem que formar, treinar. É o nosso grande problema hoje, mão de obra formada, qualificada e com conhecimento.
O POVO – Quais os diferenciais da Carmehil no mercado?
Carlos - Nosso grande diferencial é ter soluções completas. Você quer a parte elétrica? Temos. Os painéis? Nós temos. Se quer infraestrutura temos. São poucas as empresas hoje que têm uma estrutura como a nossa no Norte e Nordeste que tem essa solução.
O POVO – Como a empresa pesquisa e lança novos produtos? Como é dividido o portfólio atual?
Carlos - Falando hoje da segmentação de negócios, nós temos três unidades. Que são a parte da loja, que é a distribuição, onde a gente tem toda a parte de material elétrico, envolvendo não só a parte elétrica, como a parte de automação.
Tem a loja da Bezerra (de Menezes) e a loja conceito da Antônio Sales, mais voltada ao mercado local da Aldeota. Essa loja foi um grande acerto.
E temos a fábrica onde a gente hoje faz toda a parte de bandejamento que envolve a parte eletrocalhas, leitos, acessórios, painéis de média e de baixa tensão. A gente não só fábrica toda a infraestrutura do painel como também monta toda a parte da automação do painel.
É engraçado que as pessoas às vezes se surpreendem quando a gente mostra que temos a solução completa.
O POVO - Como empresa fechou 2022 nos negócios?
Carlos – O ano de 2022 foi muito atípico pela saída da pandemia. Já 2021 foi muito bom. Em 2022 em termos de crescimento não foi o esperado, mas teve um crescimento razoável de média de 12%. A nossa projeção era muito maior, mas estamos trabalhando esse ano para recuperar.
Foi o ano que fizemos a expansão e remodelamos toda a loja da Antônio Sales. Saímos de uma área de 400 m² para uma de 1.200 m². E tivemos a mudança da fábrica, que era em Fortaleza, que saímos de 2.500 m² para 11 mil m², na Caucaia.
O POVO - Qual a expectativa e planos para este ano?
Carlos – A curto prazo precisamos fazer a fábrica rodar 100%. Hoje estamos rodando-a com 50%. A previsão é que até o fim de 2023 a gente alcance os 100%.
O POVO – Qual foi o investimento?
Carlos - O investimento na nova fábrica foi de R$ 40 milhões.
O POVO – São quantos clientes ativos atualmente?
Carlos – Cerca de 20 mil.
O POVO – E os planos a médio longo prazo?
Carlos – A gente está planejando buscar esse mercado novo em todo o Norte Nordeste. Buscar clientes no Pará que tem um grande potencial que tem parado.
Mas hoje o estado do Ceará é a minha prioridade. Se eu aumentar o faturamento em 30% será uma maravilha. Depois em vendas tenho o Rio Grande do Norte e o Pará são mercados muito carentes de soluções.
O POVO - Onde a Carmehil ainda não chegou e quer chegar?
Carlos – A gente já é bem conhecido hoje no Brasil. Mas eu posso ser um pouco audacioso em dizer que a gente não está muito longe de buscar outros mercados no Sul e no Sudeste. São Paulo e Minas Gerais. É um mercado fácil, paga pela credibilidade, pela confiança e pelo que você entrega.
O POVO - Quais os planos de vida pessoal e profissional para os próximos anos? Sua mãe já pensou em sucessão familiar?
Carlos – Acredito que no próximo ano vão vir os netos. É um grande desejo nosso, meu e da Vilma. Dizem que quando você tem neto é como ter o filho novamente. Aquilo que talvez a gente deixou e dar a um filho, um carinho ou um amor a mais, pode se dar ao neto.
Os netos são outros filhos. Isso é a prioridade, de ter essa continuidade da nossa família. Na parte profissional eu sempre acho difícil me aposentar, mas me afastar um pouco da gestão da empresa é o plano.
Ir para um conselho e assessoria junto aos meninos. A sucessão vai ocorrer naturalmente daqui um certo tempo até pelo fato deles estarem mais preparados e conhecedores do negócio.
O POVO - Qual legado que o senhor deixa para sua família e filhos?
Carlos – É poder ajudar a nossa família e os amigos que temos. Principalmente a família. Apesar deu ser o mais novo da família eu me sinto grato deles terem contribuído para eu chegar aonde cheguei. Me ajudaram muito.
E o grande legado que posso estar deixando para todos e estar ajudando os familiares e amigos. Jamais posso dizer que consegui isso sozinho. Tive a ajuda de muitas pessoas.
O POVO - Qual legado que a empresa traz para a economia cearense?
Carlos – É engraçado esse legado que a gente pode deixar para a economia do Estado, pois hoje eu me sinto responsável, não só responsável, por estar trazendo qualificação profissional para as pessoas na área de materiais elétricos, como instaladores, mas para economia toda do Ceará.
Ser referência no Estado é muito importante de ter essa capacidade de empreender, inovar e acreditar que isso acontece só em outros estados, mas que aqui também acontece.
Falo que nossos colaboradores são muito visados pelo mercado pois eles são qualificados, bem remunerados e bem tratados e isso é um fator muito importante da nossa empresa. São eles que fazem com que as coisas aconteçam na nossa empresa.
O entrevistado optou por tudo ser na empresa e logo na chegada ao escritório a equipe do O POVO se deparou com um lindo painel assinado pelo colega Carlus Campos. A belíssima mesa do café da manhã teve as mão da esposa e fundadora da empresa Vilma Mendonça que preparou tudo com muito capricho.
As salas de reunião todas tem nomes de cidades do Interior do Ceará. A que gravamos o café em família chama Canindé. Quadros e imagens de São Francisco ficam espalhadas por todo o ambiente e dão o tom de fé ao local.
Por muitas vezes Carlos Mendonça citou a palavra destino tanto para falar do encontro com a esposa Vilma em Fortaleza, pois ambos são nascidos em Canindé, os pais se conheciam, mas eles não, como na vida profissional e o que o destino o reservou.
Essa entrevista exclusiva com o fundador da Carmehil, Carlos Mendonça, para O POVO dá continuidade a segunda temporada do projeto Legados: A tradição familiar como pilar dos negócios.
Serão nove entrevistas na segunda temporada com grandes empresários para contar a base que sustenta seus princípios, valores e tradições familiares que estão sendo passados para as novas gerações. E, ainda, o legado empresarial para o Ceará.
No próximo e último episódio, conheça a história da Noélia Doces e Salgados contada pelo filho da dona Noélia, Yuri Fontenelle, que concedeu entrevista ao O POVO.
Uma série de entrevistas especiais com grandes empresários que deixam legados para a sociedade e a economia do Ceará