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Lanlink: Desde 1865 no Ceará, família francesa perpetua negócios no Estado
Reportagem Seriada

Lanlink: Desde 1865 no Ceará, família francesa perpetua negócios no Estado

| Charles Boris | O pioneirismo dos antepassados franceses na importação e exportação no Ceará sobrevive, agora, de olho na inteligência artificial, no metaverso e no futuro tecnológico
Episódio 21

Lanlink: Desde 1865 no Ceará, família francesa perpetua negócios no Estado

| Charles Boris | O pioneirismo dos antepassados franceses na importação e exportação no Ceará sobrevive, agora, de olho na inteligência artificial, no metaverso e no futuro tecnológico
Episódio 21
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Uma família francesa que desembarcou no Ceará em 1865 e já se perpetua no Estado em sua quinta geração e em diferentes negócios.

O sangue e suor da família Boris, a original, passaram por parte de grandes transformações do mundo nos últimos séculos.

Charles Boris, que nasceu em terra alencarina, é o quarto na linha do clã, e mescla raízes francesas com judaicas e cearenses ao ser empreendedor no ramo de Tecnologia da Informação (TI).

Diferentemente dos antepassados, que se destacaram no comércio, ele comanda uma empresa com foco, neste momento, em inteligência artificial, segurança de dados e armazenamento de informações em nuvens, entre outras inovações. 

Na verdade, nem o próprio Charles sabia no que ia dar, quando fundou a Lanlink, há 35 anos, com os colegas de faculdade de Ciência da Computação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), incluindo Cristina, que veio a ser sua esposa; e os amigos Lourdes Sudário e Alexandre Mota. 

A Família Boris possui um prédio na Praia de Iracema, desde o século passado, onde os acentrais de Charles Boris acompanhavam  o vai e vem das embarcações (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES A Família Boris possui um prédio na Praia de Iracema, desde o século passado, onde os acentrais de Charles Boris acompanhavam o vai e vem das embarcações

Das reuniões na varanda da casa da mãe do Charles, Maria do Socorro, muito mudou na tecnologia. Modelos, tamanhos e pesos dos computadores, notebooks e afins ao próprio boom da internet nos anos 2000, que revolucionou a forma da sociedade se relacionar.

E vem mais coisas por aí, segundo o fundador da Lanlink, que acredita em uma nova revolução com a introdução da inteligência artificial nas relações pessoais e empresariais. 

Porém, na vida do Charles o que não muda é a paixão pelas suas origens e seus valores. Herdou dos antepassados o espírito de desbravar novos caminhos.

Composição inicial da Lanlink com os sócios Alexandre Mota, Cristina Boris, Charles Boris, Lourdes Sudário e François-Claude Boris, pai do Charles(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Composição inicial da Lanlink com os sócios Alexandre Mota, Cristina Boris, Charles Boris, Lourdes Sudário e François-Claude Boris, pai do Charles

Lá atrás, seus parentes mudaram a relação do Ceará com a Europa e introduziram a importação de produtos de gêneros e moda francesa na sociedade de Fortaleza, Sobral e Aracati.

E, depois, a exportação de artigos locais como o algodão, semente de oiticica, café e outros itens, tudo a partir de um dos primeiros prédios construídos na Praia de Iracema, atual sede da Lanlink.

Na construção, que preserva piso e escadaria originais, há uma torre onde os antepassados da família Boris checavam o vai e vem das embarcações. Hoje, o espaço serve para contemplar a paisagem da nova Fortaleza.

Ambiente da Lanlink nos anos iniciais de atividades, quando os equipamentos de tecnologia ainda tnham outros formatos(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Ambiente da Lanlink nos anos iniciais de atividades, quando os equipamentos de tecnologia ainda tnham outros formatos

Além dos registros materiais históricos que guarda, Charles traz consigo o forte vínculo de família, que aprendeu com os pais e vivenciou com as irmãs gêmeas, Roberta e Alexandra. A herança foi repassada à esposa e aos três filhos Georges, Natália e François, juntamente com valores como trabalho, integridade e educação.

Profissionalmente, os três seguiram caminhos distintos dos pais, mas compartilham do gosto por tecnologia e os seus benefícios e utilizam dos aprendizados tecnológicos durante as reuniões familiares em suas próprias carreiras. Confira detalhes do bate-papo com o fundador e presidente do grupo Lanlink, Charles Boris. 

 

Conheça os números da empresa

 

Família Boris, Natália, Charles, Cristina e Georges(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Família Boris, Natália, Charles, Cristina e Georges

O POVO - A sua família veio da França e fundou, em 1869, a Casa Theodore Boris & irmão, após quatro anos no Ceará. O que sabe da motivação deles em virem para cá e como foi esse início?

Charles Boris - A motivação dos meus antepassados ao vir para cá foi de abrirem um negócio para darem continuidade a uma trajetória empresarial que eles já tinham na França. Eles eram um grupo muito grande de irmãos e irmãs e precisavam expandir as suas atividades e acabaram vindo ao Brasil.

E escolherem o Ceará. Àquela época (o Estado) não era um lugar de nenhum destaque do ponto de vista econômico e estava entre dois grandes centros comerciais, Pernambuco e Maranhão. Acredito que eles se estabeleceram aqui pela receptividade do povo cearense.

E, também, pela oportunidade de se estabelecer em um local que ainda não tinha nenhuma grande casa de importação.

Naatual sede da Lanlink, na Praia de Iracema, em Fortaleza, uma galeria traz as fotos dos primeiros franceses da família Boris que chegaram ao Ceará(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Naatual sede da Lanlink, na Praia de Iracema, em Fortaleza, uma galeria traz as fotos dos primeiros franceses da família Boris que chegaram ao Ceará

O POVO - Com o passar dos anos eles foram expandindo os negócios e poderiam voltar a viver na Europa. Por que ficaram em terras alencarinas?

Charles - Existe um livro do ex-governador Parsifal Barroso (1959-1963) que se chama "Um Francês Cearense" e que conta como eles realmente abraçaram o Ceará como uma segunda terra.

A família era muito grande, então parte dos irmãos ficaram na França e parte dos irmãos vieram para se estabelecer aqui.

Foi desse ramo da família. A partir do Achille (Aquiles), que era o meu bisavô, que meu avô Bertrand Alphonse  veio e casou-se com uma cearense. Acho que ele foi o primeiro a se casar com uma cearense, minha avó Ariza Caminha, que era de uma família de Aracati.

Ele se estabeleceu definitivamente no Ceará e, para minha sorte, nasci aqui, nessa terra que eu gosto tanto. 

Foto da família Boris são preservadas e fazem parte do acervo cuidado por Charles Boris(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Foto da família Boris são preservadas e fazem parte do acervo cuidado por Charles Boris


O POVO - O senhor nasceu em Fortaleza, fale um pouco sobre a sua infância. Quais recordações têm dessa fase? 

Charles - Minha infância foi maravilhosa. Tive a sorte de nascer num berço de duas famílias que tinham avôs e avós que mostravam como é bom ter um casamento feliz, ter carinho pelos seus filhos. Isso foi muito importante para mim.

Sempre tivemos muitas reuniões com meus avós, pais, primos e tios, sempre muito gostosas. Isso marcou muito a minha infância. A casa dos meus avós era muito grande e gostosa, eu ia sempre para lá brincar. Um terreno muito grande pela área da avenida Rui Barbosa e da rua Costa Barros, na Aldeota. 

Ali sempre foi um lugar muito mágico para mim. Depois, meu avô foi dando partes do terreno para seus filhos construírem suas residências e a gente sempre morou muito próximo de todos. Era como um grande sítio em Fortaleza.

Também temos uma fazenda, a Serra Verde (no Cariri cearense), que hoje eu tomo conta e que pertence à família desde 1907, mais ou menos. Onde tínhamos muitas reuniões familiares. 

Charles, ainda, jovem decidiu por não seguir os passos da família na área de comércio de importação e exportação e apostou todas as fichas em uma nova faculdade, à época, de Tecnologia da Informação(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Charles, ainda, jovem decidiu por não seguir os passos da família na área de comércio de importação e exportação e apostou todas as fichas em uma nova faculdade, à época, de Tecnologia da Informação

O POVO - Cresceu também envolto por comerciantes, pais, tios, avô. Como os enxergava naquela época e, hoje, adulto, como eles contribuíram para sua formação?

Charles - A influência da Casa Boris Frères na minha vida é enorme. Quando eu era criança e saía do colégio, muitas vezes eu passava a tarde no escritório, que fica ali ao lado do Instituto Dragão do Mar, no mesmo prédio fundado em 1869.

Eu ficava lá fazendo meus deveres, meu pai, François-Claude Boris, estava lá trabalhando, meu avô, meus tios e muitas pessoas trabalhando na Boris Navegação, que era empresa de agência marítima. Eu convivia e tinha uma relação muito próxima com eles. Olhar o ambiente de trabalho como um ambiente gostoso sempre foi uma coisa que me marcou.

Fiz faculdade com a minha esposa Cristina, então colega e namorada. Dei a sorte namorar com a moça mais bonita da faculdade! A gente queria fazer mestrado e nos especializar mais.

Mas eu tive o grande incentivo do meu pai de dizer: 'Vamos empreender'. Ainda era o começo da área de Tecnologia da Informação, vejo hoje que a gente começou no momento certo e, claramente, aquela lembrança do ambiente de trabalho é uma coisa gostosa pra mim.

Especialmente do estímulo do meu pai com o tio Gerard, que foram dois sócios que patrocinaram a abertura da Lanlink, foram dois incentivos muito grandes que a gente teve. 

O POVO - Vimos nos documentos e matérias muitas informações sobre os homens da sua família. E as mulheres? Quais os papéis delas?

Charles - O papel das mulheres na família sempre foi importantíssimo. Outro dia eu peguei uma correspondência do meu bisavô, Achille, com as últimas palavras da mulher mais querida do mundo: uma carta da minha bisavó (Rosa Coblenz Boris) para ele. Eles sempre foram muito carinhosos e um casal muito feliz.

Achille e Rosa Coblenz Boris, bisavós de Charles Boris(Foto: Arquivo pessoal da família Boris)
Foto: Arquivo pessoal da família Boris Achille e Rosa Coblenz Boris, bisavós de Charles Boris

A minha avó Ariza era uma pessoa muito forte e que desempenhou, certamente, um papel importantíssimo na trajetória do meu avô Bertrand aqui no Ceará. E, eu, abri uma empresa com a minha então namorada, hoje esposa, que é uma pessoa fundamental na trajetória da Lanlink.

E temos também uma sócia (Lourdes Sudário). Então a questão da presença do feminino na minha vida empresarial sempre foi importantíssima.

O POVO - O que o senhor uniu das características francesas com as cearenses para criar sua personalidade? E o que de mais valoroso passou para os seus filhos?

Charles - Acho que o que eu herdei muito na minha educaçãoe formação foi primeiro essa questão do valor da família. Eu vim de um berço muito feliz e essa valorização eu passei muito para minha família. E, também, a questão da integridade e do trabalho como algo importante na vida das pessoas.

Charles achou em um albúm antigo uma foto enviada e assinada pelo Padre Cícero para o bisavô Achille(Foto: Arquivo pessoal da família Boris)
Foto: Arquivo pessoal da família Boris Charles achou em um albúm antigo uma foto enviada e assinada pelo Padre Cícero para o bisavô Achille

 

A questão do empreender para querer fazer algo diferente, construir algo novo. Tem aquela questão 'Deixa a Vida Me Levar', vamos deixar a vida nos levar, mas vamos tentar dar um pouco de rumo.

E também a questão da educação para meus filhos, pois se a partir de amanhã a Lanlink não existir, eles não precisam de mim e não precisam da empresa. Eles são profissionais extremamente capacitados e vão ter sucesso nas suas vidas profissionais. Não tenho a menor dúvida.

Minha esposa diz que da formação francesa, tanto eu como meu pai, trouxemos 'a capacidade de termos uma mente mais aberta, sem preconceitos'. Também tenho um pouco mais de sensibilidade e um olhar para o lado social.

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Sempre tive uma preocupação muito grande e essa sensibilização de que a gente tem que ter humildade e de que a gente é mais um ser humano nessa vida. Temos alguns privilégios, tudo construído à custa de muito trabalho e muito suor, mas a gente tem que ajudar os outros também.

Além da questão de valorizar muito o companheiro ou companheira, de não ter essa questão do homem ser o grande indutor e o grande líder.

A gente faz parte de uma coletividade e espero ter contribuído em passar isso para os filhos, Georges, Natália e François junto com outros valores do trabalho, da educação e da integridade.

O POVO - A sua família tem papel fundamental na economia cearense, quando desembarcou aqui em 1865. O que você aprendeu com as três gerações anteriores?

Charles - Confesso que me aproximei mais da história da família quando o meu tio Gerard partiu e deixou o acervo da família que ele cuidava. E aí eu assumi. Comecei a me aproximar mais e a conhecer um pouco mais.

Tem muita coisa bacana, tem uma doação muito grande que a família fez de todos os arquivos da empresa de importações e exportação que a gente fez para uma biblioteca estadual (Arquivo Público do Estado do Ceará).

Tem um galpão lá com alguns milhares de documentos e eu tenho feito uma certa pressão, porque do dia que foi doado até hoje, tá lá, sem ninguém fazer nada. E está tudo se acabando.

Assim como em sua residência, Charles Boris possui no escritórios recordações da família como o móvel do século passado e fotos(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Assim como em sua residência, Charles Boris possui no escritórios recordações da família como o móvel do século passado e fotos

A Fiec (Federação das Indústrias do Ceará) manifestou interesse, pois tem toda a movimentação de importação e exportação do Ceará, desde 1869 até o primeiro governo do ex-governador Ciro Gomes (PDT).

O que eu posso trazer da história deles é muita resiliência e não ficar preso à geografia local. A nossa empresa, criamos em 1988 e logo, em 1992, a gente foi para Recife. Depois para Salvador.

A gente sempre buscou ter uma atuação não restrita ao Estado. Acho que indiretamente foi uma influência que eles nos trouxeram que é muito importante para gente, hoje. Porque, ao mesmo tempo, existe o amor por onde a gente está, a gente nunca quis sair daqui de Fortaleza.

O POVO - Os Boris foram os primeiros a fazer exportação para Europa e América do Norte.

Charles - Acredito que os irmãos Boris foram os pioneiros aqui. Se não foram, em mais ou menos de 1870 até 1910, eles se tornaram o grande polo de importação e exportação de gêneros do Ceará para Europa e América do Norte.

Nessa época, a influência francesa na sociedade cearense era muito elevada, tanto dos costumes como na moda. Eles se aproveitaram muito dessa questão de fazer importação de gêneros diferenciados da França, principalmente para a sociedade de Fortaleza, de Sobral e do Aracati.

O objetivo inicial deles era importação. Só que eles começaram a conhecer o que o Ceará tinha de interessante e foram os pioneiros na exportação de algodão, de semente de oiticica e estimularam muito o cultivo do café.

A escadaria do prédio da sede da Lanlink, assim como o piso, é original da década de 1860(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES A escadaria do prédio da sede da Lanlink, assim como o piso, é original da década de 1860

Assim, começaram a exportar café e diversos outros gêneros mais extrativistas da indústria local, como o couro. Com esse cenário, passaram a atuar muito fortemente em exportação também, que chegou a dominar um pouco mais o negócio da família, mas com as grandes guerras eles diminuíram um pouco.

O POVO - Por que decidiu estudar Ciência da Computação? Isso foi natural para a família com base no comércio?

Charles - Não foi nem um pouco natural. Quando entrei na faculdade, em 1985, era uma coisa completamente nova. Tanto que a gente foi a segunda ou terceira turma da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Havia nessa época um interesse muito grande, exatamente por ser considerada a profissão do futuro. Tanto que na minha época foi um curso mais disputado que Medicina. Existia uma curiosidade muito grande, eu fui sem conhecer nada, fui mais na curiosidade.

Sempre fui uma pessoa muito lógica, gostava muito de matemática e acabei dando sorte porque é uma formação que exige muito disso.

O POVO – E como foi cursar?

Charles - Quando eu fiz a faculdade, no mesmo ano, eu passei num concurso para ser funcionário do Banco do Nordeste (BNB), que à época era mais disputado do que a faculdade.

Acho que meus pais pensaram que se nada desse certo na faculdade, por ser uma novidade à época, eu estaria com a carreira garantida no BNB. 

Mas com seis meses larguei, porque não me identifiquei. E aí eles me deram apoio. Meu pai e minha mãe sempre apoiaram minhas decisões nesse aspecto. Aí meu pai se aproximou da empresa da família e eu ajudei muito na parte de automação.

Mesmo na época da faculdade, com uns 18 anos mais ou menos, eu comecei a desenvolver programas para eles.

O POVO - Seu encontro com a Cristina, esposa e sócia, aconteceu ainda na Uece. Como foi? 

Charles - O Ian Corrêa (vice-presidente de Operações do Grupo Aço Cearense) foi meu colega de colegial. Nosso colégio era de jesuítas e ele era protegido dos padres (risos), era o todo poderoso lá. E na faculdade ele era amigo da Cristina. 

Nós três fomos da mesma turma de vestibular e ele entrou com a Cristina na Uece, enquanto eu tranquei por conta do Banco do Nordeste. Eles já falavam de mim e ele nos apresentou, mas nesse primeiro momento cada um de nós estava em um relacionamento e eu apenas a achei muito bonita.

Charles e Cristina Boris além de construirem uma família, construíram um legado empresarial no Ceará voltado à tecnologia(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Charles e Cristina Boris além de construirem uma família, construíram um legado empresarial no Ceará voltado à tecnologia

Depois a gente terminou os namoros e, nessa época, eu fui o primeiro presidente do Centro Acadêmico da Uece de Computação e ela foi a secretária. Começamos a nos reunir e foi aí que começou o namoro. Ela sempre uma turma na minha frente.

Eu costumava brincar que ela marcava as reuniões do Centro e chamava eu e ela, mais ninguém. (risos)

O POVO - E depois?

Charles - Foram dois anos de namoro. Casamos com 21 anos. E aí em seguida já chegou o Georges, logo depois a empresa, estimulada e apoiada por meu pai e meu tio. Desde o começo achamos importante buscarmos apoios complementares. Minha mãe nos apoiou bastante.

E no trabalho tínhamos o apoio dos nossos sócios, Alexandre Mota e Lourdes Sudário. Todos tínhamos formação técnica em computação e isso foi uma coisa que ajudou muito a gente no começo. Nos destacamos como uma empresa com conhecimento diferenciado no mercado local.

Os sócios Charles Boris, Lourdes Sudário, Cristina Boris e Alexandre Mota estão juntos desde à época da faculdade(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Os sócios Charles Boris, Lourdes Sudário, Cristina Boris e Alexandre Mota estão juntos desde à época da faculdade

O POVO - Ainda na faculdade conheceu os seus sócios e fundou a Lanlink com eles, seu pai e tio também. Como é essa relação de trabalho? 

Charles- O nosso começo foi em um momento que não existia internet ainda. Assim, a tecnologia estava ainda bem incipiente no Brasil e a gente buscou um trabalho muito forte de diferenciação.

Tudo a partir do conhecimento que a gente tinha, mas, logicamente, precisando de um grande aprofundamento do ponto de vista de estudo das tecnologias que podiam ser levadas ao mercado. Como era um mundo muito diferente para o meu pai e meu tio, eles foram muito mais orientadores e apoiadores.

Tanto do ponto de vista financeiro quanto do aconselhamento de gestão. O mercado desconfiou muito da gente, porque eu e meus sócios tínhamos todos a mesma idade e éramos recém-formados. Mas a relação de amizade é muito forte e a gente sempre teve uma confiança no outro muito grande.

Assim, dividimos bem as responsabilidades de cada um e acho que isso foi um fator que acelerou muito o nosso crescimento. Juntos conseguimos fazer com que a empresa rapidamente se destacasse no Ceará e ganhasse alguns projetos de grandes multinacionais.

Começamos a chamar atenção das outras grandes empresas locais, sempre fomos focados em vender para as organizações, nunca para pessoa física. Assim conquistamos esses maiores projetos da parte de conectividade de redes locais que acontecia aqui e fomos ganhando e criando nome. 

 

Conheça o legado familiar: descendentes

Filhos: Natália, Georges e François

O POVO - Os filhos foram livres para escolher as profissões. De que forma o comércio e a tecnologia os impactou?

Charles - Nunca quis influenciar porque eu tive aquela experiência do BNB que eu vivi e vi que se você está numa profissão que não é aquela que te realiza, não é um bom caminho. Eu sempre deixei eles trilharem o caminho que eles entendiam que era melhor.

Lógico que eu gostaria muito que eles tivessem seguido a parte de computação ou até em outras áreas como, por exemplo, o Georges, que se formou em Arquitetura na Universidade de São Paulo (USP), mas hoje atua na área de tecnologia e é sócio de uma empresa que usa algorítmos a favor do marketing.

Charles Boris recebeu dos pais e dos avós a forma de perpetuar a família(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Charles Boris recebeu dos pais e dos avós a forma de perpetuar a família

O mais novo, o François, também se formou em Economia na USP. Passou durante a pandemia um período na empresa, nos apoiou muito na parte de estruturação financeira e tudo, mas o que ele quer é  empreender na área de fundos de ações de investimentos. O que eu posso fazer com ele é apoiar.

A Natália é médica e passou dois anos morando em Boston e fez pesquisa em Harvard. Introduziu a tecnologia no trabalho dela também. Ela voltou agora e a gente fez um movimento para ver se eles ficam aqui, porque quero que eles fiquem aqui perto.

Acho uma profissão linda. Com mais maturidade eu teria ido para Medicina.

Aniversário do primogênito Georges Boris(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Aniversário do primogênito Georges Boris

O POVO - Como é a relação com a França atualmente e quais características traz do País na sua formação pessoal e profissional?

Charles – Sou cidadão francês, tenho dupla nacionalidade. Minha primeira pátria é o Brasil, mas eu tenho um vínculo muito importante com a França pela história da minha família e pelas idas para lá. Praticamente todo ano eu vou e tenho ainda parentes lá ligados mais ao meu pai.

Infelizmente, a família mais nova, a gente acabou se afastando, o vínculo é com as pessoas mais antigas e são pessoas que eu adoro. São muito acolhedoras e eu já me hospedei várias vezes na casa deles lá, que é uma experiência diferente, pois você se sente mesmo como um local. Tenho uma admiração muito grande pela França.

Trago em mim, segundo a Cristina, quem percebe mais, essa herança da formação do meu avô e do meu pai. Um gosto muito grande por história, por preservação e por cultura. Meu avô e meu tio sempre foram muito ligados à natureza.

E eu cuido da fazenda da família no interior do Ceará e a gente, hoje em dia, deve ser uma das famílias que têm uma das maiores áreas preservadas. São quase mil hectares de floresta nativa lá no Cariri.

Com mais de 1.000 funcionários, a Lanlink atua em vários estados brasileiros, a partir da sede em Fortaleza, no Ceará(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Com mais de 1.000 funcionários, a Lanlink atua em vários estados brasileiros, a partir da sede em Fortaleza, no Ceará

O POVO - Quais são suas atribuições na Fazenda Serra Verde?

Charles - Ela pertence a uma sociedade anônima, praticamente só da família, meu pai que cuidava dessa fazenda. Mas quando ele teve o câncer, se afastou durante muito tempo, cerca de cinco ou seis anos, e só o sucedi depois que ele faleceu, em 2012.

Eu gostava da Fazenda para passar férias, mas não como negócio. Depois que ele partiu fui lá e encontrei aquela fazenda acabada, então eu me senti na responsabilidade de recuperá-la. Estou nesse pé, só que isso acabou sendo uma coisa que mistura prazer e trabalho.

Meu negócio é a Lanlink e lá na Fazenda tenho uma coisa mais sentimental, da família, e queria torná-la produtiva novamente. Com a pecuária a gente ajuda muito lá e investe empregando a turma local. A cada 40 dias eu passo uns 15 lá. A pandemia ensinou o trabalho home office e lá eu criei o "farm office". Lá é maravilhoso.

O POVO – Como foi acompanhar nesses 35 anos de empresa o boom da internet que tivemos ali nos anos 2000 e agora com inteligência artificial, metaverso...

Charles - A gente sempre foi uma empresa que focou muito em conhecimento, acho que isso nos ajudou a passar por todas as transformações que o setor de tecnologia teve nesse período de 35 anos. E, ainda, todas as transformações que nós tivemos que fazer no nosso negócio.

Se a gente for olhar para o negócio que a gente começou e olhar para o que tem hoje, só manteve o nome e os sócios. São empresas completamente diferentes e a única certeza que eu tenho é que a gente vai ter que mudar completamente para os próximos anos.

Inauguração de centro de capacitação de jovens quando o atual senador  pelo Ceará Tasso Jereissati estava no governo do Estado. Na ocisião, o evento teve patrocínio da Microsoft, Cisco e Lanlink(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Inauguração de centro de capacitação de jovens quando o atual senador pelo Ceará Tasso Jereissati estava no governo do Estado. Na ocisião, o evento teve patrocínio da Microsoft, Cisco e Lanlink

Minha leitura é sim que a gente está no limiar de uma nova grande revolução trazida pela inteligência artificial. Ela vai mudar a forma como as empresas, as pessoas e os profissionais trabalham. E vai afetar todos os setores, inclusive o setor de tecnologia.

E a gente está num momento muito importante de se aproximar mais do conhecimento para a gente poder ajudar nossos clientes a como aproveitar melhor essa revolução, que acho que ela vai ser forte.

Já teve uma época, ao longo da nossa trajetória, que implantar informática nas organizações era restrito aos grandes mainframes (computador de grande porte dedicado normalmente ao processamento de um volume enorme de informações).

Antigo centro de treinamento da Lanlink(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Antigo centro de treinamento da Lanlink

Aquela coisa muito cara que só enormes empresas tinham. A gente vivenciou um primeiro boom com a adoção da tecnologia pelas organizações de médio e grande porte, com as redes locais, com a utilização da microinformática, não existia microcomputador.

Foi quando a gente se formou e que começou a ser adotado. Aí veio o boom do Windows, do Microsoft Office, do uso da produtividade pessoal. A gente surfou muito bem essa onda junto com a Microsoft, crescendo regionalmente para ajudar os clientes a adotarem essa parte de tecnologia.

Depois veio a internet, a interconexão dos escritórios dos nossos clientes. E aí a gente criou uma grande área de apoio ao uso da tecnologia nas empresas, com uso intensivo de técnicos especializados.

O POVO – Como o senhor acha que a sociedade deve se portar com os prós e contras da Inteligência Artificial que acaba tendo o lado positivo e o negativo de fake news, deep fake...

Charles - Acho que é uma onda que quem quiser contê-la vai estar perdendo tempo e perdendo um espaço de diferenciação no mundo, olhando numa competição global.

Ela traz benefícios gigantescos na área de saúde, na produtividade das empresas em substituição de pessoas que hoje se expõem em trabalhos extremamente perigosos, usando robotização, então eu entendo que ela trará uma série de benefícios.

Como a gente tem visto, os algoritmos direcionando e criando essas informações que ajudaram muito a um aumento dessa polarização que a gente vivenciado no mundo todo, não é só uma coisa do Brasil.

Charles Boris acredita que a a educação tecnológica possa mudar o futuro e a realidade de muitos jovens brasileiros(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Charles Boris acredita que a a educação tecnológica possa mudar o futuro e a realidade de muitos jovens brasileiros

É um fenômeno mundial que divide a política, crenças que fazem com que você começa a ter líderes muito radicalizados para um lado e para o outro e com isso a gente está vivenciando uma fase nova de recomeço de guerras.

Que é algo que marcou muito a minha família, que marcou muita a história da humanidade. Então acho muito importante a regulamentação desses algoritmos do ponto de vista de saber de onde é que está vindo aquela informação. Ela foi produzida para que e com que interesse.

Eu acho que a transparência é algo que as regulamentações deveriam procurar e trabalhar muito forte nisso. Tem que ter um equilíbrio entre regulamentação e inibição da inovação. Esse é o grande desafio que eu vejo, que todos os países estão se defrontando com isso.

Os quatro fundadores da Lanlink em reunião com os colaboradores Daniel Fernandes e Maiara Cordeiro(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Os quatro fundadores da Lanlink em reunião com os colaboradores Daniel Fernandes e Maiara Cordeiro

Mas que essa tecnologia precisa ser regulamentada para que você possa ter uma certa segurança em como ela vai ser usada, eu não tenho a menor dúvida.

Quando você vê empresas, eu não vou mencionar os nomes, mas que se utilizam desse direcionamento, dessa identificação de tendências para poder monetizar o seu modelo de negócio, esse tipo de uso é complicado.

Foi daí que começou, essa foi a origem de tudo. "Eu preciso identificar o que é que te interessa ou quero te induzir e despertar para determinados interesses?"

Do desvio, do uso disso para política, para a sociedade, para poder aproveitar esse modelo de negócio, ele ajudou a criar gigantes, mas ao mesmo tempo eu acho que ele foi um indutor dessa criação desses algoritmos. Desse uso distorcido.

Mas sou super fã da inteligência artificial sim, eu acho que ela vai mudar o nosso mundo para melhor.

O POVO - Acha que a educação associada à tecnologia pode mudar a realidade do Nordeste e dos brasileiros de forma geral?

Charles - Acho que a Lanlink é um exemplo disso. Começamos a partir de quatro jovens que associaram a educação e a tecnologia para poder criar uma empresa que hoje emprega mil pessoas no Brasil.

Se a gente for avaliar, o Brasil tem um grande desafio de produtividade em todas as áreas. E a Tecnologia é um grande indutor de produtividade nas organizações. Ela, hoje em dia, é um meio importantíssimo para as empresas poderem ter inserção e competitividade nos seus respectivos mercados.

Após 35 anos de sociedade, os quatro amigos de faculdade sabem que a área de Tecnologia da Informação vive em constante mudança e adaptações são necessárias constantemente(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Após 35 anos de sociedade, os quatro amigos de faculdade sabem que a área de Tecnologia da Informação vive em constante mudança e adaptações são necessárias constantemente

A gente preparar essa criançada para o uso de tecnologia, mesmo que elas não sejam da área. Minha filha é médica e usa a inteligência artificial. Se esses alunos de escola pública tiverem uma formação em Tecnologia, eles vão ter um diferencial muito grande de empregabilidade.

O POVO - O ano de 2023 foi de recuperação para muitos setores. Também foi assim para a área de tecnologia?

Charles - A empresa tem tido um crescimento forte desde a pandemia, quando paramos, respiramos e reorganizamos as áreas. A gente cresceu de 2020 até 2023 uma média de 20% ao ano. E com isso a empresa ultrapassou os R$ 500 milhões de faturamento agora em 2023.

O ano passado, apesar de ser um ano de tantas incertezas, foi bom para nós. A entrada de uma nova gestão, tanto federal, quanto estadual, sempre propicia anos mais tranquilos, que  se preparam para as realizações do novo ano político.

Cristina Boris responde pela Diretoria de Vendas para o setor privado; já Alexandre Mota pela mesma área, mas para o setor público(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Cristina Boris responde pela Diretoria de Vendas para o setor privado; já Alexandre Mota pela mesma área, mas para o setor público

Mas isso não impediu que a Lanlink tenha crescido, a gente cresce muito no Sudeste, no Centro-Oeste. O Ceará representa pouco mais de 30% hoje em dia do nosso negócio. O Nordeste representa 40% e o restante é distribuído no Brasil.

A gente tem uma força de atuação muito grande no Centro-Oeste e Distrito Federal temos muitos negócios, mas Minas (Gerais) é muito importante e São Paulo é outro estado que a gente tem uma quantidade muito grande de clientes.

O POVO - A estruturação da Lanlink é por áreas pública e privada. Como é a organização?

Charles – Nós temos profissionais espalhados pelo Brasil cujo foco é atender o cliente no processo de venda e no desenho de soluções técnicas. O Alexandre cuida da área do setor público e a Cristina do setor privado e área de marketing da empresa.

Nós temos uma retaguarda de serviços compartilhados onde eu tenho a área de pessoas que o Gonçalo Prado, diretor de Pessoas e Operações, irmão da Cristina, é sócio da empresa. Ele fica em Aracaju. Já trabalhou muitos anos aqui e hoje ele trabalha a partir de lá.

Em reunião, Daniel Fernades, coordenador de nível de serviço e uma das sócias da Lanlink, Lourdes Sudário(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Em reunião, Daniel Fernades, coordenador de nível de serviço e uma das sócias da Lanlink, Lourdes Sudário

Ele cuida de toda a área de pessoas e de compliance (conjunto de disciplinas a fim de cumprir e se fazer cumprir as normas legais e regulamentares). A empresa investe muito nessa área e somos pioneiros na obtenção da Organização Internacional de Normalização (ISO) 19.600 na área de tecnologia no Brasil, entre outros.

A área de controladoria fica subordinada a mim, diretamente, e eu tenho quatro áreas de ofertas de produtos. A Lourdes cuida da área que tem a maior quantidade de pessoas da empresa, que é a área de uso de suporte de tecnologia pelas organizações.

Essa área, no ano passado, atendeu mais de 1 milhão de requisições de serviços por parte de clientes, que a gente tem espalhados no Brasil.

E temos uma área voltada para produtividade mesmo, como colaboração de teletrabalho, uso de automações com robôs automatizados. Essa área temos um sócio que é o Jailson Batista, diretor de Digital Workforce.

Alexandre Mota, que iniciou a sociedade com os colegas de classe da faculdade há 35 anos, em reunião com a arquiteta de soluções, Maiara Cordeiro(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Alexandre Mota, que iniciou a sociedade com os colegas de classe da faculdade há 35 anos, em reunião com a arquiteta de soluções, Maiara Cordeiro

Além de outras áreas como a de datacenter. Não temos um, mas ajudamos as empresas que queiram montar os seus ou usarem as soluções públicas. 

Thiago Farah Montenegro é o diretor de Core Digital Platform, responsável por essa área, está com a gente desde quando era estagiário. E a de cibersegurança, para área de segurança da informação, que temos uma outra empresa.

E temos áreas novas que trabalham com inteligência artificial, análises e dados que montamos na pandemia. É com um sócio, o Sérgio Ricardo Oliveira, diretor de Business Transformation.

O POVO - Na área de tecnologia, as empresas fazem muitas associações, conforme as afinidades e necessidades. A Lanlink está agindo nessa tendência? 

Charles - Isso. A ideia foi criar exatamente essas quatro áreas especializadas e elas são as responsáveis pela evolução das parcerias e do portfólio dentro delas. Quando a gente fez essa organização, em 2020, foi um grande desafio, mas foi excelente. E deu muito resultado. 

O POVO - E quanto vislumbra crescer em 2024 e nos próximos anos?

Charles - A gente aprendeu com a pandemia é que o mundo é extremamente mutável. Temos sempre uma visão de médio prazo, de dois a três anos, e o objetivo é crescer cada vez mais no segmento do setor privado. Isso representa um crescimento mais forte é no Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

São três áreas que a gente está investindo para crescer lá e a ideia da empresa continua mantendo esse crescimento orgânico. Não é fazer crescimento através de aquisições, é mais de crescimento realmente mercadológico, com a nossa estrutura, nessa faixa de manter um crescimento médio de 20%.

O POVO - Hoje, na Lanlink, não tem nenhum filho dos sócios trabalhando. Como fica a questão da sucessão?

Charles – A gente não está estruturado ainda do ponto de vista de ter um conselho de administração. Deveríamos, mas a gente está se achando novo (risos). A gente entende que até hoje isso não é uma questão, embora a empresa tenha uma governança bem estruturada.

Mas a gente está pensando sim em sucessão do ponto de vista de profissionais do mercado ou aproveitar profissionais dentro da empresa para que a gente comece a já colocar pessoas para nos substituir. Temos 35 anos já aqui dentro, já está chegando a hora.

Charles Boris, atualmente, responde pela presidência da empresa que conta com unidades por todo o Brasil(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Charles Boris, atualmente, responde pela presidência da empresa que conta com unidades por todo o Brasil

O POVO - Seus antecedentes deixaram um legado de comércio. A Lanlink está em outra seara. Qual legado ela traz para a população cearense?

Charles - A gente sempre privilegiou estar aqui, a maior parte da nossa equipe está aqui. A Lanlink sempre foi uma formadora de pessoas ao longo desses anos e, a partir daqui, vários profissionais saíram para empreender também e a gente incentiva muito essa questão do crescimento profissional das empresas e das pessoas.

Acredito que a gente está contribuindo muito para a inserção dos jovens no mercado de trabalho e para a economia cearense, mantendo a nossa operação aqui, mas atendendo hoje o Brasil todo.

 

 

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Bastidores


Projeto Legados

Esta entrevista exclusiva com o fundador da Lanlink, Charles Boris, para O POVO faz parte da terceira temporada do projeto Legados: A tradição familiar como pilar dos negócios.

Serão seis entrevistas com grandes empresários para contar a base que sustenta seus princípios, valores e tradições familiares que estão sendo passados para as novas gerações. E, ainda, o legado empresarial para o Ceará.

No próximo episódio, conheça a história do empresário que traz raízes italianas, Maurício Filizola, fundador da Farmácias Santa Branca. 

 

Expediente

  • Direção de Jornalismo Ana Naddaf e Erick Guimarães
  • Edição OP+ Beatriz Cavalcante e Regina Ribeiro
  • Edição de Design e Identidade Visual Cristiane Frota
  • Ilustrações Carlos Campus
  • Edição e coordenação do Núcleo de Imagem Chico Marinho
  • Edição de projetos Carol Kossling
  • Editor-adjunto do Núcleo de Imagem Demitri Tulio
  • Edição de Fotografia Júlio Caesar
  • Texto Carol Kossling
  • Recursos Digitais Larissa Viegas
  • Fotografia Aurélio Alves
  • Produção Geral Carol Kossling
  • Pesquisa Larissa Viegas; Roberto Araújo e Miguel Pontes / OPOVODOC
  • Recursos audiovisuais Dado Fernandes (direção, edição, finalização e roteiro); Anderson Gama (direção de fotografia); Anderson Gama e Willcefer Andrade (câmeras); Guilherme Oliveira Matos e Wendel Lima (assistente); Carol Kossling (produção e reportagem).
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