Atualmente em cartaz com Top Gun: Maverick, Thomas Cruise Mapother IV nasceu em uma cidade do estado de Nova Iorque no dia 3 de julho de 1962, sendo o único filho de uma família com mais três irmãs. Quem vê o astro hoje nem imagina o tanto de voltas e reviravoltas que a vida dele deu antes de levá-lo à fama.
Para começar, ele tinha um pai abusivo — um engenheiro elétrico que batia na esposa — e a família vivia na pobreza. Quando Tom tinha 12 anos e o pai, 49, ele ficou órfão. A causa da morte foi um violento câncer colorretal, doença de forte caráter hereditário e que oferece risco três vezes maior, em relação à população em geral, de acontecer na prole de quem foi acometido por ela. Por isso, Cruise se submete regularmente a baterias de exames para checar a saúde.
Sem o marido, a mãe, professora, teve dificuldades de manter a família, e Cruise arrumou ocupação cortando grama na vizinhança até arranjar um emprego de camareiro. Diagnosticado com dislexia, distúrbio genético que dificulta o aprendizado, ele lia as sílabas com grande esforço e praticamente não sabia escrever. Por isso, na escola, ele era considerado uma criança com algum atraso mental.
Frustrado pela incapacidade de acompanhar seus amigos nas atividades intelectuais e machucado por uma lesão no joelho, que o tirou do time de luta livre, ele decidiu largar os estudos e passar um ano em mosteiro franciscano. Depois desse tempo, ele desistiu também de ser padre e foi tentar a carreira de ator.
Levou muitos “nãos” até se mudar para a Califórnia, onde conseguiu o primeiro papel (coadjuvante) em Amor sem Fim, de 1981. A partir daí, vieram outros papéis de coadjuvante até protagonizar Negócio Arriscado, de 1983, e A Lenda da Floresta, (1985), dois filmes que eram habitués nas tardes da TV brasileira.
Tudo estava um mar de rosas na vida de Tom? Não. Porque ele ainda tinha dislexia, lembra? Ele deve ter passado maus bocados tentando ler os roteiros e decorar as falas. Tom quase desistiu também da carreira de ator, até ser apresentado à cientologia, crença que segue até hoje.
"Durante toda minha vida escolar e o início de minha carreira, sentia que tinha um segredo, mas um amigo me deu um livro de fotografias de cientologia e foi a partir daí que fui apresentado às obras de L. Ron Hubbard, que fundou nossa religião. O senhor Hubbard também foi um educador e pensou o campo por décadas. Ele observou que a alfabetização e os níveis de compreensão estavam caindo mundialmente e resolveu desenvolver uma nova tecnologia de estudo".
Discreto e sem muito envolvimento com polêmicas, a maior fonte de excentricidade de Tom gira em torno de sua fé
Apesar de ter dito que a cientologia o havia ajudado a superar a dislexia, ainda tinha o fato de que ele tinha os dentes bem tortos. O ator Patrick Swayze, o astro de Ritmo Quente, disse até que Tom evitava sorrir por causa disso. Para corrigir, Cruise recorreu ao uso do aparelho ortodôntico, facetas de porcelana para ajustar o alinhamento e clareamento para branquear os dentes. O que não tinha muito jeito era mesmo a altura: com apenas 1,70m, ele era muito baixinho. Há rumores de que ele usa sapatos especiais para deixá-lo mais alto (algo que ele nega).
Quando tinha 24 anos, Tom viu o roteiro de Top Gun cair no colo. Obviamente, ele deve ter ficado animado com a história, porque na infância, além de pensar em ser padre ou ator, ele também quis ser piloto de avião. Tudo a ver uma coisa com a outra, não é? Muitas pessoas não colocaram muita fé no filme, mas ele foi a maior bilheteria de 1986, batendo outros classicões que estrearam no mesmo ano, como Karatê Kid 2, Platoon e Aliens 2.
O filme mostrava a coragem dos militares e exaltava o heroísmo de quem arriscava a vida pelo país. Top Gun tinha de tudo: aventura, ação e também muito romantismo — quem não se lembra da Kelly McGuillis e Tom namorando ao som de “Take my breath away'', música que inclusive ganhou o Oscar de melhor canção?
Pois então! O filme fez tanto sucesso que as Forças Armadas estadunidenses até colocaram banquinhas de alistamento da Marinha nas saídas do cinema. Um tanto premeditado, já que eles apoiaram bastante a produção do filme e cederam várias instalações e equipamentos.
Disposto a não ser apenas um ator de filmes arrasa-quarteirão, Tom fez uma sequência de obras nas quais que teve uma atuação aclamada pela crítica, como A Cor do Dinheiro, de 1986, e Rain Man (1988). A primeira nomeação para o Oscar foi com Nascido em 4 de julho (1989). Foi indicado outras duas vezes, mas não levou nada ainda. Neste ano, ganhou a Palma de Ouro Honorária em Cannes, pelo conjunto da obra.
Volta e meia ele vira assunto mundial, seja porque ele gravou as próprias cenas de ação e perigo, dispensando o auxílio de dublês, ou porque o público crê que ele seja um vampiro, visto que aos 62 anos, ele ainda aparenta ser bem mais jovem. Ou pelas esquisitices, como não gostar que ninguém corra ao seu lado nos filmes, ou por não permitir o uso da imagem em nenhum boneco ou game (mas o Aladdin de 1992, da Disney, foi desenhado com inspiração nos traços dele).
Tom também sai mal na mídia quando surge algum detalhe em relação aos filhos, com quem não tem uma relação muito boa, ou por supostos procedimentos estéticos (todos negados pelo astro). Ele também já apareceu como o cara explosivo e grosseiro no set, como no caso ocorrido durante as gravações do mais recente filme da franquia Missão Impossível, quando Tom perdeu a paciência e gritou com todos os que não estavam seguindo os protocolos para prevenir a propagação da Covid-19 no estúdio.
A gravação da bronca vazou, ganhou a internet e dividiu opiniões. Mas como o astro também sabe ser legal (e tem dinheiro, né?!) ele mandou alguém ir até a padaria favorita dele pegar 300 bolos para a galera que estava trabalhando no Reino Unido. Detalhe: a padaria ficava em Los Angeles e a pessoa foi de jatinho.
"Eu disse o que tinha que dizer. Muita coisa estava em jogo naquele momento. Todas essas emoções estavam passando pela minha mente. Eu pensava nas pessoas com quem trabalhava, e na minha indústria. E para que toda a equipe soubesse que começamos a gravar um filme foi um grande alívio. Foram muitas emoções, te digo isso"
Tom disse deu essa declaração para se justificar sobre a bronca. Deve ter sido perdoado.
Série vai explorar personagens - famosos e anônimos - para destacar histórias de vida
