Cléa Klouri, sócia do Hype60+ e uma das coordenadoras do estudo sobre os maduros digitais, fala sobre essa realidade para as pessoas acima de 50 anos.
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O POVO – O que mais surpreendeu no resultado da pesquisa?
Cléa Klouri – O que mais nos surpreendeu no estudo Maduros e Digitais foi que os maduros seguem influenciadores; 74% já compraram algum produto ou serviço por indicação deles. Além disso, eles estão usando a internet para se comunicar e fazendo dela uma nova profissão – que é o caso dos microinfluenciadores, que descobrimos também no estudo. O mercado de influência chegou com tudo e não só para os jovens, já que o diálogo acaba sendo mais verdadeiro e uma grande oportunidade para as marcas.
OP – É possível afirmar que, na atualidade, existe uma nova percepção social sobre o envelhecimento? Se existe, como ela se manifesta?
Cléa – Os maduros são os grandes protagonistas da Revolução da Longevidade; eles estão ressignificando e ocupando espaços que antes eram apenas para os mais jovens e são a primeira geração que está vivendo tanto. Eles estão na internet, são assinantes do Netflix, hosts do Airbnb e estão criando uma nova economia para atender os próprios desejos e necessidades. As mulheres maduras, por exemplo, já não toleram marcas de roupa bege e de vovózinha – o que faz com que empreendedores estejam se atentando para essa novo olhar da maturidade e criando soluções, produtos e serviços, que os atendam nessa nova fase. Um outro exemplo é o projeto de lei que foi aprovado no ano passado com novo símbolo de identificação do idoso, que agora deixou de usar bengala.
OP – A que se deve esta mudança de olhar?
Cléa – Essa mudança de olhar está acontecendo porque, de fato, estamos vivendo muito mais. A extensão da vida é uma realidade; hoje, no Brasil, já temos mais avós do que netos. Em breve, o número de 60+ será superior à adolescentes de até 14 anos de idade. Os maduros estão nas ruas, nas lojas, nas faculdades e no mercado de trabalho. É só olhar para os lados que vamos ver que eles não são mais nicho, mas um mercado inteiro. A sociedade já está mudando o olhar para eles, o que falta agora é um novo olhar para esse público por parte das empresas e órgãos públicos.
OP – Qual o grande desafio que o mercado tem em relação à essa população?
Cléa – Um dos principais desafios que o mercado tem é no combate ao ageismo, que é o preconceito com a idade. Alguns assuntos ainda são tratados como tabu e o envelhecimento ainda é visto assim. Para se ter uma ideia, no debate sobre diversidade, raramente vemos a pauta da longevidade incluída. Os maduros ainda são invisíveis! Além disso, ainda falta conhecimento sobre o público, é um assunto ainda muito novo. Quando começamos, em 2016, não existiam dados de mercado sobre o público sênior, a maioria das empresas ainda fazem pesquisa de mercado com pessoas até 45 anos. Por isso, temos como propósito, realizar pesquisas e ajudar a levantar dados para mostrar o raio-X desse público no Brasil, um retrato fiel e real sobre essa população que ainda é muito pouco compreendida. Um dado que ainda choca é que eles são digitais!
OP – A senhora acredita que este levantamento possa ser uma ferramenta no combate ao ageismo?
Cléa – Certamente! O Silver Makers nasceu com o propósito de apoiar os maduros que estão descobrindo na internet um palco para contar suas histórias e compartilhar seu ponto de vista, sincero e autêntico e estão impactando milhares de fãs. Acreditamos que a forma de combater o ageismo é promovendo o protagonismo do público maduro, dando voz, vez e valor para eles. E é isso que fazemos ao fazer a ponte com marcas e organizações que estão à frente e também acreditam nesse sonho.
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