Não é difícil atestar a veracidade do cenário indicado pela pesquisa. Uma rápida olhada ao redor, certamente revelará que, sim, são digitais e conectados os brasileiros seniores. Ainda que muitas vezes não sejam percebidos como tais.
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Há cerca de três anos, a cozinheira Rosane Teófilo, 71, deixou de assistir à televisão e de ler jornais. E fez das redes sociais seu principal canal de informação. “Desde a época do golpe contra Dilma (Rousseff) não vejo TV”, explica. “Então, fico sempre conectada, para me informar de tudo. É Facebook, Messenger, Instagram... Uso muito WhatsApp também. As pessoas hoje não gostam mais de telefone, e eu adoro! Mas para essa comunicação rápida e corriqueira, de toda hora, é o Zap”.
Já a Netflix tornou-se companheira diária e assumiu o lugar da TV tradicional em sua casa. “Eu vejo praticamente todos os dias, principalmente à noite”.
O serviço de streaming audiovisual também caiu nas graças do empresário Carlos Augusto Marino, 72, que o utiliza três vezes por semana, em média. Paulista radicado no Ceará, depois de morar por anos nos Estados Unidos, Carlos é um entusiasta das redes sociais. Encontrou nelas um canal eficiente para se comunicar com os amigos de longas datas espalhados pelo mundo.
“Uso Instagram e Facebook diariamente, tanto para relacionamento pessoal quanto profissional. E WhatsApp, claro!, que para mim é a melhor ferramenta. Não é incomum eu estar navegando pelo Facebook no meu computador enquanto converso com alguém pelo WhatsApp no celular. Para ser sincero é muito frequente”,ri-se, revelando-se um adepto da “segunda tela”, como a prática é chamada.
A intimidade de Carlos com o digital transcende as redes sociais. O empresário resolve suas viagens através de aplicativos de hotéis e companhias aéreas, vale-se do mesmo recurso para obter descontos em supermercados, e tem ao alcance de um toque no seu smartphone o controle de seus cartões de crédito e da sua vida financeira na rede bancária.
Esta proximidade com o virtual o acompanha há muito. Foi através de um serviço de bate-papo online num grande portal, quando passava férias em Fortaleza há 17 anos, que Carlos conheceu e começou a namorar com seu companheiro atual, um cearense. No ano seguinte, mudou-para o Ceará e os dois estão juntos desde então.
“Gosto de usar a tecnologia para resolver coisas práticas da minha vida”, afirma. “Por exemplo, cerca de três vezes por semana recorro ao YouTube para descobrir novas receitas e testá-las em nossos almoços”, aponta o empresário, que tem a cozinha por hobby.
As incursões gastronômicas no YouTube, chamemos assim, também estão na rotina de Austregesila Gonçalves, 71, voluntária do Associação Peter Pan. Mas ela também descobriu outras utilidades para a plataforma. “Uso muito o YouTube para ouvir música também. Para mim é uma diversão. Conecto com minha caixinha de som e fico numa boa... Às vezes, assisto a filmes em francês nele, para treinar o idioma e não perder a fluência”, revela Austregesila, que costuma passar temporadas no Canadá, onde mora um de seus filhos. Os aplicativos de companhias aéreas que traz no celular costumam ajudar bastantes nessas ocasiões.
No mais, Austregesila não foge do padrão de conectados seniores. É fã do Facebook, Instagram e WhatsApp. “Gosto muito das redes sociais. Uso com frequência quase todas, atualizando minhas amizades e os acontecimentos nelas publicadas”, completa.
Um aplicativo para acionar táxis é o mais usado por Rosane, que tem ainda entre seus preferidos os que proporcionam descontos em supermercados e o do banco onde tem conta. “Já aplicativos de relacionamento eu não uso. Pelo menos, ainda não”, diz.