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Especialista descarta relação entre porte ilegal e postura de Bolsonaro
Reportagem Especial

Especialista descarta relação entre porte ilegal e postura de Bolsonaro

Segundo Luiz Fábio Paiva, queda pode ter sido causada tanto pela modernização do combate ao crime organizado quanto por uma "acomodação" de grupos criminosos diante da redução de conflitos por territórios

Especialista descarta relação entre porte ilegal e postura de Bolsonaro

Segundo Luiz Fábio Paiva, queda pode ter sido causada tanto pela modernização do combate ao crime organizado quanto por uma "acomodação" de grupos criminosos diante da redução de conflitos por territórios
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Especialista no estudo da violência no Ceará, o pesquisador Luiz Fábio Paiva, da Universidade Federal do Ceará (UFC), descarta que a recente queda nos índices de prisão por porte ilegal de armas no Estado tenha relação com o mandato de Jair Bolsonaro (PSL).

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Desde o início do mandato do presidente, sobram questionamentos entre a população e especialistas sobre se a postura armamentista de Bolsonaro não refletiria em uma maior “tolerância” com o porte ilegal de armas. Paiva rejeita pertinência da tese ao caso, destacando que este tipo de flagrante tem perfil específico no Ceará, ocorrendo nas periferias e geralmente envolvendo pessoas ligadas ao crime organizado.

Para o professor, ainda é cedo para avaliar precisamente quais os fatores que explicam a redução da taxa de prisões do tipo no Estado. Ele destaca, no entanto, duas possíveis hipóteses: “A primeira é que há de fato uma mudança na questão do controle de armas. A polícia se preparou e hoje possui aparato bastante avançado para tratar disso”, diz.

Paiva destaca, por exemplo, ampliação no número de apreensões de armas e a implementação de novos sistemas de vigilância, entre outros avanços feitos pelo aparelho de segurança. “Não podemos afirmar com certeza ainda, mas todo esse enfrentamento pode ter trazido maior dificuldade no abastecimento das armas de grupos criminosos. É uma hipótese”.

"Adaptação do crime"

A outra tese é de que a queda pode ser explicada também por uma própria “adaptação” do comportamento delituoso de grupos criminosos. “Para evitar esse tipo de flagrante que causa o aprisionamento, os criminosos começam a trabalhar outras de formas. Em algumas situações de tráfico, por exemplo, não necessariamente se precisa de uma pessoa armada”, diz.

“Antes, quando estávamos no contexto do enfrentamento entre grupos criminosos pelos territórios, havia presença maior de armas nesses pontos. Agora, no momento que o enfrentamento por territórios cede, diminui essa necessidade, podendo ser feito sem armas. Então pode ter havido essa acomodação”, diz.

Versão da SSPDS

Segundo o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), delegado André Costa, a redução pode ser atribuída ao trabalho que a pasta vem fazendo com interceptação de armamentos ilegais. “O Estado vinha, desde 2017, aumentando o número de apreensões de armas de fogo. Em 2018, o número foi ainda maior”, afirma.

 
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