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Os desafios da missão de Elmano na China
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Jornalista, repórter especial do O POVO, tem mais de dez anos de experiência em jornalismo econômico

Os desafios da missão de Elmano na China

Governador inicia nova investida para a atração de montadoras para o Polo Automotivo de Horizonte, mas especialista aponta obstáculos que vão além da competência do Estado
Tipo Opinião
Chassi de automóvel em exposição no Salão de Shanghai  (Foto: Arquivo Salão de Shanghai)
Foto: Arquivo Salão de Shanghai Chassi de automóvel em exposição no Salão de Shanghai

Principal motivo que levou o governador Elmano de Freitas (PT) à China, a captação de novas marcas para o Polo Automotivo de Horizonte pode ser beneficiada pela atual dinâmica mundial, na qual os chineses buscam novos mercados. Mas precisa superar desafios que vão além das competências do Ceará.

O principal deles é despertar o interesse das empresas em nacionalizar a produção de veículos no Brasil, como aponta o professor Antônio Jorge Martins, coordenador da Fundação Getulio Vargas (FGV). O desafio vem atrelado a outros: investimentos para trazer equipamentos e treinar pessoal para a montagem dos veículos aqui. São medidas que demandam milhões e devem ser calculadas com cautela para reduzir os riscos.

Uma decisão que, na maioria das vezes, leva anos para ser tomada, como ressalta Martins.

"Diferente do que muitos pensam, as empresas chinesas não são todas estatais. Têm duas ou três estatais, mas a grande maioria é privada e os investidores privados querem retorno. Na medida que querem retorno, eles vão ter que se internacionalizar e essa internacionalização vai exigir uma adaptação às condições do mercado mundial e uma adaptação às condições do mercado local. E isso vai depender de cada empresa."

Martins aponta, além da adaptação às regras tributárias e jurídicas brasileiras, a adesão dos consumidores aos modelos trazidos. Na prática, esse retorno financeiro será o grande definidor e não depende apenas do Brasil, por sinal.

"O mercado brasileiro é pequeno para viabilizar uma montadora, principalmente uma empresa tecnológica que demanda investimentos elevados. Então, ela já chega de olho nessa perspectiva de exportar", acrescenta.

Apesar dos desafios além da competência do Estado, o contexto é promissor. A China ampliou a exportação de veículos em 16% no primeiro trimestre de 2025, o que somou uma venda de 1,5 milhão de unidades. Os dados revelados pelo presidente da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros, Chui Dongshu, na rede social WeChat, ainda revelam o Brasil como o 7º maior mercado importador, com um total de 52.135 unidades entre janeiro e março de 2025.

Este não é o modelo visado pelo Ceará, que quer montar os automóveis no antigo galpão da Troller em Horizonte, mas demonstra a fome das montadoras chinesas para expandir a atuação.

Ter em mãos projetos de sucesso como o Porto do Pecém, a Zona de Processamento de Exportação do Ceará e a Transnordestina, diz o professor da FGV, são grandes diferenciais e um acerto na estratégia cearense. Ele classifica os equipamentos que diminuem o custo do transporte como "super relevante" para a captação das montadoras.

No Salão de Shanghai, que começa hoje, 23, e vai até o dia 2 de maio, Elmano deve encontrar as principais montadoras chinesas, mas também as maiores montadoras do mundo. O evento, antes encarado pelo setor como uma mostra regional do que era feito na China para o mercado asiático, passou a se projetar como um dos maiores da indústria automotiva do planeta devido a atuação de gigantes como BYD e GWM, ambas já com atuação no Brasil.

Cartão de crédito

A hegemonia do cartão de crédito na forma de pagamento foi novamente atestada. Um estudo da prestadora de serviços financeiros DM aponta a modalidade como a de maior uso pelo brasileiro, com 68,6% do total de entrevistados contra 15,3% que usam o Pix, outros 10,3% usuários do cartão de débito e ainda 3,3% com dinheiro e 1,9% do Pix parcelado.

No Nordeste, esse percentual aumenta para 72%, sendo usado toda semana por 41% e todo dia por 24%. Desse total, 65% parcela as compras. Os números demonstram uma lição da educação financeira aprendida apenas na prática: quando os produtos essenciais são caros e o orçamento é pequeno só resta o parcelamento como opção para a compra.

2,2

milhões de reais foram investidos pela cearense Rigel Brasil para o aprimoramento do processo produtivo em fábrica, com aquisição de equipamentos, automação industrial e o desenvolvimento de novos produtos. Especializada em soluções antifúngicas para a indústria de panificação, a empresa leva seu portfólio para a 10ª edição da Feira Rede Pão, que acontece nos próximos dias 24 e 25 de abril, em Fortaleza.

98

mil peças em um único mês foram comercializadas pela marca cearense TLF Jeans. O volume fez com que o faturamento da empresa batesse recorde em fevereiro, chegando a ser 60% acima da meta estabelecida. Agora, o objetivo é manter o ritmo acelerado e ampliar a atuação no País. 

Foto do Armando de Oliveira Lima

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