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Etanol como uma substituição do diesel?
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Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN

Etanol como uma substituição do diesel?

Fábrica apresenta nova solução para etanol. G20 apresenta propostas para descarbonizar o planeta no setor da mobilidade
Possibilidades de substituição nos combustíveis (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Possibilidades de substituição nos combustíveis

No Brasil, a fábrica de motores Cummins desenvolve uma nova solução para o etanol e exibiu na Fenatran (neste mês de novembro) o conceito de um motor movido somente com este álcool como alternativa energética para o transporte rodoviário.

Foi criado nos EUA para gasolina e completamente reprojetado aqui para o etanol E80. Turbinado, com duplo comando de válvulas, sistema de injeção direta common-rail a 350 bar, taxa de compressão de 14:1, rotação máxima de 3250 rpm. Potencia de 330 cv a 2800 rpm e torque de 895 Nm a 1800 rpm.

Ela desenvolve também motores que podem ser adaptados para receber diesel, hidrogênio ou gás natural. Uma das empresas à frente deste projeto é a Vale, que pretende equipar caminhões e locomotivas com
estes trens de força abastecidos com biocombustíveis.

A descarbonização do planeta em relação à mobilidade

Se a ideia é descarbonizar, qualquer tentativa é válida. E no Brasil, a troca do combustível fóssil pelo biocombustível, seja etanol ou biodiesel, é sopa no mel, pois no Brasil, “em se plantando, dá”...

E tome “Combustivel do Futuro” no G20 para expor ao mundo a ideia de elevar tanto quanto possível a participação dos biocombustíveis na nossa matriz energética.

Nada contra, pelo contrário: atitude louvável do governo em reduzir o volume de petróleo necessário para movimentar o País. E o mundo encantado com a responsabilidade do Brasil em descarbonizar o planeta no setor da mobilidade.

O desencanto fica, por enquanto, por conta de quem paga a conta: todos os motoristas de veículos a gasolina ou diesel.

Os primeiros vão pagar mais caro pelo km rodado, pois o valor energético do álcool é inferior ao da gasolina. Ônibus e caminhões vão sofrer com a manutenção de seus motores diesel, pois ainda é problemático aumentar o percentual do biodiesel.

Mas o governo toca seu plano a todo vapor sem consultar nem se importar com o consumidor, representado pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes) com seus 200 mil associados apavorados com a perspectiva de se aumentar ainda mais o biodiesel.

Mas, por outro lado, existe a pesquisa bem fundamentada para se ampliar o uso do etanol nos motores.

Temos o flex há mais de vinte anos, mas não é solução definitiva, pois os donos destes carros abastecem
preferencialmente (70%) com gasolina. E também a gasolina que recebe percentuais cada vez maiores de etanol, hoje em 27%, mas que vai subir para 35%.

Verde simultâneo com o fóssil

Várias outras pesquisas seguem sendo desenvolvidas para a utilização do etanol e as mais notáveis (e pouco divulgadas) objetivam substituir o diesel - totalmente ou em parte - por ele.

Um dos projetos em andamento objetiva criar um motor bi-fuel, ou seja, funcionando com diesel simultaneamente com o etanol. Ele é originalmente à compressão mas teria um segundo bico injetor para o etanol.

A ideia inicial seria sua utilização em grandes motores de locomotivas, de mineração, geradores de energia elétrica e outros de carga razoavelmente constante, onde o percentual de etanol na mistura poderia atingir 70%.

Mas já foi aplicado também experimentalmente em caminhões com capacidade de 24 toneladas no setor canavieiro com substituição variável do diesel pelo etanol, de 30 a 70%. Neste caso o percentual de etanol varia em função da carga e rotação, determinado pelo sensor de knocking. Não é flex, é bi-combustivel e exigiria dois tanques no veículo.

O transporte marítimo tem uma frota de cerca de cem mil navios e é responsável por cerca de 3% das emissões globais das emissões de efeito estufa.

Solução que vem ganhando espaço nos mares é o metanol, que permitiria sem dificuldades maiores uma participação também do etanol.

Foto do Boris Feldman

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