Logo O POVO+
"Estou confiante": diretor de museu do Cariri comenta repatriação do Irritator
Foto de Catalina Leite
clique para exibir bio do colunista

Editora-adjunta do O POVO+ especializada em ciência, meio ambiente e clima. Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é premiada a nível regional e nacional com reportagens sobre ciência e meio ambiente. Também já foi finalista do Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar na região Nordeste

Catalina Leite ciência e saúde

"Estou confiante": diretor de museu do Cariri comenta repatriação do Irritator

Comitiva brasileira irá à Alemanha no final de abril para negociar com os governos e museus alemães sobre repatriação de fósseis do Cariri; entre eles, o Irritator challengeri
Tipo Notícia
Allysson Pinheiro é diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens e participou das tratativas para repatriar o fóssil do Ubirajara jubatus (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Allysson Pinheiro é diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens e participou das tratativas para repatriar o fóssil do Ubirajara jubatus

Uma comitiva brasileira deve viajar à Alemanha no final de abril para continuar as negociações de repatriação de fósseis mantidos em acervos de museus alemães, entre eles o holótipo do Irritator challengeri. A informação é do diretor Allysson Pinheiro, do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (MPPCN), exclusiva ao O POVO+.

As tratativas com a Alemanha já estão ocorrendo há alguns anos, impulsionadas pelo caso Ubirajara jubatus, principalmente porque o país europeu é o principal destino de materiais fossilíferos contrabandeados do Brasil.

O Irritator challengeri é um holótipo — fóssil usado para descrição de novas espécies — traficado para a Alemanha provavelmente nos anos 1990, caracterizado por um crânio com focinho alongado. Ele foi descrito em 1997 por pesquisadores estrangeiros.

“Nós já temos uma negociação em curso (sobre o Irritator) e temos sinalizações do governo alemão no sentido de que talvez dê certo (a repatriação), assim como foi com o Ubirajara”, comenta o diretor. Além de Allysson, o coordenador do Observatório de Repatriamento de Fósseis da Chapada do Araripe, José Patrício Pereira Melo, também acompanhará a comitiva.

Não há data para a devolução do Irritator, mas Allysson assume que está “confiante” no sucesso da repatriação. “Eles já responderam a partir das provocações da Sociedade Brasileira de Paleontologia. E eu tô confiante”, declara.

O movimento #IrritatorBelongsToBR se fortaleceu nas últimas semanas com um abaixo-assinado digital. Com mais de 15,5 mil assinaturas, a petição exige o retorno do Irritator e luta pelo fim do colonialismo científico. “Esse movimento não nasceu agora, ele já existe já faz um tempo, mas surgiu novamente com força, o que ajuda o processo”, analisa o pesquisador.

O diálogo com a Alemanha integra um rol de ações para reaver fósseis traficados do Cariri para destinos internacionais. Entre eles, há negociações com museus de Portugal e da Suíça, além de processos judiciais em andamento.

No começo de abril, o Brasil recebeu 25 insetos fósseis que estavam sendo vendidos ilegalmente em sites do Reino Unido. O material está em Brasília e aguarda viagem para Juazeiro do Norte, no Cariri cearense. A repatriação ocorreu após denúncia da paleontóloga Beatriz Hörmanseder.

Foto do Catalina Leite

Análises e fatos sobre as pautas ambientais. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?