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Com o anúncio das indicações ao Oscar, "Nomadland" e "Bela Vingança" despontam na corrida ao prêmio
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João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.

João Gabriel Tréz arte e cultura

Com o anúncio das indicações ao Oscar, "Nomadland" e "Bela Vingança" despontam na corrida ao prêmio

Indicações do Oscar reveladas na manhã da segunda, 15, ressaltam favoritismo de "Nomadland" e, fortalecem "Bela Vingança", ambos dirigidos por cineastas mulheres
Tipo Análise
'Nomadland', de Chloé Zhao, reforça favoritismo ao Oscar com as seis indicações que garantiu no prêmio - incluindo Melhor Filme, Direção e Roteiro (Foto: divulgação)
Foto: divulgação 'Nomadland', de Chloé Zhao, reforça favoritismo ao Oscar com as seis indicações que garantiu no prêmio - incluindo Melhor Filme, Direção e Roteiro

A indicação ou não a certas categorias do Oscar é vista como um indicativo importante para a trajetória de um filme postulante ao principal prêmio do evento. Baseando-se em estatísticas de edições anteriores, uma tendência histórica aponta que a presença em quatro categorias-chave pode fortalecer uma produção: Filme, Direção, Roteiro (Original ou Adaptado) e Edição. Em 2021, há dois longas que cumprem tal requisito: "Nomadland", de Chloé Zhao - nascida na China e a primeira cineasta não-branca indicada -, e "Bela Vingança", de Emerald Fennell. É a primeira vez que mais de uma diretora é indicada à Melhor Direção e, também, que os longas favoritos são dirigidos por mulheres. A cerimônia do 93º Oscar ocorrerá em 25 de abril.

Nas últimas 10 edições do prêmio, o grande vencedor teve indicações nas quatro categorias-chave em sete delas. Sem indicação em Direção, ganharam "Green Book" (em 2019) e "Argo" (em 2012); antes deles, o fato só havia acontecido em 1991. Já "Birdman", em 2015, foi o primeiro longa a levar Melhor Filme sem indicação em Edição desde 1981. A tendência não é regra, ressalte-se, mas mesmo com as recentes vitórias "fora da curva", as chances das produções de Chloé e Emerald se fortificam com o feito.

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"Nomadland", em verdade, está no posto de favorito ao prêmio desde que foi exibido em setembro de 2020 no Festival de Veneza, de onde saiu ganhador do Leão de Ouro. De lá até aqui, a obra e sua diretora acumulam diversas vitórias em eventos da crítica e da indústria. No total, garantiu seis indicações.

Já "Bela Vingança" veio em trajetória ascendente até aqui. Inicialmente, somente a presença de Carey Mulligan em Melhor Atriz era vista como certeza. Com o andar da temporada de premiações, foi acumulando suporte e chega forte, com cinco indicações.

Até a divulgação da lista de indicações de 2021, somente cinco mulheres foram indicadas por Melhor Direção e, pior, somente uma - Kathryn Bigelow - saiu vencedora, em 2010. A vitória de Chloé ou de Emerald pode ser um fato histórico e, felizmente, os prognósticos são favoráveis - em especial para a primeira, que pode ser a primeira mulher não-branca a triunfar na categoria.

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Entre os outros seis postulantes à categoria principal, "Mank", produção da Netflix dirigida por David Fincher, é a recordista em número de indicações, com 10 no total. No entanto, ficou a uma indicação de distância de conseguir "gabaritar" as categorias-chave, perdendo menção em Melhor Roteiro Original.

Os cinco restantes que figuram em Melhor Filme conseguiram seis indicações cada. No âmbito das surpresas, estão "Judas e o Messias Negro", de Shaka King, e "O Som do Silêncio", de Darius Marder. Ambos não tiveram menção em Direção e o primeiro ainda falhou na categoria de Edição, mas a presença das produções superou as expectativas.

"Judas", por exemplo, teve uma indicação além do previsto em Ator Coadjuvante: além do já favorito Daniel Kaluuya, Lakeith Stanfield também aparece na lista. Na mesma categoria, "O Som do Silêncio" garantiu lembrança com o precioso trabalho de Paul Raci, cuja atuação sutil poderia ter sido menosprezada pelos votantes.

As seis indicações de "Minari", de Lee Isaac Chung, e "Meu Pai", de Florian Zeller, não chegaram a surpreender, mas certas menções reforçam o bom momento da trajetória dos filmes na disputa.

O primeiro - uma produção dos EUA com toques autobiográficos sobre uma família sul-coreana adaptando-se ao país - teve nas presenças em Roteiro, Direção, Ator (para Steven Yeun) e Atriz Coadjuvante (para Youn Yuh-jung) fortes sinais do apoio à obra.

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Já o drama familiar britânico "Meu Pai" conseguiu se manter em categorias já esperadas, como Ator (para Anthony Hopkins), Atriz Coadjuvante (para Olivia Colman) e Roteiro Adaptado, demonstrando o apelo da produção.

Finalmente, completando a lista, está "Os 7 de Chicago", da Netflix. Outrora considerado forte concorrente de "Nomadland", o longa dirigido e escrito por Aaron Sorkin veio dando sinais de enfraquecimento ao longo das últimas semanas. Mesmo garantindo indicações importantes na manhã de ontem, como em Filme e Roteiro, passou pelo surpreendente baque da ausência em Direção.

Se as previsões estatísticas são somente isso, previsões, as tendências de subida ou descida na trajetória de cada filme na corrida ao Oscar apontam caminhos mais confiáveis. Se de fato teremos, em pouco mais de um mês, o segundo filme dirigido por uma mulher a vencer o grande prêmio do Oscar em 93 edições, só a noite de 25 de abril para responder.

Confira a lista completa de indicações

Melhor Filme
- "Meu Pai"
- "Judas e o Messias Negro"
- "Mank"
- "Minari"
- "Nomadland"
- "Bela Vingança"
- "O Som do Silêncio"
- "Os 7 de Chicago"

Melhor Direção
- Thomas Vinterberg, por "Druk - Mais Uma Rodada"
- David Fincher, por "Mank"
- Lee Isaac Chung, por "Minari"
- Chloé Zhao, por "Nomadland"
- Emerald Fennell, por "Bela Vingança"

Melhor Atriz
- Viola Davis, por "A Voz Suprema do Blues"
- Andra Day, por "The United States vs. Billie Holliday"
- Vanessa Kirby, por "Pieces of a Woman"
- Frances McDormand, por "Nomadland"
- Carey Mulligan, por "Bela Vingança"

Melhor Ator
- Riz Ahmed, por "O Som do Silêncio"
- Chadwick Boseman, por "A Voz Suprema do Blues"
- Anthony Hopkins, por "Meu Pai"
- Gary Oldman, por "Mank"
- Steven Yeun, por "Minari"

Melhor Atriz Coadjuvante
- Maria Bakalova, por "Borat: Fita Seguinte de Cinema"
- Glenn Close, por "Era Uma Vez Um Sonho"
- Olivia Colman, por "Meu Pai"
- Amanda Seyfried, por "Mank"
- Youn Yuh-jung, por "Minari"

Melhor Ator Coadjuvante
- Sacha Baron Cohen, por "Os 7 de Chicago"
- Daniel Kaluuya, por "Judas e o Messias Negro"
- Leslie Odom, Jr., por "Uma Noite em Miami"
- Paul Raci, por "O Som do Silêncio"
- Lakeith Stanfield, por "Judas e o Messias Negro"

Melhor Roteiro Original
- "Judas e o Messias Negro"
- "Minari"
- "Bela Vingança"
- "O Som do Silêncio"
- "Os 7 de Chicago"

Melhor Roteiro Adaptado
- "Borat: Fita Seguinte de Cinema"
- "Meu Pai"
- "Nomadland"
- "Uma Noite em Miami"
- "O Tigre Branco"

Melhor Documentário
- "Collective"
- "Crip Camp: Revolução pela Inclusão"
- "Agente Duplo"
- "Professor Polvo"
- "Time"

Melhor Filme Internacional
- "Druk - Mais Uma Rodada" (Dinamarca)
- "Better Days" (Hong Kong)
- "Collective" (Romênia)
- "O Homem Que Vendeu Sua Pele" (Tunísia)
- "Quo Vadis, Aida?" (Bósnia e Herzegovina)

Melhor Animação
- "Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica"
- "A Caminho da Lua"
- "Shaun, o Carneiro: O Filme - A Fazenda Contra-Ataca"
- "Soul"
- "Wolfwalkers"

Melhor Fotografia
- "Judas e o Messias Negro"
- "Mank"
- "Relatos do Mundo"
- "Nomadland"
- "Os 7 de Chicago"

Melhor Figurino
- "Emma."
- "A Voz Suprema do Blues"
- "Mank"
- "Mulan"
- "Pinocchio"

Melhor Maquiagem e Penteado
- "Emma."
- "Era Uma Vez um Sonho"
- "A Voz Suprema do Blues"
- "Mank"
- "Pinocchio"

Melhor Direção de Arte
- "Meu Pai"
- "A Voz Suprema do Blues"
- "Mank"
- "Relatos do Mundo"
- "Tenet"

Melhor Trilha Sonora Original
- "Destacamento Blood"
- "Mank"
- "Minari"
- "Relatos do Mundo"
- "Soul"

Melhor Canção Original
- "Fight por You", de "Judas e o Messias Negro"
- "Hear My Voice, de "Os 7 de Chicago"
- "Husavik", por "Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars"
- "Io Sí (Senn)", por "Rosa e Momo"
- "Speak Now", por "Uma Noite em Miami"

Melhor Som
- "Greyhound: Na Mira do Inimigo"
- "Mank"
- "Relatos do Mundo"
- "Soul"
- "O Som do Silêncio"

Melhor Edição
- "Meu Pai"
- "Nomadland"
- "Bela Vingança"
- "O Som do Metal"
- "Os 7 de Chicago"

Melhores Efeitos Visuais
- "Problemas Monstruosos"
- "O Céu da Meia-Noite"
- "Mulan"
- "O Grande Ivan"
- "Tenet"

Melhor Curta de Animação
- "Burrow"
- "Genius Loci"
- "If anything happens I love you"
- "Opera"
- "Yes-People"

Melhor Curta Live-Action
- "Feeling Through"
- "The Letter Room"
- "The Present"
- "Two Distant Strangers"
- "The White Eye"

Melhor Curta Documental
- "Colette"
- "A Concerto is a Conversation"
- "Do Not Split"
- "Hunger Ward"
- "A Love Song for Latasha"

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