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Hospital público para cães e gatos
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Repórter especial e cronista do O POVO. Vencedor de mais de 40 prêmios de jornalismo, entre eles Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Embratel, Vladimir Herzog e seis prêmios Esso. É também autor de teatro e de literatura infantil, com mais de dez publicações.

Hospital público para cães e gatos

Um centro de referência com propósito semelhante ao IJF, ao HGF, ao hospital da Mulher, ao da Uece e de um HGF. Isso mesmo. Com tratamento, chipagem e adoção
Tipo Crônica
1903demitri (Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 1903demitri

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O que fazer com gatos e cachorros parindo, indiscriminadamente, nas ruas, nos parques, em condomínios, em derredor de restaurantes, nos cemitérios, nas universidades de Fortaleza, na Aldeota e no Bom Jardim? 

Chamar a "carrocinha" da zoonose? Capturá-los? Mantê-los em cativeiros ad infinitum? Sacrificá-los? Deixar que os cuidadores, "gateiras"e "gateiros" enxuguem gelo? 

Há diferença entre cuidadores de animais e gateiras/gateiros. Os dois tutelam, é verdade. Mas o cuidador, diferente do gateiro, estende a solidariedade para além da ração e da água.

 

Independente se amam ou não os bichanos e os cães perambulantes, vão atrás de castração, de medicação e tratamento

 

Os anos de andanças no Cocó, para falar apenas de uma das ilhas de gatos abandonados da Cidade, me mostraram que os cuidadores não se restringem somentea alimentar os coitados.

Independente se amam ou não os bichanos e os cães perambulantes, vão atrás de castração, de medicação e tratamento para trocentas doenças dos bichos sem lar humano. 

São os cuidadores, também, que se desdobram na busca de adoção. Acabam fazendo um papel importante na sustentabilidade da Cidade bichada.

E, na maioria das vezes, tiram do próprio bolso a responsabilidade que seria da Prefeitura de Fortaleza e do Governo do Estado. 

 

Mesmo Roberto Cláudio (PDT) que criou o VetMóvel, um minúsculo e importante ambulatório volante, ficou apenas no paliativo

 

Dos prefeitos e dos governadores que passaram até aqui pelo Paço Municipal e pelo Palácio da Barão de Studart, nenhum deles encarou com honestidadeo o nó sanitário causado pelo abandono criminoso de animais domésticos. 

Mesmo Roberto Cláudio (PDT) que criou o VetMóvel, um minúsculo e importante ambulatório volante, ficou apenas no paliativo do enfrentamento. 

Roberto Cláudio prometeu criar uma rede de convênio com clínicas veterinárias, mas não cumpriu. Seria uma espécie de VetMóvel estendido, outra gambiarra dada a calamidade.

 

Nenhum prefeito e nenhum governador no pós-ditadura militar(1964-1985) encararam o abandono animal como problema sanitário

 

Até aqui, nenhum prefeito e nenhum governador no pós-ditadura militar(1964-1985) encararam o abandono animal como problema sanitário e de saúde pública. A mediocridade antropocêntrica pautou a mentalidade ambiental deficiente dos alcaides.

E o cidadão, macho ou fêmea, sempre manteve uma relação abusiva com cães e gatos. Declaram amor, criam, humanizam, acham lindo ter um "bicho deestimação", mas "rebolam" por aí ninhadas e ninhadas. 

Os "sem raça" burguesa definida – vira-latas, pés-duros, rabos finos econgêneres – nascem feito ratos e vão morrendo na sarna, no calazar e noutras doenças.  

 

Depois de acochambrar o plano de manejo do Parque Estadual do Cocó, a Sema "legalizou" a construção de um gatil

 

No Cocó, nas trilhas do Adahil Barreto, por exemplo, a gestão passada da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema) cometeu uma insensatez ou crime ambiental, mesmo. 

Depois de acochambrar o plano de manejo do Parque Estadual do Cocó, a Sema "legalizou" a construção de um gatil em uma unidade de conservação de proteção integral. De uma brutalidade ambiental inconcebível. 

Péssimo para o ecossistema Cocó, já bastante antropizado, e ruim para avida dos gatos ali. Mais de 80 circulando.

Disse-me uma veterinária, costumeira nos cuidados no Cocó, que boa parte dos gatos do Adahil Barreto teria a "aids felina". 

 

Um hospital com propósito semelhante ao IJF, ao HGF, ao hospital da Mulher, ao da Uece e de um HGF

 

Calma. A doença não é transmitida para humanos, talvez por isso o descaso no acompanhamento e tratamento prolongado para amenizar o definhamento do bicho.

Principalmente dos machos que se contaminam durante as brigas e fazem sangue um no outro.  

Sugestão. José Sarto (PDT) e Elmano de Freitas (PT) precisam se sentar. Ou cada um coloca no orçamento a construção de um hospital público para gatos, cães e outros animais descartados. 

Um hospital com propósito semelhante ao IJF, ao HGF, ao hospital da Mulher, ao da Uece e de um HGF. Isso mesmo. São seres vivos com necessidades parelhas aos dos humanos. 

É um atraso, dada a insustentabilidade ambiental, não ter um hospital públicio para animais em Fortaleza. Com atendimento, tratamento e, na maioria dos casos, encaminhamento para chipagem e adoção. 

É encarar e fazer do problema sanitário uma agenda política positiva. Isso também é saúde pública.  

 

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