Repórter especial e cronista do O POVO. Vencedor de mais de 40 prêmios de jornalismo, entre eles Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Embratel, Vladimir Herzog e seis prêmios Esso. É também autor de teatro e de literatura infantil, com mais de dez publicações.
Desejaria escrever sobre o amor. Na verdade, sobre a paixão, essa história de apaixonar-se e do desejo de namorar, beijar na boca e o corpo. Dançar Pina Bausch e os mistérios gozosos e jaculatórias.
Pequenas sentimentalidades breves e ladainhadas mentalmente aos pés do amor para dizer o que é querer bem desmedido. Em muitas frases curtas para se livrar do entalo na garganta, mas manter o coração em aligeiro.
Alguns idílios e os meus corpos derretendo-se, sendo outros, o mar cheio de tempo e ainda espumando nas pedras e invadindo os mangues até o Castelão.
Alucino vendo Pilar Ternera derretendo-se com Pina Bausch, bulinando-se
Sendo também um dos Buendía fuçando a fumaça excitante da lamparina de Pilar Ternera. O futum forte entre as virilhas e o pedido que não se lavasse. Foi assim a primeira paixão do abestado.
Alucino vendo Pilar Ternera derretendo-se com Pina Bausch, bulinando-se. Pegando na mão do idiota do Buendía perdido em busca da alucinação de Macondo.
É o começo de namoro e, depois, o esforço para Pina Bausch não se desencantar de Pilar. Os seios bonitos, o corpo sem desenhos, as axilas cabeludas, o suor fedido no que é excitante e o derrame de filosofias bestas.
Mas não vou continuar a escrever sobre o cheiro das virilhas de Pilar Ternera
É que os filósofos não conseguem se desumanizar, talvez o defeito deles sobre a definição de namorar e ser ruminado todos os dias. E falar que o corpo se derrete e é natural passar da paixão para o amor maduro. Pra mim não, se for possível apaixonar-se infinito.
Mas não vou continuar a escrever sobre o cheiro das virilhas de Pilar Ternera, nem dos sonhos dela e da chatice de tantos homens atraídos pelo futum oloroso do corpo dela... Ela sempre sofria com os fins.
Vai o que é chato e cotidiano. O mal chamado Netanyahu e a ruindade de queimar gente. Um escancarado holocausto e um mundo covarde que faz concessões e recusa queimar a bandeira de Israel.
Mas ainda não é isso que tenho açodo de escrever
Contrário, os imbecis por aqui fazem questão de hasteá-la pingando a morte em janelas de apartamentos e restaurantes. Bem ao lado do trapo brasileiro que se tornou símbolo do retrocesso e da bruteza. Por Gaza, sempre...
Mas ainda não é isso que tenho açodo de escrever. Enquanto Elmano de Freitas (PT) anunciava a troca dos delegados federais na pasta da falida Segurança Pública, um outro delegado me relatava sobre a saúde mental em desmilingue de muitos policiais civis. Alguns casos extremos e delicado boquejar.
Talvez o pico do aperreio mental, outros desalinhos e misturados à pressão de ter índices de homicídios em uma "baixa simbólica" para midiatizar. Mas é execução demais e destroço cotidiano desmedido.
No mesmo dia da mudança de secretários, vi surtos indizíveis entre nós
Escreveu-me assim o policial civil. Ontem, comentei contigo, por alto, de como achava ruim a política de segurança do governo Elmano.
No mesmo dia da mudança de secretários, vi surtos indizíveis entre nós. Um autoabandono de homens e mulheres que até se explica, mas que a política de segurança também não dá conta. É protocolar.
Há incômodos, continuou. Nós operários da segurança pública sendo pressionados a produzir estatística impossível de uma conta que não fecha nunca.
A insegurança pública não irá mudar. Talvez mude a falsa sensação de segurança em alguns universos privilegiados
Respondi. É camarada, sinto muito pelo insulamento de muitos policiais e o aperreio da política de aparência. Risco pra eles e pra nós. E, na real, não foi o Tasso com o William Breton; não foi o Ciro nem o Lúcio; não foi o Cid e tampouco o Camilo e a Izolda. Nem será o Elmano com Roberto Sá.
Ainda mais tendo passado pela segurança do Rio de Janeiro! Não é preconceito, é fato. A insegurança pública não irá mudar. Talvez mude a falsa sensação de segurança em alguns universos privilegiados.
E não é incredulidade, creio sim que há outros seres e que voam à noite entre Quixadá e Quixeramobim em discos voadores.
Hoje o governo manda "release" para solenidade de inauguração de penitenciária de segurança máxima
Talvez um consórcio entre facções e redução de danos, na mesma mão do capitalismo que nos pariu, resolvam. Falso também.
É um problema virar repórter, de uma esperança medonha e de um ceticismo cretáceo. Quando comecei a apurar em 1996, e o Elmano era um advogado novo e eu um jornalista recente, eram menos presídios, menos presos e menos encarceradas.
Hoje o governo manda "release" para solenidade de inauguração de penitenciária de segurança máxima. Como se fosse um marco. Temos a nossa!. Foi com o Camilo. Bem, é isso...
E sobre o amor? Vou treinar jaculatórias querençosas
Vou tentar parar de reler "Cem Anos de Solidão", é um horror. Leva-me para Macondo, desqualifica meu senso comum.
Vou recomendar para o Elmano e para o "noviço" secretário da segurança lerem Pilar Ternera e Pina Bausch. Já somos muito Buendía(s)!
E sobre o amor? Vou treinar jaculatórias querençosas.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.