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Os adversários que saem da base do prefeito
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Os adversários que saem da base do prefeito

Tipo Opinião
Roberto Cláudio vê aliados lançarem pré-candidaturas próprias (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Roberto Cláudio vê aliados lançarem pré-candidaturas próprias

Na política há várias formas de ser oposição. Em Fortaleza, a base de apoiadores de Jair Bolsonaro é uma frente da oposição ao prefeito. O PT é outra. O Psol é uma terceira. Mas, é curioso quando o governismo se divide. Isso até é comum quando há rachas internos. É disputa pelo poder, e uma parte dos aliados vira oposição. Foi assim que a ditadura militar caiu no Brasil, que Cid Gomes virou governador no Ceará (2006) e Roberto Cláudio foi eleito prefeito em Fortaleza (2012). Racha entre ex-aliados é tão velho quanto a posição de negociar acordo. Estou falando, porém de outra coisa. Quando uma força governista lança candidatura adversária ao governo sem romper e sem virar oposição.

Na primeira entrevista da série com pré-candidatos em Fortaleza, iniciada ontem na rádio O POVO CBN, o jornalista Guálter George indagou a Anízio Melo (PCdoB) sobre a pré-candidatura da legenda. Afinal, o PCdoB apoia o atual prefeito há oito anos. Se o partido for eleito para administrar a Capital, será continuidade ou reforma? Essa é uma questão posta para outros partidos: o Cidadania (ex-PPS), de Alexandre Pereira; o PSB, de Élcio Batista; e o PV, de Célio Studart. E tem a estranha situação do PT, adversário municipal e aliado estadual, no qual se tenta tropegamente estabelecer pontes com a situação em Fortaleza.

Leia também | Após 8 anos na base de Roberto Cláudio, o que propõem partidos com candidatos próprios?

 

É uma incógnita quais dessas candidaturas se sustentarão. E quais estão aí para negociar espaço na chapa do PDT. Élcio, por exemplo, participou da live dos pré-candidatos do PDT. Alexandre Pereira fez live para lançar a pré-candidatura e o prefeito Roberto Cláudio participou. Em ambos os casos, parece improvável não estarem na aliança do prefeito.

Ao lado de Roberto Cláudio, Célio Studart visitou obra de clínica veterinária. As candidaturas de Célio e a de Anízio me parecem mais consolidadas, menos prováveis de serem retiradas. Já as de Alexandre e Élcio, parecem-me postas, sobretudo, para negociação. Élcio, por exemplo, é bastante citado como nome para vice na chapa do PDT. Claro, trato de possibilidades.

O discurso do
adversário de situação

A questão é: qual discurso de campanha pode fazer um candidato cujo partido passou oito anos na base do prefeito? Qual a proposta para a sucessão de um ciclo que apoiou inteiramente? Anízio deu sinalização, ontem, ao responder a Guálter. Reconheceu acertos e avanços da atual gestão - até porque oito anos de aliança não são oito dias. Destacou a administração pedetista como parte do campo democrático. Então, por que lançar candidatura própria?

Ele aponta: "Nos propomos a não ser a continuidade, ser a superação, ser os avanços. A garantir maiores comprometimentos, maiores atenção e prioridade principalmente para as áreas periféricas da nossa cidade. Entendemos que é necessário gerar renda, gerar emprego, investir na ciência e tecnologia. Garantir nessa cidade pós-pandemia novas prioridades. Manter o que foi correto e corrigir algum tipo de distorção."

É ainda vago. Veremos se na campanha dará para entender melhor o que o PCdoB espera manter e o que espera mudar. O mesmo para outros partidos que estão há tanto tempo no governismo e agora buscam experiência-solo. Parte do projeto de candidatura passa pelo fortalecimento das legendas, o projeto dos partidos. Sobre isso voltarei ao assunto.

 Jair Bolsonaro segura uma caixa de cloroquina.
Foto: MATEUS BONOMI/AGIF/AE
Jair Bolsonaro segura uma caixa de cloroquina.

Propaganda do remédio mágico

O presidente Jair Bolsonaro tem se dedicado à mais explícita e recorrente propaganda pública de um produto privado, ao apontar a cloroquina como remédio para a pandemia que já matou 94 mil brasileiros. Isso apesar de ele admitir que não tem comprovação científica. Na sexta-feira, este colunista aguardava num consultório odontológico quando ouviu de uma senhora que teve Covid-19, mas com sintomas bem leves. O motivo? Tomou cloroquina. "Basta tomar o remédio que ninguém morre, com certeza", disse ela.

O problema é as pessoas acharem - e terem certeza até - de que questão tão séria é resolvida com passe de mágica, com solução milagrosa.

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