Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Não parece provável um acordo entre PT e PDT em Fortaleza. Os petistas lançaram Luizianne Lins e uma composição hoje dependeria de acordo com ela. Quando se manifestou, ela não mostrou muita disposição para entendimento, ao contrário. Além disso, o PT nacional tem chancelado o projeto de candidatura na Capital. Quase nada sugere que o PT possa ceder. Mas, veio um sinal.
A convenção do PT seria domingo, 13. Foi adiada em três dias. Será dia 16, o limite do prazo. Um dos motivos é que as convenções poderão ter público de até 100 pessoas a partir do dia 14 - como de resto a liberação para eventos. Outra razão é para manter mais conversas. Assim, o partido abre espaço para acordo.
O principal agente em prol desse entendimento é Camilo Santana (PT). O governador tem conseguido sustentar uma gigantesca aliança política mesmo com o nível de polarização que há hoje no País. Dialoga bem com muitos partidos e raramente não consegue o que quer. Com uma exceção: o partido aliado que menos dá ouvidos ao governador e menos se incomoda em contrariá-lo é o dele próprio, o PT.
A tentativa de unir PT e PDT em Fortaleza é a empreitada política mais complicada à qual o governador se dedicou. Ainda me parece estar mais perto do que longe de se concretizar. Mas, Camilo conseguiu ao menos um gesto pelo entendimento.
O PT foi ao ritmo Ferreira Gomes e empurrou sua decisão até o limite do tempo. Três dias a mais para conversar mudam alguma coisa numa eleição que já foi adiada por 43 dias? Bem, se houver disposição, até em uma hora se fecha acordo.
A tarefa não é simples porque Fortaleza tem uma situação particular: dois fortes nomes nacionais nesse bloco têm muita força política no Estado. São eles Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT). O petista é muito forte no Ceará e o pedetista não é tão forte assim em nenhum outro estado. Para complicar, os dois não têm se entendido no plano nacional. O acordo em Fortaleza dificilmente deixaria de levar em conta o componente nacional.
E, o PT abrir mão de candidatura para apoiar o PDT em Fortaleza significará fortalecer Ciro no enfrentamento contra o bolsonarismo.
Nome para acordo
No caso de sair acordo, é bastante provável que o PT queira discutir o nome. Até Luizianne havia dito que abriria mão se o PDT apoiasse um petista. Porém, o presidente nacional pedetista, Carlos Lupi, negou ao colega Carlos Holanda a hipótese de apoiar candidato de outro partido.
Para apoiar um pedetista, quanto mais ligado ao prefeito Roberto Cláudio for o candidato, menos palatável será à ex-prefeita Luizianne Lins. Se esse fator contar, pesará contra Samuel Dias, provavelmente o favorito. Talvez só não fique atrás, por esse critério, de Salmito Filho, com quem a ex-prefeita teve seus desencontros na época de PT.
Hegemonia no grupo
O movimento entre PDT e PT é relevante para o grupo Ferreira Gomes e com particular ênfase para Camilo. A aliança governista inicia momento de transição geracional. Roberto Cláudio deixa a Prefeitura. Daqui a dois anos, será a vez de Camilo. Eles são a geração hoje no poder. A forma como se posicionarem começará a determinar o espaço que terão daqui a dois anos quando o clã decidirá como tentará manter a supremacia no Estado. Voltarei ao assunto.
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