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Roberto Cláudio, Luizianne e a saída possível
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Roberto Cláudio, Luizianne e a saída possível

A partir de hoje, o País entra nos últimos e decisivos momentos antes do início do período de convenções partidárias para a eleição deste ano. Os eventos, que oficializarão as chapas de candidatos para prefeituras e câmaras municipais, devem ser realizados entre 31 de agosto e 16 de setembro. A pressão do relógio deve ser decisiva principalmente em Fortaleza, onde várias das principais forças políticas seguem na total indefinição para a disputa.

Seguindo o já tradicional estilo Ferreira Gomes, o PDT entra nas vésperas da eleição deixando a definição de candidaturas para a última hora. Atualmente, o partido mantém ciclo de debates entre os cinco pré-candidatos Ferruccio Feitosa, Idilvan Alencar, Salmito Filho, Samuel Dias e Sarto Nogueira. Não há, no entanto, escolha clara de nomes nem mesmo diálogo com partidos aliados para a vice da chapa.

Algumas siglas, como o PSD, já indicaram publicamente interesse na posição. Até agora, no entanto, pedetistas parecem mais interessados em administrar outra questão na base aliada: a possibilidade de uma aliança entre o partido e o PT já no primeiro turno da eleição. Desde o início das discussões eleitorais, o governador Camilo Santana (PT) não tem escondido o interesse em ver petistas e pedetistas marchando juntos na disputa, chegando a exonerar o assessor especial Nelson Martins (PT) dentro do prazo eleitoral, de olho em abrir o caminho para uma chapa entre os partidos.

A pretensão, no entanto, esbarra em candidatura colocada de deputada Luizianne Lins (PT) para a Prefeitura. A parlamentar já destacou que pode abrir mão da disputa, desde que o grupo se feche em torno de um candidato petista. Nesse sentido, grupo de parlamentares e ex-parlamentares do PT e outros partidos da base aliada organiza, para esta quinta-feira, lançamento de um manifesto defendendo a necessidade de uma frente ampla de forças opositoras a Jair Bolsonaro na Capital.

Luizianne já admitiu abrir mão da candidatura por um acordo em torno de um nome do PT
Foto: MATEUS DANTAS, em 24/6/2019
Luizianne já admitiu abrir mão da candidatura por um acordo em torno de um nome do PT

Vale tudo

Entre outros partidos de grande expressão na Capital, prevalece a mesma indefinição. Aliado do governo Camilo, mas adversário do clã Ferreira Gomes, o MDB do ex-senador Eunicio Oliveira não descarta nenhuma opção, de apoiar opositores ao PDT até lançar candidato próprio na disputa. A movimentação, claro, é acompanhada de perto pelo governador.

Já o DEM, partido importante da base aliada e que hoje indica a vice de Roberto Claudio, é alvo de disputa acirrada por pré-candidatos. Nacionalmente, tanto Ciro Gomes (PDT) quanto Capitão Wagner (Pros) têm buscado lideranças do partido de olho nas disputas de 2020 e 2022. Mais uma vez, a corrida ainda não chegou a nenhuma definição.

A esse cenário conturbado e cheio de rachas, se somam ainda dezenas de pequenos partidos sem fidelidade fechada e até outras candidaturas de candidatos da própria base aliada do governo, como Anízio Melo (PCdoB) e Célio Studart (PV).

O mundo e suas voltas

O cenário, confuso e imprevisível, remete a outros arranjos da base dos Ferreira Gomes no Ceará. Em 2014, o nome de Camilo Santana foi decidido um dia antes do fim do prazo para o registro de candidaturas, em movimentada reunião entre lideranças aliadas na residência oficial do então governador Cid Gomes (PDT). Na convenção da coligação, circulavam rumores de que banners com outros candidatos chegaram a ser impressos para o evento, diante da tamanha interrogação.

Até o último momento das negociações, o PT estava fechado em lançar José Guimarães para o Senado, e já tinha até lançado estranho manifesto defendendo "candidatura de outro partido" na disputa. Em prol da aliança, acabou abrindo mão da pretensão pessoal. A situação lembra bastante o imbróglio vivido hoje entre petistas e pedetistas em Fortaleza. Luizianne, no entanto, não parece muito aberta à ideia. A base de Roberto Cláudio, por outro lado, parece bem interessada.

Foto do Carlos Mazza

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