Campanha de Sarto demonstra surpresa com Luizianne
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Hoje a campanha eleitoral completa um mês. Esta semana trará novas rodadas de pesquisas, que podem apresentar novo cenário. Na realidade até agora conhecida, a campanha de Sarto Nogueira (PDT) partiu para cima com vigor da candidatura de Luizianne Lins (PT). Cita pesquisas e notícias sobre a reprovação dela como prefeita. Diz que Fortaleza não deve andar para trás. Houve uma clara mudança de direcionamento da campanha do PDT. Aliás, tem sido a campanha majoritária dos Ferreira Gomes com mais solavancos em mais de uma década. Inclusive com o candidato fora por duas semanas, vitimado por Covid-19 e submetido até a uma internação.
Não dá para apagar o que a população de Fortaleza viveu alguns anos atrás: saúde precária, grandes filas e descaso por parte da gestão.
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Desde que a campanha eleitoral ficou mais curta, em 2016, é a primeira vez seja no Estado seja na Capital que o candidato do grupo sai atrás. O fato de isso não ter mudado após um mês parece ter assustado o comando. Os Ferreira Gomes são profissionais da política como não há nenhum outro no Ceará. Deram traço em Tasso Jereissati (PSDB), em Eunício Oliveira (MDB). Não convém subestimá-los. Com o tempo até a eleição, o espaço de que dispõem no horário eleitoral, o dinheiro e a estrutura com que contam, a diferença para Luizianne, não julgo nada difícil que Sarto vá para o segundo turno, e não a petista. Porém, o comportamento da campanha é revelador.
Os sinais da campanha pedetista, os movimentos arriscados, indicam preocupação no lado dos Ferreira Gomes. Faltam pouco menos de três semanas até a eleição. Por que a aparente aflição? Por que a pressa? Por que correr o risco a que se expuseram?
Afinal, bater em Luizianne da forma como têm feito dificulta bastante um entendimento com o PT para o segundo turno. Certamente com a candidata. A principal preocupação pedetista em relação ao PT, no momento, é usar a imagem de Camilo Santana (PT). Isso ocorrerá inapelavelmente em caso de um segundo turno contra Capitão Wagner (Pros). Será só isso?
Como escrevi, os Ferreira Gomes são profissionais da política. Não devem ser subestimados. Por isso, as chances de Sarto ir ao segundo turno são grandes. E também por isso a preocupação que demonstram também é repleta de significados.
A impressão que a campanha transmite é de que se surpreendeu com Luizianne. Não esperava que ela demonstrasse a força que tem até agora nas pesquisas. Pelo menos antes da rodada de consultas desta semana. As campanhas têm seus números internos, que norteiam as ações. A campanha de Sarto não age como quem tem indicadores favoráveis ao menos até aqui.
Luizianne já surpreendeu em outras ocasiões. Ao ser eleita em 2004. Ao ser reeleita no primeiro turno após a péssima e tumultuada largada em 2008. Em 2012, Cid Gomes (PDT) fazia muitas reservas a uma nova aliança com o PT. A maior delas porque queria uma candidatura competitiva, capaz de vencer. Não via isso em Elmano de Freitas (PT), que foi para o segundo turno na frente de Roberto Cláudio (PDT). Para o grupo sair vitorioso, teve de ralar muito.
Em 2016, Luizianne viveu seu pior momento político. Com 15%, ficou na terceira colocação e jamais ameaçou ir ao segundo turno. Era época do impeachment de Dilma Rousseff (PT), fundo do poço do PT. Além disso, o PDT tinha um candidato mais forte: Roberto Cláudio disputando a reeleição. Ela larga mais forte agora. A rejeição dela segue alta, mas não incapacitante para ir ao segundo turno.
A campanha pedetista aparentemente foi pega particularmente de surpresa pelo uso ostensivo do nome e da imagem do governador Camilo Santana. Isso não ocorreu em 2016, quando o governador não tinha a mesma força. Na campanha Ferreira Gomes há quem credite muito do desempenho dela ao fator Camilo.
Isso explica a pouca preocupação em comprar a briga frontal com a candidatura do PT. Para se preocupar com alianças no segundo turno, é necessário primeiro chegar lá. O grupo que governa o Ceará demonstra que projetava um caminho menos atribulado.
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