Supremo descobriu agora que Moro não devia julgar Lula?
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Anular decisões da Lava Jato é coisa que muita gente defendia no meio jurídico. Mas, a forma como isso ocorreu é estranha. O ministro Edson Fachin entendeu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não podia ter sido julgado na Justiça Federal em Curitiba. Não caberia ao ex-juiz Sergio Moro julgá-lo, pois não haveria vínculo direto com as irregularidades na Petrobras. Faz sentido? Para mim faz. Há muito tempo ficou difícil entender quais os limites das atribuições da 13ª vara federal da capital paranaense. Tudo quanto era processo ia parar lá. Tinha-se impressão de que abastecer o carro em um posto de combustível podia ser o bastante para vincular às investigações na Petrobras e, assim, ir parar no banco dos réus do doutor Moro.
O que estranho é: só agora descobriram isso? Agora entenderam que não era Moro quem davia julgar Lula? Gente, a Lava Jato começou em 2014. Depois disso, houve impeachment, muito influenciado pela decisão. Lula ficou preso mais de um ano e meio. Jair Bolsonaro foi eleito, também com influência da operação. Moro virou ministro, depois rompeu com o presidente e saiu acusando. E agora me aparece o ministro Fachin para dizer que Moro não devia ter julgado Lula?
Eu não estou dizendo que devia, não. Estou perguntando por que só agora, depois de sete anos, descobriram isso.
Perspectiva de Lula candidato mexe com todas as peças na política
O mero surgimento no horizonte da possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser candidato causou um rebuliço na política brasileira. Todos os atores se moveram de imediato.
O presidente Jair Bolsonaro disse que não acredita que o povo queira Lula como candidato, que dirá eleito. Já o representante mais adequado de Bolsonaro no Ceará, deputado estadual André Fernandes (Republicanos), disse: "Vai ser prazeroso ver Bolsonaro destruindo Lula."
Expressam duas perspectivas do bolsonarismo: alguns reagem à possibilidade de Lula ser candidato. Outros dizem que querem é o confronto mesmo, por razões diversas. Alguns consideram que a polarização com o PT é combustível para Bolsonaro.
Ciro Gomes (PDT) postou vídeos nos quais falava, no passado, sobre ilegalidades da Lava Jato e ressaltou que sempre tentou avisar ao Brasil. Diz ainda que foi feita Justiça a Lula, porque foi vítima de perseguição do ex-juiz Sergio Moro — embora acrescente que isso não significa que Lula é inocente porque, na opinião dele, não é. Disse ainda, em entrevista à CNN, que Lula representaria volta ao passado como candidato.
Na mesma entrevista, ele disse que o debate sobre a candidatura vai além de derrotar Bolsonaro. É preciso, ele defende, diálogo, equilíbrio e fim do sectarismo político.
Ciro é, do jogo político, a personagem mais afetada pela eventualidade de Lula ser candidato. Ele tenta disputar o espaço petista. Em 2018, não ficou nem perto de ter a metade dos votos de Fernando Haddad. Daí você projeta as chances dele com Lula concorrendo.
Cotado para ser candidato, Luciano Huck ironizou: "Figurinha repetida não completa álbum." No Psol, nomes como Marcelo Freixo (RJ) e Renato Roseno (CE) elogiaram a decisão. E, claro, o PT foi só alegria. No fim, Lula será candidato? Amanhã eu comento.
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