Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Elmano Freitas (PT) larga bem atrás de Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (PDT), mas tem duas armas poderosas para tentar alcançá-los. Já são bastante explorados: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Camilo Santana (PT). Segundo a pesquisa Ipespe, o apoio de Lula aumenta as chances de 50% dos eleitores votarem em um candidato. O apoio de Camilo influencia positivamente o apoio de 48%.
Por outro lado, outro fator que também está posto, para Wagner o apoio de Bolsonaro é um problema. São 43% os eleitores que dizem que o apoio do presidente reduz a chance de votar no candidato. Aqueles para quem o apoio de Bolsonaro tem efeito positivo são 17%. Dificuldade extra para o candidato é o fato de que 20% dos que declaram voto em Wagner dizem que o apoio de Bolsonaro reduz a chance de escolher aquele candidato a governador.
Já para Roberto Cláudio, os apoios de Ciro Gomes (PDT) e Tasso Jereissati (PSDB) são indiferentes para a maioria. Assim como o de Izolda Cela e de Cid Gomes (PDT), caso escolham lado.
O que os nomes acrescentam
Muitas definições no Ceará ficaram para esta sexta-feira, fim do prazo para oficializar candidaturas. Na candidatura de Capitão Wagner (União Brasil), o vice escolhido é o ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PL). É um político bem mais tradicional que os colegas de chapa, com larga tradição, muitos cargos ocupados, força na Região Metropolitana de Fortaleza, mas também presença em municípios do Interior. Para o Senado, a escolha foi Kamila Cardoso (Podemos). A advogada foi vice de Wagner na campanha de 2020 pela Prefeitura de Fortaleza. Ganhou notoriedade com a campanha para o filho, Kaio Cardoso, conseguir transplante de medula óssea. É um nome cuja força é menos política, e mais pela trajetória familiar. É próxima ao senador Luis Eduardo Girão.
Roberto Cláudio (PDT) conseguiu atrair um nome que surpreende para o Senado. Amarílio Macêdo, empresário muito conhecido, tem inserção na sociedade cearense. Na política, tem trajetória relevante. É talvez a pessoa que melhor personifique aquilo que o PSDB pretendia ser quando foi fundado. Manteve interlocução com setores progressistas, fez a ponte para setores da esquerda, como o PCdoB, apoiarem Tasso Jereissati em 1986. E tentou, sem grande sucesso, ser a ponte dos movimentos sociais com o então governo. Quase foi candidato a governador em 1998, até Tasso decidir concorrer à reeleição.
Quanto a Elmano Freitas (PT), Renata Almeida talvez seja a maior surpresa. Exerceu funções de governo, mas nunca com visibilidade. De família política, ao ser anunciada levou até aliados a se perguntarem quem era ela. Entra por causa da composição política, para contemplar o MDB. E foi feito esforço para encontrar uma mulher, depois das críticas feitas por Izolda Cela não ter podido disputar a reeleição como governadora.
O peso político
Do ponto de vista político, a chapa para o governo de Roberto Cláudio-Domingos Filho tem mais estrada, de longe: um ex-prefeito e um ex-vice-governador, ambos ex-presidentes da Assembleia Legislativa. Wagner também tem uma chapa pesada, com Raimundo Gomes de Matos. Elmano-Renata são, das três, a chapa menos conhecida. O que pode ter a vantagem do certo ar de novidade, o que não é propriamente a virtude dos adversários. Porém, politicamente, a dupla de PT-MDB larga atrás.
Já para o Senado, o PT larga bem na dianteira com Camilo Santana. Numa disputa que, pelo exposto acima, é inglória para qualquer adversário, Amarílio Macêdo é um nome que vai além do que seria fazer figuração. O quanto isso irá se reverter em votos é uma questão que a eleição responderá. Kamila é um perfil bem diferente. Parece improvável que Camilo seja ameaçado, mas há uma campanha e uma eleição por ocorrer. Roberto Cláudio e Wagner conseguiram candidatos ao Senado que acrescentam a ele. Já é mais do que as articulações prévias indicavam.
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