Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Em momento no qual o PDT cearense vive deflagração interna sobre a relação com o governador Elmano de Freitas (PT), o prefeito José Sarto (PDT) tornou público ingrediente que transferiu o assunto da esfera política para a administrativa. Até então, chegou-se a assistir ao prefeito sair de reunião na qual a posição em relação ao governo era discutida para participar de inauguração ao lado de Elmano. Na qual ambos faziam juras de que a questão partidária não afetaria a esfera administrativa. Internamente, Sarto foi se tornando gradualmente a ponta de lança da ala oposicionista do PDT. Com o acirramento do debate público, particularmente com o senador Cid Gomes, o clima foi piorando. Agora, chegou à esfera administrativa.
O motivo é o serviço de transporte coletivo de Fortaleza. Ainda na época em que Camilo Santana (PT) era governador, foi acertado aumento de repasse estadual para evitar que a tarifa de ônibus em Fortaleza subisse em plena pandemia. Sarto, ao anunciar que o preço da passagem irá subir, mencionou que desde o início do ano, o Estado interrompeu o repasse de R$ 3 milhões por mês. Elmano não gostou.
“Lamento que o prefeito não fale exatamente toda a verdade dos fatos”. Reforçou que a responsabilidade é municipal. E acrescentou: “O que não posso admitir é distorção de fatos para confundir a população e desviar o foco de suas responsabilidades”. Além de elencar as iniciativas do Estado em apoio ao transporte municipal, ele destacou: “Lembro ao prefeito que meu compromisso, assumido publicamente na campanha, foi de garantir gratuidade para todos e todas no transporte da Região Metropolitana, para ajudar os trabalhadores e estudantes que precisam se deslocar pra capita. E irei cumprir”, afirmou, para em seguida cobrar Sarto. “Espero que ele faça o mesmo, quando prometeu recentemente dar gratuidade aos estudantes da capital”.
Bem, de fato, o Estado dava um subsídio ao transporte de Fortaleza e parou de pagar. Elmano mencionou haver outros aportes na mesma área e se referiu ao pagamento como “extra”, devido a dificuldades financeiras da Prefeitura naquele momento. Mas, Sarto se manifestou como quem ainda contava com o dinheiro.
Entre aliados, a coisa seria resolvida de outra forma. Se o Estado iria mesmo parar de pagar, antes conversaria a respeito. Se a Prefeitura fosse cobrar, não seria publicamente. As circunstâncias são administrativas, mas a política interfere na forma de agir.
Impacto para a população
A política cearense se desacostumou das brigas entre governador e prefeito da capital, mas isso era mais a regra que a exceção. Disso eu falo outro dia. O ruim é que, seja de quem for a responsabilidade, para a população há um impacto muito direto. Há pessoas que deixam de pegar ônibus por não terem dinheiro. Mais gente passará a essa condição agora. Por isso, também, o debate público entre Sarto e Elmano é tão sensível. A questão não é abstrata ou distante da população, como vários temas da política. Trata-se de algo que o fortalezense irá vivenciar todo dia.
Desde o início do Plano Real, lá se vão quase 30 anos, nunca houve aumento de valor tão alto, em termos absolutos, quanto os 60 centavos de agora.
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