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Um ano em um dia
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Um ano em um dia

PDT, PT, PSB, União Brasil e PL se agitam no mesmo dia em relação a 2024
Tipo Opinião
Capitão Wagner e Evandro Leitão. Ao fundo, Camilo Santana (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Capitão Wagner e Evandro Leitão. Ao fundo, Camilo Santana

Tem dia em que a política parece calma, tomada por certo marasmo. Político, porém, é igual a criança em casa: se estiver muito quieto, vá atrás porque pode estar aprontando. Em outros dias emergem os resultados das travessuras. Esta sexta-feira, 25 de agosto, foi até aqui o dia mais importante para as eleições 2024. Houve movimentações diversas e de todos os lados. As coisas não estão descasadas.

O PDT Ceará, sob Cid Gomes, deu permissão para o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, sair do partido sem perder o mandato. Se a carta de anuência será válida ou não é outro problema. O presidente nacional André Figueiredo diz que ela não tem valor e essa briga deve render. O PDT está aos pandarecos.

No mesmo dia, Luizianne Lins (PT) confirmou o que já era cogitado: colocou-se como pré-candidata a prefeita. Coincidências acontecem, mas é difícil supor que ela firmou posição de se lançar sem ter a informação do movimento que seria feito por Evandro. O presidente da Assembleia Legislativa afirmou, no início do mês, ao O POVO, ele indicou que ficaria em um partido no campo da esquerda. Evandro se encaminha para deixar o PDT para ser candidato a prefeito. E pretende fazer isso pelo mesmo bloco do qual Luizianne é parte.

No mesmo dia, evento do Centro Universitário Uninta, de Oscar e Moses Rodrigues, estiveram desde Camilo Santana (PT) até Capitão Wagner (União Brasil), passando pelo prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves, presidente do PL. No campo conservador, houve indicações algo vacilantes sobre um entendimento, o que levou o deputado André Fernandes a ser taxativo sobre o PL ter candidato próprio, que tende a ser ele. Os Rodrigues, vale dizer, são adversários dos Ferreira Gomes em Sobral, embora tenham se aproximado do governismo.

Neste sábado, Eudoro Santana assume o comando do PSB, um dos possíveis destinos de Evandro.

No meio disso tudo, o filho de Eudoro — Camilo — repete que só tratará de eleição em 2024. Elmano de Freitas (PT) diz o mesmo, embora se controle menos. Ontem, o prefeito José Sarto (PDT), já anunciado pré-candidato à reeleição, também minimizou as antecipações de humores eleitorais. “Dizia o amigo meu lá do interior de Acopiara que eleição só acontece no dia. A eleição só vai ocorrer no primeiro domingo de outubro de 2024”. É verdade, mas acontece a partir do que foi construído antes.

O prefeito fez uma alusão curiosíssima. "Daqui até lá, como é que diz também no interior, morrem Mateus que tange o burro e o burro". Trata-se de referência a uma fábula de Jean de La Fontaine. A história fala de um sujeito que promete ao rei transformar um jumento em orador. Pede adiantamento em dinheiro e se compromete a realizar o feito no prazo de dez anos, sob pena de ser morto caso não tenha sucesso.

Quando alguém alerta que ele irá terminar na forca, ele retruca: "Daqui a dez anos é tanto tempo que, até lá, ou morreu o jumento, ou morreu o rei, ou morri eu". La Fontaine conclui a história: "É de cabeça tonta com dez anos de vida fazer conta". Na política do Ceará, plano de um ano já pode ser para “cabeça tonta”.

A fábula se chama O charlatão.

O plano de Cid

Escrevi na semana passada sobre o estranho acordo feito por Cid Gomes para assumir o PDT só até o fim desse ano. Conversei com aliados e adversários dentro do partido e as pessoas diziam não saber ao certo qual era o plano. O que ganhava em brigar pelo comando da sigla só até dezembro, e devolvê-lo a André Figueiredo para as eleições municipais. Eu concluí assim: “Cid é uma raposa política e não dá ponto sem nó. Pode-se não enxergar aonde ele quer chegar, mas ele sabe”.
Com a anuência para a saída de Evandro, parece agora claro qual era a intenção, ou parte dela.

Foto do Érico Firmo

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