Logo O POVO+
Falar em anistia é deboche
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Falar em anistia é deboche

A pauta já era complicada e, nas atuais circunstâncias, é politicamente impraticável
Tipo Opinião
Veículo da Polícia lançado no espelho d'água do Congresso Nacional por manifestantes golpistas em 8 de janeiro de 2023 (Foto: SERGIO LIMA/AFP)
Foto: SERGIO LIMA/AFP Veículo da Polícia lançado no espelho d'água do Congresso Nacional por manifestantes golpistas em 8 de janeiro de 2023

A prioridade do bolsonarismo é a anistia aos condenados pela depredação dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Aliás, não sei mais se é, depois da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) sobre uma tentativa de golpe de Estado. Quando se colocou o impeachment de Lula na pauta, Jair Bolsonaro (PL) tratou de intervir e reorientar para a questão primordial. Há ações em várias frentes. Anistia de um lado, a mudança na lei da Ficha Limpa de outro são, ou eram, a linha de frente da ofensiva para deixar Bolsonaro livre para se candidatar em 2026.

Poucos são os que ainda gastam energia em negar a existência de um plano de golpe. O fundamento da defesa é dizer que Bolsonaro não tinha conhecimento. A trama está exposta em vários elementos. Alguns foram tornados públicos na investigação da Polícia Federal. Outros eram públicos. A postura de Bolsonaro e membros do governo, a recusa em reconhecer o resultado eleitoral, a tolerância com acampamentos golpistas. Havia ações públicas e de bastidor, de forma orquestrada. Tudo isso culminou com o 8 de janeiro. A anistia era parte do golpe, a alternativa se tudo saísse errado.

Não foi algo espontâneo, mas organizado e financiado. São coisas articuladas e que aconteceram. Responsabilidades foram apresentadas na denúncia da PGR e agora serão julgadas.

A essa altura, em meio a denúncia e julgamento, falar em anistia é uma afronta à PGR e ao Supremo Tribunal Federal (STF), um acinte à sociedade brasileira, um deboche com a democracia. A pauta já era complicada e, nas atuais circunstâncias, é politicamente impraticável.

“Infiltrados”

Engraçado que, quando houve o 8 de janeiro, a oposição culpou esquerdistas, gente infiltrada. Agora, fazem um estardalhaço para anistiar “comunistas” e “infiltrados”. Falam agora que são velhinhos, donas de casa, coitados. Tá certo.

André Fernandes não quer conversa sobre bloco

Comentei aqui ontem que o deputado federal André Fernandes (PL) não esteve em reunião com Jair Bolsonaro (PL), na quarta-feira, 19, porque estava em Fortaleza. Isso foi o que ele informou ao correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage.

O interessante é que, na terça-feira, haveria o encontro na Assembleia Legislativa de um pretenso bloco de oposição. No fim das contas, a presença dos principais líderes foi desmobilizada, com argumento de problema de agenda. André e Roberto Cláudio (PDT) não poderiam ir, então Capitão Wagner (União Brasil) também desistiu. Ficaram na reunião só os deputados estaduais, que já estariam na Assembleia mesmo.
Da parte de André, o conflito de agendas informado é que ele estaria em Brasília. Porém, no dia seguinte, ele disse que estava em Fortaleza. Pode ter ido e voltado? Pode.

Porém, há alguns elementos a sugerir que o deputado federal não está fazendo muita questão de formar uma frente de oposição, não. No mesmo dia em que a reunião ocorreria, Fernandes disse ao colega Carlos Mazza, na Vertical, que o PL terá candidato próprio a governador e mais dois candidatos a senador.

Vale lembrar que o pai de André, deputado estadual Alcides Fernandes (PL), não estava no encontro da oposição na terça, embora estivesse na Assembleia na mesma manhã. Na semana anterior, quando Roberto e Wagner estiveram por lá e fizeram foto com os oposicionistas, ele tampouco apareceu.

André saiu das urnas em alta; Wagner e Roberto, em baixa. Talvez não queira se misturar. Certamente, demonstra acreditar que ele e o PL se garantem sozinhos, quem quiser que vá atrás.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?