Logo O POVO+
O meio ambiente não ganha (quase) nenhuma
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O meio ambiente não ganha (quase) nenhuma

Quando de um lado está um grande investimento e do outro o meio ambiente, este último sempre sai perdendo
Tipo Opinião
NA imagem, os 46 hectares desmatados da Floresta do Aeroporto (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES NA imagem, os 46 hectares desmatados da Floresta do Aeroporto

O governador Elmano de Freitas (PT) disse que o centro logístico previsto para ser construído sobre a devastação de 46 hectares de floresta em Fortaleza, na área do aeroporto, será importante para a economia do Ceará. Imagino que seja mesmo. São R$ 200 milhões de investimento na largada, chegando a R$ 1 bilhão ao longo de oito fases. Agora, como se quantifica quanto vale uma floresta?

Pelo que já acompanhei de empreendimentos no Ceará, floresta, duna, serra, mangue, tudo isso vale muito pouco. Por alguma quantia de dinheiro, que às vezes nem é tanto assim, e alguns empregos, que também nem sempre são algo que mudará a realidade do local, aceita-se praticamente tudo.

Avenida passa por cima de área verde, termoelétrica a carvão se instala no litoral, shopping center é construído sobre riacho, condomínio é erguido em cima de vegetação em serra, e colocado por cima de parque, resort é feito em duna. Não há nada que o dinheiro não compre, coisa alguma que não esteja à venda. O centro de logística pode ser importante, mas a floresta também era.

Alguns governantes dizem defender o meio ambiente. Outros nem disfarçam e defendem “passar a boiada”. Mas a coisa mais difícil que eu já vi é algum grande empreendimento chegar com milhões e com promessas e não ter apoio total dos governos.

O que temos de mais responsável na média das gestões são aquelas que ainda fazem esforços de mediação, para adaptar os projetos para reduzir o impacto dentro do possível. Porém, numa dividida, quando de um lado está um grande investimento e do outro o meio ambiente, este último sempre sai perdendo. É nesse tipo de escolha que se verifica qual a prioridade de um gestor. Raramente o meio ambiente está no topo.

Raras e notáveis exceções foram quando não foi para frente a ideia de transformar a Praia do Titanzinho em estaleiro e quando se evitou liberar construções numa das raras áreas remanescentes de dunas no Cocó. Foi por pouco nas duas vezes.

Centrão ganha dos dois lados

Os cortes de cargos dos deputados que não votam com o governo ocorre em uma realidade na qual os parlamentares hoje se importam menos em ocupar esses espaços. Na teoria. O valor de emendas parlamentares cresceu tanto de uma década para cá que hoje há gente que rejeita convite para virar ministro e prefere seguir como deputado. A velha forma de obtenção de apoios parece menos atrativa.

Porém, o que se constata é que o pessoal gosta de ganhar por um lado, mas não abre mão do outro. Eles negociam e emplacam indicados em vários órgãos federais. Nesse meio, não se dispensa nada. Porém, isso não se reverte em apoio ao Planalto.

Governo feito de trouxa

Políticos que votam reiteradamente contra o governo mantêm, ou mantinham, indicações no Executivo. Como mencionou Guálter George no podcast Jogo Político, até José Trabulo Junior estava em posto na Caixa Econômica Federal, como consultor da presidência. Ele é unha e carne com o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), um dos mais ruidosos defensores de Jair Bolsonaro (PL).

Nesse caso, se havia indicações de políticos que ficaram contra as propostas da administração em grande parte das votações importantes, aí o governo fazia mesmo papel de trouxa.

O cargo é uma coisa, a bancada é outra

A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou empréstimo de R$ 200 milhões para a Prefeitura. Foram 31 votos a favor e 10 contra. Os dois vereadores do Psol votaram contra. O partido tem posição de algum de destaque na gestão, com Técio Nunes, secretário de Políticas sobre Drogas. Mas ele é de uma corrente no partido, os parlamentares eleitos são de outras. E eles não se entendem.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?