Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Reprodução/vídeo/União Brasil
ANTÔNIO Rueda e o recém-filiado Roberto Cláudio
A federação entre União Brasil e Progressistas se tornou crucial na eleição no Ceará — quem se aventura a me acompanhar habitualmente já deve ter lido isso algumas vezes. É o conglomerado com mais governadores, mais prefeitos, mais senadores e mais deputados federais no País. Compreensivelmente, passou a ser disputada entre forças de situação e oposição. Não por nada: o bloco é capaz de tornar competitiva uma candidatura contra Elmano de Freitas (PT). Por outro lado, se fosse bem-sucedida a operação para levar os partidos para a base, haveria potencial de inviabilizar a chapa adversária.
Na filiação de Roberto Cláudio, os discursos de Antônio Rueda e outros dirigentes do partido parecem encerrar qualquer polêmica que eventualmente houvesse sobre qual lado. O partido, hegemônico na federação no Ceará, é situado como oposição.
O problema é que o Progressistas estadual está na base, muito bem alocado, e sem intenção de sair. E há figuras importantes do União Brasil que são governistas, inclusive os dois deputados federais mais votados.
Capitão Wagner, dirigente local da legenda, fala até em expulsão de quem apoiar Elmano. Não é simples. A eleição é em outubro, os mandatos terminam em janeiro. Com os recursos, a chance de o processo transcorrer não é grande. Em março há a janela, mas, como disse Elmano, é de se discutir se o partido irá querer a saída dos puxadores de voto. Como mostrou o correspondente João Paulo Biage, Rueda não abraça a tese.
A Assembleia Legislativa do Ceará aumentou, por proposta do deputado estadual Romeu Aldigueri (PSB), o número de assinaturas necessárias para a instalação de CPI. Foi de 12 para 16, conforme mostrou a coluna do colega Guilherme Gonsalves. O argumento foi equiparar ao Congresso Nacional, onde o número é de um terço. Há também intenção de reduzir o número de comissões. Não sei se as comissões têm sido excessivas. O que tem faltado a elas é relevância, no Ceará ou em Brasília.
Na prática, a mudança dificulta a instalação desse tipo de colegiado pela oposição. Hoje é quase impossível alcançar o número, mas fica inviável, salvo com apoio de governistas.
Político, quando está no poder, parece que esquece que as coisas mudam. A situação de hoje é a oposição de amanhã. Verdade que, no Ceará, os governistas se cristalizam. Mas uma hora o vento muda.
Foi criada uma estratégia muito usada por aqui para evitar investigações inconvenientes para os governantes. Há limite máximo de CPIs que podem funcionar ao mesmo tempo. Então, quando os oposicionistas iniciavam a árdua tentativa de coletar assinaturas, os governistas rapidamente se valiam das folgadas maiorias e propunham investigações sobre quaisquer irrelevâncias, apenas para preencher a fila e não deixar a empreitada adversária ir adiante.
A primeira vez que vi o estratagema ser aplicado foi quando Juraci Magalhães era prefeito. Quando Luizianne Lins (PT) tomou posse para sucedê-la, a base na Câmara Municipal replicou a estratégia. Teve comissão até sobre o espaço ocupado pelos postes de luz nas calçadas.
Mas, como escrevi, o poder passa. Roberto Cláudio (União Brasil) sucedeu Luizianne. O PT voltou à oposição e, quando tentou instalar CPI, esbarrou no método de ocupar os espaços disponíveis. Nada como um dia após o outro.
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