Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O Nordeste atravessa uma enorme tragédia, com o derramamento ainda não esclarecido de óleo no mar. Um drama ambiental, mas não apenas. É também econômico, porque o litoral é o pilar do turismo na região. No último fim de semana, toda a Praia do Futuro estava imprópria para banho. É um problema social porque, para além do turismo, muitas famílias tiram o sustento do oceano. A pesca é uma indústria também fundamental. É problema de saúde, pois as pessoas ignoram os alertas de locais impróprios para banho. Os efeitos não se encerrarão agora.
São centenas de praias atingidas em todos os estados da região com maior número de unidades da federação no País. A área atingida é enorme. Já foram retiradas 100 toneladas de óleo. E a mancha não acabou, longe disso.
A zona costeira é um ecossistema gigantesco, valioso e sensível. Porém, muita gente não se dá conta da dimensão da tragédia. Fosse na Amazônia, a repercussão - internacional inclusive - seria incomparável.
O Brasil ainda não parece ter se dado conta do tamanho da tragédia e do quão amplas são as sequelas. Repercutiu muito mais por aqui o derramamento de óleo no Golfo do México, em 2010. Verdade que aquele foi muito maior, mas este é no nosso quintal. A nossa Praia do Futuro está imprópria para o banho.
No último sábado, foi publicada portaria do presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinando investigação do problema. Saiu edição extra do Diário Oficial da União com a medida. Era 5 de outubro. O vazamento de óleo começou em 2 de setembro.
A reação do governo é lenta, mas reflete de uma opinião pública igualmente algo anestesiada, que não dimensiona o tamanho da destruição que chega às praias do Nordeste. A região atravessa uma calamidade ambiental sem precedentes e a resposta demanda mais urgência e mais ação.
A rede de interesses políticos em torno dos conselhos tutelares
As eleições dos conselhos tutelares chamam pouca atenção da maior parte da população. Em Fortaleza, 130.934 eleitores votaram nesse domingo. Não é pouca gente. Porém, estavam aptos a votar todos os 1,7 milhão de eleitores da Capital. O comparecimento foi de 7,3%.
Todo eleitor pode votar, mas a maior parte da população nem sabia da eleição deste domingo. Não sabia o que estava em jogo. Os conselhos tutelares são guardiões dos direitos de crianças e adolescentes, e isso é muita coisa. Porém, a disputa passou a envolver mais coisas ainda.
Já há muito tempo, grupos políticos perceberam que os conselhos são importantes instrumentos políticos. Plataformas para apoiar candidatos a vereador e deputados. Ou mesmo para emplacar candidatos. Eulogio Neto foi eleito vereador em 2012. Na eleição passada, concorreu pelo PDT e ficou como suplente. E é legítimo que qualquer pessoa se candidate. É legítimo, inclusive, que apresente na campanha o trabalho feito no conselho tutelar. O problema é se o conselho tutelar já é ocupado por gente pensando em usar, direta ou indiretamente, como trampolim eleitoral.
Nesta eleição, todavia, a coisa não parou por aí. Esse é o aspecto político que já existia. O novo vem da conjuntura. Como bem definiu um interlocutor da coluna, que acompanhou de perto a eleição: a disputa pelos conselhos tutelares foi um terceiro turno da eleição do ano passado. E uma espécie de primeiro turno das eleições municipais 2020. Com avanço de grupos religiosos e conservadores na esteira de Jair Bolsonaro, e busca de segmentos progressistas por preservar espaço.
Para completar, a organização se mostrou precária, com problemas de cadastro, desinformação e muitas denúncias.
Os conselhos tutelares são muito importantes e tremendamente estratégicos. Merecem tratamento a altura.
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