
Fernanda Oliveira é cientista ambiental e pesquisadora na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Membra da Liga das Mulheres pelo Oceano. Atualmente, atua nas áreas de conservação e impactos das atividades humanas nos ecossistemas costeiros
Fernanda Oliveira é cientista ambiental e pesquisadora na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Membra da Liga das Mulheres pelo Oceano. Atualmente, atua nas áreas de conservação e impactos das atividades humanas nos ecossistemas costeiros
Para quem não vive no litoral, o oceano pode parecer distante. Mas a verdade é que a relação humano-oceano independe da nossa distância física. Nossas ações diárias podem afetá-lo, assim como ele nos afeta.
Quando falam do oxigênio do mundo (o ar que respiramos), o que vem à sua mente? Árvores, florestas e provavelmente a Amazônia, acertei? Mas o maior produtor de oxigênio do nosso planeta é o oceano. Isso não tira a importância das florestas, essenciais para a vida na Terra. Mas precisamos dar ao oceano a sua devida importância.
Você deve estar se perguntando: como o oceano pode ser o pulmão do planeta se ele só tem água? Bom, nos oceanos vivem pequenos organismos microscópicos chamados fitoplânctons.
Eles são responsáveis pela produção de mais da metade do oxigênio do planeta, cerca de 54%. Por isso, o oceano é vital para a nossa sobrevivência. Ele também é responsável pela regulação térmica da Terra, além de fornecer muito do que comemos no dia a dia.
Mesmo sendo tão importante e fornecendo tantos serviços essenciais para nossa sobrevivência, o oceano segue sendo ameaçado por várias atividades humanas, como poluição, sobrepesca e destruição de ecossistemas (incluindo manguezais e recifes de corais).
Pense na poluição, por exemplo. Você já ouviu falar dos resíduos de outros países encontrados nas praias do Brasil? Nem todo esse resíduo é jogado diretamente na praia. As correntes oceânicas podem trazer lixo de outros lugares — e toda água chega ao oceano de alguma maneira.
Nosso esgoto e efluentes, mesmo quando tratados, acabam nos rios que deságuam no mar, levando tudo que existe neles. Então, mesmo que você more longe, seus resíduos ainda podem atingir o oceano. Não existe “jogar fora”: todo resíduo permanece em algum lugar do planeta. Essa poluição e esses resíduos chegam ao oceano e muitas vezes são consumidos por peixes, sejam microplásticos ou contaminantes.
Além da poluição, os alimentos que consumimos também podem afetar o oceano. Você já pensou de onde vêm os peixes e frutos-do-mar que consome? Grande parte desses alimentos é obtida de forma predatória, trazendo sérios riscos à biodiversidade marinha.
Tartarugas, golfinhos, baleias e outros animais acabam sendo pescados junto a grandes cardumes e morrem. Outras vezes, redes de pesca fantasma prendem esses animais ou são ingeridas por eles, resultando em morte.
E como podemos ajudar? Como proteger o oceano morando distante ou somente com nossas ações do dia a dia? Descartar os resíduos corretamente já é um ótimo primeiro passo! Separe os recicláveis, carregue seu lixo com você até encontrar um local de descarte adequado e evite resíduos desnecessários.
Leve seu copo ou garrafa de água reutilizável, prefira restaurantes que não usem plásticos de uso único e faça escolhas conscientes. Além disso, tenha um consumo responsável: procure saber de onde vem o seu alimento.
Por fim, mas extremamente importante, seja a voz do oceano. Espalhe o conhecimento, conte para sua família e para seus amigos a importância do mar, participe de ações, publique nas redes sociais, pesquise, assista a documentários, procure aprender mais sobre o oceano, que também é a nossa casa.
Proteger o oceano é, no fim, proteger a nós mesmos.
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