
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
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A matemática política já indicava o quadro, um dia depois de contados os votos do primeiro turno da eleição nacional de 2022: estava eleito para o Congresso um colegiado apto a facilitar a vida de Jair Bolsonaro - caso fosse ele o vitorioso na segunda etapa que ainda aconteceria -, ou, na mesma proporção, tornar desafiadora a missão do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva de atravessar os quatro anos do mandato presidencial, confirmando-se seu ligeiro favoritismo para a principal disputa majoritária daquele momento.
Portanto, o que aconteceu na noite da última terça-feira, a tal tempestade de derrotas do governo nas votações de vários vetos, era absolutamente previsível. Isso significa que nada há de ser feito? Claro que não, ajustes são necessários porque a nenhum governante interessa a persistência de um quadro no qual sua base de apoio, na hora do aperto, não alcança 25% do total de integrantes da casa legislativa com a qual precisa se articular permanentemente. A situação indica que Lula pode contar, de verdade, com o máximo de 130 dos 513 deputados da atual legislatura.
Desde o começo sabia-se que frente ampla nenhuma seria capaz de mudar esse rumo de coisas, especialmente na chamada pauta de costumes, uma espécie de "guarda-chuva semântico" que passou a abrigar um conjunto diverso de temas. Assim é que saidinha bancária ganhou equivalência ao combate às fake news, ou ao respeito à liberdade religiosa, ou ao direito do cidadão andar armado, enfim, a base possível que se conseguiu formar no Congresso não teria como enfrentar uma realidade que está posta no ambiente político. Há um movimento muito bem organizado em torno destes temas, de escala global, inclusive, e não se conseguiu montar uma estratégia de enfrentamento do debate pela esquerda.
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"Se estivesse tudo bem, o Lula estava com seus 80% de aceitação. Não está tudo bem"
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Líder situacionista na Câmara, o deputado cearense José Guimarães (PT) é objetivo na sua análise sobre o que aconteceu na semana e considera que o quadro exige uma resposta forte e rápida. Em termos claros, ele defende uma reforma na estrutura e não descarta até mudanças no ministério, com mais correntes políticas integrando-se à frente para fortalecer a base. Já o senador Randolfe Rodrigues (sem partido/RR), que comanda a defesa do governo no âmbito do Congresso, juntando as duas Casas, faz outro tipo de avaliação e lembra que o cenário estava posto desde o começo, a partir do perfil de parlamentares que o eleitor mandou para Brasília, entendendo que lhes cabe, do lugar onde se encontram, compatibilizar da melhor forma possível a aparente distorção ideológica que se criou no País pelas eleições de 2022.
A ideia de que a má performance da noite de terça indica uma fragilização absoluta de Lula e de seu governo é equivocada, na essência. Da mesma forma que estava errada a leitura apressada, feita no ano passado, de que as vitórias em votações importantes na Câmara e Senado indicavam que ele havia virado o jogo e tinha o Congresso sob controle. A tendência é que o País siga nesse ritmo até 2026 e, conforme estejam as coisas naquele momento, o próprio eleitor que faça, se considerar necessário, um ajuste de peças para uma correlação de forças políticas mais tranquila para um próximo governo, mesmo que tenha ele perfil ideológico semelhante ao atual. Dói, às vezes, mas é puro suco de democracia.
O ex-deputado e ex-vice-governador Domingos Filho vai confirmando, com os movimentos para 2024, sua condição de um dos melhores estrategistas da contemporaneidade política cearense. Sua planilha projeta para as urnas de outubro uma performance superior à de quatro anos atrás, quando o seu PSD conquistou 20 prefeituras, além do aspecto qualitativo, pois municípios importantes estão no alvo atual da sigla. Para mostrar força a partir de sua casa, ele vem de fechar uma aliança expressiva em Tauá com o PT, que oficializou apoio à reeleição de Patrícia Aguiar, atual prefeita. E - como informação adicional, porque ela já detém força própria construída ao longo de três mandatos no cargo -, mulher de Domingos.
Em meio a pesquisas internas que circulam frenéticas de mãos em mãos, com resultados sempre vazados ao gosto de quem contrata e se sai bem, o pré-candidato do União Brasil em Fortaleza, Capitão Wagner, organiza um grande evento para o dia 6 próximo. Com apoio da cúpula nacional, que colocou a disputa pela capital cearense entre suas prioridades de 2024, a ideia é trazer todos os principais nomes da sigla para a cidade, num gesto de apoio ao ex-parlamentar. Acossado pelo crescimento do nome de André Fernandes no campo onde sempre pareceu mais forte, localizado à direita, ele precisa mesmo de mostrar força agora para segurar apoios.
Pré-candidato à prefeitura de Fortaleza, André Fernandes decidiu fechar seu escritório político na avenida Barão de Studart devido à ação de alguns vândalos que foram lá um dia (uma noite) e deixaram várias pichações como marca. Ok, talvez até tenha razão em pedir mais empenho na investigação do que aconteceu dois meses atrás, identificação dos envolvidos etc, mas, lembre-se, ele é o mesmo que anda pra cima e pra baixo, até no exterior já foi, para sair em defesa daquela turma que foi quebrar tudo em Brasília, praticando violência real contra pessoas e o patrimônio público no dia 8 de janeiro em Brasília. Falta coerência.
A surpresa real no pacotão de saídas da equipe do governador Elmano de Freitas, Quintino Farias tem exigido algum esforço de entender sua presença na lista. Era necessário entender o que haveria por trás da decisão de tirá-lo da Superintendência de Obras Públicas devido à sua notória, e inabalada, proximidade com o senador Cid Gomes (PSB). A coluna ouviu algumas fontes e, pela média do que foi dito, porque havia gente disposta a colocar mais lenha na fogueira, acredita que a coisa deu-se mesmo por acerto entre as partes. O "demitido" estaria escalado para exercer um papel importante na campanha de Evandro Leitão pela prefeitura de Fortaleza, pelo lado da logística. É esperar que os fatos confirmem (ou, quem sabe, desmintam).
Em Juazeiro do Norte, o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) caminha para consolidar uma vitória importante numa disputa estratégica com a oposição local pelo apoio do PP. Espera-se para breve o anúncio oficial do nome do ex-vereador Tarso Magno, filiado à sigla, como companheiro de chapa do atual ocupante da cadeira, o que representaria o desfecho positivo de conversas que têm sido travadas nos últimos dias com as principais lideranças estaduais, especialmente o deputado Zezinho Albuquerque. Até onde se sabe, um fiel aliado dos Ferreira Gomes e que, na disputa recente entre os irmãos, acertara-se com Cid. O PSB não está alinhado com o projeto de candidatura do petista Fernando Santana? Mudou algo?
O Grupo de Comunicação O POVO está recebendo doações para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. A fim de atender as necessidades prioritárias da população gaúcha, estão sendo coletados alimentos não perecíveis e materiais de higiene pessoal (como fraldas infantis e geriátricas, absorventes femininos, sabonetes líquidos, xampus, escovas de dente e cremes dentais). Os materiais podem ser entregues na recepção do O POVO (Avenida Aguanambi, 282 - José Bonifácio. Fortaleza/CE), de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. As doações serão entregues pelo O POVO aos Correios, que estão utilizando toda a sua malha logística nacional para a ação, levando os donativos para uma centralizadora e encaminhando ao Rio Grande do Sul, conforme as orientações da Defesa Civil daquele estado.
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