
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
O levantamento que o Anuário do Ceará faz a cada 12 meses acaba sendo, hoje, um dos mais úteis medidores de temperatura nos ambientes parlamentares do nosso Estado. Afinal, colhe a opinião deles sobre eles próprios, o que também ajuda a localizar quem de fato exerce influência objetiva para viabilizar uma pauta ou determinar resultados de votações em matérias de interesse coletivo. É uma aferição importante de como o poder se espalha, de verdade.
No caso da opinião colhida entre os deputados estaduais, cujos resultados apresentarei e discutirei na sequência - veja lista completa no quadro abaixo -, parece interessante identificar quem são aqueles realmente capazes de se fazerem ouvidos, gente com peso na definição de voto do colega. O estudo é ainda mais importante porque não busca medir popularidade, potencial de votos ou coisa que valha, mas, prospecta e revela onde está a força política efetiva na composição atual do parlamento cearense, em última instância ajudando a entender como a política se move no seu sentido real, concreto.
Não é surpresa, nem novidade, que o presidente da Assembleia aparece como o mais citado dentro de uma sistemática na qual cada deputado ouvido pela equipe do Anuário pode citar três nomes ao ser perguntado sobre as capacidades de influências que ele identifica dentro da Casa. Uma escolha livre, feita de forma secreta, na qual só é tirado do "eleitor" o direito de votar em si próprio, convenhamos, regra básica e justificável.
Romeu Aldigueri (PSB), que hoje senta na cadeira de presidente, lidera a lista com 33 citações, o que tem a ver, claro, com a própria posição na qual se encontra. É a tal liderança natural e, deve-se dizer, quem ocupa o posto precisará se procurar no dia em que não aparecer à frente numa consulta do gênero. Os 46 deputados foram ouvidos, sendo que 37 de maneira presencial, em visita realizada pela equipe da publicação no dia 20 de fevereiro, e outros nove pelo sistema remoto. O levantamento completo seria finalizado no dia 27 do mesmo mês.
Na sequência pode-se dizer, na mesma linha, que aparecem deputados que ocupam posições na atual estrutura da Assembleia que geram influência como consequência natural do posto no qual se encontram. Claro que isso não tira o valor de cada um, inclusive para justificar uma trajetória que os levou ao lugar estratégico onde estão, mas, por exemplo, a força que tem a 1ª Secretaria da mesa diretora ajudará a explicar uma parte das 17 menções que consegue o deputado De Assis Diniz (PT), segundo mais citado pelos colegas.
Da mesma forma que parte dos 8 votos em Guilherme Sampaio (PT), que aparece na 3ª colocação, guardam alguma relação com a estratégia condição de líder do Governo que ocupa desde dezembro do ano passado. É, portanto, a linha mais próxima de um diálogo com o Palácio da Abolição, algo que, em si, dimensiona o papel estratégico que cumpre o parlamentar petista, que, além disso, tem mesmo um perfil que gera confiança para uma convivência muito afetada por convicções políticas e ideológicas. Portanto, tenderia a ser lembrado em qualquer circunstância como alguém apto a facilitar a conversa entre os poderes, talvez, apenas, numa intensidade um pouco menor do que a captada agora pelo pessoal do Anuário.
A partir daí os números se espalham de maneira mais equilibrada e, como síntese, apontam uma Assembleia na qual as forças individuais se distribuem de forma até democrática. Não é uma má notícia e, pelo contrário, pode indicar um momento de confirmação da história de que cada deputado está ali legitimado pelos seus eleitores e pode assumir suas posições a partir das convicções próprias ou atendendo a prioridade real das comunidades às quais estão ligados. O que parece é que não existe hoje, como já aconteceu no passado, uma pequena elite direcionando as coisas conforme apenas seus interesses (ou de quem representam).
De qualquer forma, será interessante ver quando o Anuário do Ceará 2025/2026 for lançado, no dia 25 próximo, o retrato completo da política cearense que apresenta. Ajudará no processo de montagem do cenário real de momento, a partir da identificação das influências e da constatação objetiva de quadros como este captado na Assembleia, em que as forças se distribuem de forma equilibrada, registradas as exceções que a estrutura política justifica. Um dado que em si considero interessante, vou insistir.
É interessante o movimento que anuncia o Ministério Público do Ceará, através do Procurador-geral de Justiça, Haley de Carvalho, no rumo de um esforço de qualificação dos seus quadros. Não há como sairmos do problema imenso que há diante de nós, especialmente na área da segurança pública, sem um olhar mais carinhoso para a questão. Anuncia-se para breve como primeira ação prevista, a partir de convênio com Universidade de São Paulo (USP) e mais oito instituições acadêmicas, um MBA em Inteligência Artificial Generativa, Direito Digital e Inovação. O melhor da iniciativa, que ainda será detalhada, é que haverá espaço para que participem magistrados, servidores do sistema de Justiça em geral, incluindo advogados. Todos ganhamos.
Ninguém da bancada do PL, que tem cinco vereadores, deu as caras na sessão de abertura dos trabalhos na Câmara de Fortaleza, sexta-feira passada. Parece meio incompreensível que as ausências de Priscila Costa, Bella Carmelo, Jullierne Sena, Inspetor Alberto e Marcelo Mendes seja justificada, conforme circulou no ambiente como explicação para elas, apenas porque não interessava à bancada oposicionista ouvir o prefeito no dia que lhe cabe fazer uma prestação de contas do mandato. Bonito não é, democrático muito menos.
Os números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre o cenário cearense de 2024 preocuparam o governo estadual, mas, no caso do prefeito de Maranguape, Átila Câmara (PSB), o sentimento é de inconformismo. O fato de o município da Grande Fortaleza aparecer com as piores estatísticas de mortes violentas do País, consideradas as cidades com mais de 100 mil habitantes, gerou, de início, uma atitude de negação. Depois, assentada a coisa, ainda bem, ele tem se esforçado para buscar soluções e, em especial, discutir meios de reverter o quadro dramático. Por exemplo, cobrou, e conseguiu, aumento no efetivo local da Polícia Militar. É isso, não adianta brigar com a realidade.
Os números de pedetistas e tucanos estão batendo quando se trata de estimar, em termos percentuais, as chances de Ciro Gomes fazer o caminho de volta em sua trajetória partidária. Ou seja, trocar o PDT pelo PSDB. Nos dois lados o cálculo é de que a mudança esteja 90% definida, sendo que a expectativa na legenda que se prepara para recebê-lo é de que chegue anunciando disposição de ser candidato ao governo do Ceará. Prefeito de Massapê e ainda presidente da executiva estadual do PSDB, cargo que pretende largar assim que aparecer alguém disponível, Ozires Pontes diz trabalhar com a ideia de que Ciro vai liderar o palanque oposicionista estadual. Para ele, sem qualquer sombra de dúvida a essa altura.
Acontece amanhã na Assembleia, a partir de 17 horas, homenagem proposta pelo deputado Renato Roseno (Psol) ao Grupo Prerrogativas, cuja atuação é dada como fundamental para a luta que levou à liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva e abriu caminho para sua volta à presidência da República. Amigo pessoal de Lula e coordenador do grupo, o paulista Marco Aurélio de Carvalho virá a Fortaleza para participar do evento.
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