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Precisamos ouvir Wálter Maierovitch
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Precisamos ouvir Wálter Maierovitch

Maierovitch tem se consolidado como um dos melhores analistas do cotidiano brasileiro de segurança pública. Talvez seja sua maior qualidade o fato de conseguir colocar as ideias que defende à distância do quadro polarizado
Tipo Análise
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Grupo de Comunicação O POVO e a Fundação Demócrito Rocha (FDR) promovem debates com jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, que lança o novo livro
Foto: Divulgação Grupo de Comunicação O POVO e a Fundação Demócrito Rocha (FDR) promovem debates com jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, que lança o novo livro "O mercado da morte: conexões e realidade"

A presença em Fortaleza do jurista e professor Wálter Maierovitch, na próxima quarta-feira, surge como uma boa chance de fazermos uma análise mais profunda sobre o que acontece na segurança pública brasileira, buscando-se identificar as causas e não apenas as consequências. É, sem dúvida, uma das vozes mais acreditadas dentro de um debate, infelizmente, marcado hoje por visões enviesadas, pelo lado de quem aposta na violência de Estado como melhor resposta à violência de criminosos ou na perspectiva de quem opta, como regra simplificadora, por demonizar a ação policial.

Maierovitch está lançando um novo livro - "O mercado da morte, conexões e realidades", no qual mergulha no tema a partir de um passeio pelos grandes conflitos bélicos globais da atualidade. Fundamentalmente, expõe, a partir de sua visão própria, o equívoco de quem aposta na chamada "tecnologia bélica" como saída para as crises geopolíticas que tornam o mundo de hoje muito mais perigoso. Efeito direto do fato de estar muito mais armado.

O livro, que busca fazer uma discussão necessária sobre o que se entende "violência do Estado", complementa abordagem importante de obra anterior de Maierovitch - "Máfia, poder e antimáfia: um olhar pessoal sobre uma longa e sangrenta história". Aliás, que valeu ao autor o prêmio Jabuti no ano de 2022.

Por tudo isso, Maierovitch tem se consolidado como um dos melhores analistas do cotidiano brasileiro de segurança pública. Talvez seja sua maior qualidade o fato de conseguir colocar as ideias que defende à distância do quadro polarizado, sem interesse de defender uma tese porque favorece corrente "a" ou atacar uma ação na perspectiva de beneficiar corrente "b". É fácil perceber seu desalinhamento dos interesses que fazem o jogo político se mover no Brasil atualmente, para um lado e para outro.

Característica que torna ainda mais importante, até necessário, conhecer com mais profundidade o pensamento de quem dedicou parte da vida ao Judiciário, desembargador aposentado que é, acerca da realidade das ruas quando se trata de segurança pública.

O que dá sentido ao fato de ser, hoje, uma das fontes mais procuradas e acreditadas para falar da crise no setor, exatamente pelo ponto em que demonstra capacidade de não se deixar contaminar pelas certezas ideológicas que animam o debate. Não raro, desvirtuando-o.

O Grupo de Comunicação O POVO está organizando uma programação de debates com Maierovitch, aproveitando a passagem dele por Fortaleza. A partir de 16 horas da quarta (12/11), no Espaço O POVO, na sede da Aguanambi, 282, a diretoria de Opinião reunirá um grupo de 30 personalidades selecionadas para encontro-debate que terá como ponto de partida o livro, mas que se estenderá para o quadro geral que atualmente aflige o brasileiro e, em especial, o cearense. Certamente, uma boa oportunidade para, por exemplo, entender o alcance das tais facções criminosas e discutir o modelo de combate adequado para o problema.

Na mesma quarta-feira, a partir de 19 horas, acontece o lançamento do livro na Casa Vida&Arte, dentro da CasaCor, também prevendo-se um debate com a participação do jornalista Plínio Bortolotti, editorialista-chefe do O POVO. Para convidados, só que numa lista mais ampliada, e abrindo um novo espaço para discussão sobre o que temos enfrentado em termos de avanço da criminalidade organizada. Não haveria nome mais apropriado e nem momento mais adequado.

Falta unidade no União

Antonio Rueda, o presidente nacional do União Brasil, organiza uma reunião dos deputados federais cearenses da sigla e se prevê que também com a presença do Capitão Wagner, que comanda a executiva estadual. Para discutir o confuso e pouco tranquilo quadro local. O encontro deve acontecer quarta-feira, em Brasília, mas é difícil que saia um acordo de caráter definitivo quanto à divisão da bancada ao meio quanto às eleições estaduais de 2026, lembrando-se que Moses Rodrigues e Fernanda Pessoa anunciaram apoio à reeleição do governador Elmano de Freitas, do PT. Danilo Forte e Dayany Bittencourt, fortalecem a linha oposicionista.

Protagonista coadjuvante

Aliás, deu-se mais um evento organizado no UB para colocar Roberto Cláudio como figura central e, de novo, as circunstâncias mudaram as coisas de rumo. O discurso de Ciro Gomes pedindo desculpas públicas ao Capitão Wagner, no próprio evento de Brasília, e as manifestações pró-governo de dois influentes parlamentares da sigla meio que eclipsaram o protagonismo do ex-prefeito de Fortaleza. Diante das declarações meio vagas de Ciro sobre seus planos eleitorais para 2026, destaque-se, RC é a (boa) alternativa de que dispõe a oposição para disputar o governo. Talvez seja hora de ajustar melhor a forma como ele tem sido tratado nas horas essenciais, em tese organizadas para lhe dar protagonismo.

Cada qual com sua festa

Os deuses da política talvez consigam explicar: Ciro Gomes e Janaína Farias nasceram exatamente no mesmo dia, 6 de novembro, embora em anos diferentes. É difícil que um tenha parabenizado a outra na última quinta-feira, e vice-versa, considerando que os dois só se encontram ultimamente nos tribunais. Janaína, lembremos, tem acionado a justiça contra Ciro, até já conseguiu condená-lo, pelas acusações de nível pessoal que ele recorrentemente faz contra ela e que, na verdade, têm como alvo final o ministro Camilo Santana, de cuja assessoria pessoal a atual prefeita petista de Crateús fez parte nos seus dois mandatos como governador.

De operação em operação

A nova operação policial em Santa Quitéria, realizada na semana, até parece justificável diante da seriedade da situação que levou à anulação do processo eleitoral de 2024 e, em consequência, da vitória de José Braga Barrozo, o Braguinha, do PSB. Agora, também ajuda a confundir a cabeça do pobre eleitor, que voltou às urnas já em 2025, elegeu um representante do mesmo grupo ao qual pertence o vencedor anterior (filho dele, até), e se vê diante de uma situação que parece não ter fim em relação às dúvidas sobre a influência do crime organizado na política cotidiana municipal.

A fé da vice-governadora

É prevista para hoje a chegada em Canindé da vice-governadora Jade Romero (MDB), que participa de grupo que está fazendo, a pé, o percurso entre Fortaleza e a cidade religiosa do interior cearense. Não é mole, são cerca de 115 km e quatro dias caminhando como gesto de fé e devoção até o Santuário de São Francisco das Chagas. Certamente, o apelo por 2026 eleitoral feliz deve constar nas orações.

 

Política na Horizontal

Domingos Neto (PSD), como previsto, tem dado uma dinâmica nova à coordenação da bancada federal cearense e o resultado das discussões sobre o Orçamento da União para 2026 demonstra isso.

Ouviu governador, prefeitos, representantes de diversos órgãos e fechou uma proposta conjunta que, na medida do possível, contempla os interesses mais imediatos. A coluna avisou que o cargo, decorativo em muitas situações, ganharia peso novo nas discussões.

Tiririca, o humorista cearense que hoje é deputado federal por São Paulo, troca de partido, de domicílio eleitoral e anuncia que será candidato a mais um mandato no ano que vem, só que pela terra natal.

Foi convencido pelo presidente do PSD estadual, Domingos Filho, e decidiu deixar o PL, sigla com a qual vivia às turras ultimamente pelo baixo entusiasmo que mostrava com o bolsonarismo.

Doutora Silvana (PL) está propondo que uma missão de deputados estaduais vá a El Salvador conhecer a experiência do país no combate à criminalidade, na sua visão exitosa.

Recomenda-se que a viagem, se houver, busque conhecer o projeto de Bukelê para além do cosmético, localizando o que ele fez para desmontar a Suprema Corte, desmoralizar o Congresso e instalar uma democracia meio relativa.

 

 

Foto do Guálter George

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