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Como as redes sociais ampliam o seu sofrimento
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Psicoterapeuta sistêmico com especialização em Psicologia Transpessoal e Psicoterapia Somática Integrada. Viveu na Índia onde se aprofundou em diversas abordagens terapêuticas e de meditação. Fez cursos e supervisão em Constelação Familiar com Bert e Sophie Hellinger e foi o introdutor da Constelação no Ceará; Ashara atende individualmente e ministra cursos de formação em Constelação em diversas cidades do Brasil. Veja mais: www.ashara.com.br

Guilherme Ashara comportamento

Como as redes sociais ampliam o seu sofrimento

As redes sociais propagam que "devemos viver conectados" e percebemos que cada vez nos desconectamos mais. Porém o que está acontecendo de uma forma global é que estamos nos afastando de nós mesmos.
Tipo Análise
Excesso de mídias sociais e conexão têm chamado a atenção para os cuidados com a saúde mental (Foto: Jordan Donaldson Jordi/Unsplash)
Foto: Jordan Donaldson Jordi/Unsplash Excesso de mídias sociais e conexão têm chamado a atenção para os cuidados com a saúde mental

Essa semana uma das minhas seguidoras das redes sociais me enviou uma mensagem dizendo que estava cheia das Lives do Instagram. Ela declarou: “As coisas do Instagram são muito chatas; não sei você, mas eu não consigo interagir mais”.

Tomei a mensagem como um desabafo e respondi que ela ficasse atenta para equilibrar a sua vida presencial com sua vida online. E que as redes sociais têm sim um grande valor para a nossa vida.
Porém, eu compreendo que “tudo de mais é veneno” e que temos que ter muito bom senso pra perceber quando as redes sociais começam a ser um infortúnio ao invés de uma benção. É bom perceber que as redes sociais não são a salvação do mundo. E muito menos a salvação de alguém.

Venho chamando a atenção aqui nos meus artigos que só podemos curar a nós mesmos. Quando olhamos para o outro com uma certa necessidade de curá-lo, no fundo estamos fugindo de algo dentro de nós. E por ressonância, queremos também que o outro nos cure, nos resgate, nos salve.

E as redes sociais na minha percepção, representam para muitos, a busca de uma salvação, de um salvador. Elas passaram a representar, principalmente durante a pandemia de Coronavirus, a válvula de escape, a saída, a esperança de afagarmos as nossas dores e os nossos desconfortos.

Uma cliente chegou na última sessão online falando que tinha se desconectado do Instagram. Ela estava se sentindo sobrecarregada e bem estressada com suas questões de rejeição nos relacionamentos e não aguentava mais ver lives sobre esse assunto. Eu percebi que não era hora de tocar novamente na sua ferida da rejeição.

Então, decidimos fazer um trabalho de liberação emocional. Começamos fazendo alguns exercícios de pé. Em seguida pedi que ela deitasse e fizesse alguns movimentos fortes de terapia Bioenergética. Entre um exercício e outro eu pedia que ela parasse, fechasse os olhos e tomasse consciência do que estava acontecendo com seus sentimentos e sensações físicas.

Ela percebeu que soltou muitos pontos de tensão e cada vez mais se sentia integrada com seu próprio corpo. Suas emoções negativas foram liberadas e ela se sentia cada vez mais leve e relaxada. Após uma hora de terapia, minha cliente se sentia “no céu”. Uma sensação de alívio e vitalidade. As questões e sentimentos de rejeição que ela sentia no início da sessão havia se transformado completamente. Ela era só “paz e gratidão”.

 

"A mente é um bom biocomputador, porém não sente. Ela somente registra sensações e sentimentos que vêm do corpo físico e do emocional. " Guilherme Ashara, terapeuta de Constelação Familiar

 

Esse sessão reforçou a minha compreensão de que quando procuramos a solução no outro, nesse caso na internet, estamos procurando na direção errada. Porque estamos nos afastando de nós mesmos. Paramos de nos ver, nos perceber.

Quando procuramos soluções para os nossos problemas nas redes sociais não iremos encontra-las. E a razão é muito simples: é que a maioria dos criadores de conteúdos das redes também apontam para fora, para o superficial. Eles propagam que solução está nesse ou naquele produto. Raros são os que dizem que a solução está dentro de você.

E se eles não têm essa compreensão, vão deixar você mais longe e desconectado de você mesmo. E desconexão de nós mesmos gera doença. Desconexão gera sofrimento. Necessitamos aprender o caminho de volta ao lar interior.

A atriz, cantora e empresária Selena Gomes anunciou que deixou de acessar diretamente suas redes sociais (postagem do vidaearteopovo). Ela declarou: “Mal posso acreditar no quão longe cheguei em relação à minha saúde mental”.

As redes sociais propagam que “devemos viver conectados” e percebemos que cada vez nos desconectamos mais. Pensamos que viver conectados com o mundo, com a globalização é essencial nesse momento. Porém o que está acontecendo de uma forma global é que estamos nos afastando de nós mesmos.

Temos que aprender o caminho de volta para nossa essência. E o nosso corpo, o nosso coração e a nossa alma apontam na direção que nos leva a esse reencontro. Ao contrário, a nossa mente, representada aqui pelas redes sociais, nos afasta do essencial. E as consequências podem ser desastrosas para nossa saúde física e emocional.

A mente é um bom biocomputador, porém não sente. Ela somente registra sensações e sentimentos que vêm do corpo físico e do emocional. A mente não entende nada de amor. Ela só entende a linguagem do julgamento, da disputa e da guerra.

Se queremos encontrar caminho do amor e consequentemente a cura do nosso corpo e dos nossos sofrimentos, precisamos aprender a linguagem do coração. Não existe nada mais terapêutico e curativo do que o amor.

Namastê!

Foto do Guilherme Ashara

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