Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
CAMPANHA. A eleição para governador do Ceará em 2022 já começa sob o signo do ineditismo. Capitão Wagner (União), Elmano Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PDT), a despeito de seus diferentes desempenhos em pesquisas, são igualmente competitivos.
Os três tiveram sucesso em reunir em torno de si um sólido arco de apoios, traço que, de partida, já diferencia a disputa deste ano em relação às anteriores, quando houve tendência de polarização, com a briga concentrada em um nome governista montado numa superaliança e um desafiante sem tanto capital partidário, mas muita força política pessoal.
Mesmo se pensarmos em 2020, quando o PT lançou Luizianne Lins à Prefeitura contra José Sarto e o mesmo Wagner, a candidatura petista entrava no tabuleiro sem Camilo Santana, que defendeu entendimento com o PDT e apoiou Sarto indiretamente, e um Lula à época inelegível. Elmano, hoje, tem ambos a seu lado, e não apenas concorrendo no pleito, mas liderando em seus respectivos campos - Camilo para o Senado e Lula para o Planalto.
No estado, segundo o Ipespe, a dupla tem a maior capacidade de influir no voto do cearense. Há ainda uma diferença significativa entre esta eleição que apenas se inicia e as demais: até dois anos atrás, Wagner chegava sempre à campanha sem conseguir superar a dificuldade de arregimentar partidos de peso numa coligação forte que o ajudasse no enfrentamento contra máquinas amplamente superiores. Não é o caso de agora.
Diante desses elementos, a corrida ao Abolição neste ano tem tudo para ser uma das mais concorridas. Colaboram para isso, obviamente, algumas variáveis. Nacionalmente, Lula e Jair Bolsonaro (PL) polarizam, com Ciro Gomes (PDT) muito distante desse bloco. Todos eles terão palanque local importante.
Outro fator a se considerar é a ruptura entre PT e PDT, sem a qual todo o processo eleitoral, da definição de chapas até a escolha dos candidatos, seria bem distinto do que se vê neste momento. O fim desse ciclo, que durou 16 anos, produziu a abertura para uma nova configuração no poder. Quem quer que vença para o Governo em outubro próximo, seja Wagner, RC ou Elmano, dará início a uma outra etapa da política local, com grande impacto pela próxima década.
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