Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Para voltar ao jogo eleitoral no cenário que se seguiu ao rumoroso desquite com o irmão Ciro Gomes e seu grupo, precisaria se reerguer. Foi o que fez em 2022 e ano passado
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Senador Cid Gomes
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Mais importante que uma ou outra adesão ao PSB, é o deslocamento em bloco de pedetistas previsto para hoje que interessa para o quadro eleitoral de 2026. De partida, o ingresso de mais de uma dezena de deputados estaduais na legenda socialista produz dois efeitos imediatos: o "empoderamento" do senador Cid Gomes e o esvaziamento do PDT, sigla da qual quase toda a bancada sai agora para se juntar ao ex-governador do Estado, fechando um ciclo que se iniciara em 2022, em meio à querela cujo pivô foi o controle do trabalhismo no Ceará.
Vencido naquele momento, Cid mudou de casa partidária no início de 2024, abrigando-se no PSB de Eudoro Santana, pai de Camilo Santana. Inicialmente, como se sabe, ficou apalavrado que o senador comandaria a Executiva estadual dentro em breve, mas até hoje não se consumou qualquer mudança. De todo modo, o pessebista - que retornava depois de uma peregrinação por Pros e PDT - tinha novamente domicílio.
Para voltar ao jogo eleitoral no cenário que se seguiu ao rumoroso desquite com o irmão Ciro Gomes e seu grupo, precisaria se reerguer. Foi o que fez em 2022 e ano passado, ajudando a tornar sua nova agremiação uma das maiores forças políticas locais - na Assembleia, por exemplo, o PSB está na dianteira. O evento desta sexta-feira, 7, do qual participam o governador Elmano de Freitas (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin, consolida essa lenta recuperação de protagonismo de Cid.
Em situação inversamente proporcional à do PSB, o PDT se desidrata uma década após a chegada de Cid e sua "turma boa" à legenda. Em 2015, mesmo com Camilo (PT) à frente do Governo, era o pedetismo quem passaria a dar as cartas. Egressos do Pros, que voltara a se tornar nanico, os Ferreira Gomes desembarcariam sob o número 12 nas urnas.
Nesse intervalo de dez anos, fariam do PDT uma potência eleitoral no Ceará, com controle das principais prefeituras e casas legislativas, entre as quais Alece e Câmara de Vereadores de Fortaleza. No Legislativo estadual, por exemplo, sucederam-se Roberto Cláudio, Zezinho Albuquerque, José Sarto e Evandro Leitão. Na CMFor, os três últimos presidentes foram Gardel Rolim, Antônio Henrique e Salmito Filho. Tudo isso ruiu depois do racha entre PDT e PT.
"Rachadinha" na Alece
Quase 20 dias se passaram desde que o Ministério Público do Estado (MPCE) deflagrou operação que apura "rachadinha" encabeçada por deputado na Assembleia. O indício, conforme a Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), é de desvio do salário de assessores parlamentares "para pagamento de dívida feita por ele (deputado) a um advogado que atua como agiota".
Logo após a revelação do episódio, líderes da Casa esboçaram reação indignada ante o que consideraram como erro do MPCE, que teria lançado um véu de suspeição sobre os 46 integrantes da Alece. Em contato com a coluna, o MPCE respondeu que "não recebeu nenhuma contestação formal por parte da Assembleia". Questionado se haveria divulgação do nome do envolvido, reiterou que o "processo segue sob sigilo".
A oposição tem se queixado de que o prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PSD), cortou gastos de transporte gratuito com uma mão, mas ampliou despesas com a outra. Exemplo disso é a criação de 62 cargos de direção superior, com salários que chegam a R$ 15 mil mensais - 30 de nível DS 1 e 32 de DS 2, conforme relatado à coluna.
Desde que assumiu o Executivo da segunda maior cidade do Estado, o pessedista endereça críticas muito duras ao antecessor, Vitor Valim (PSB). Para Naumi, o ex-gestor teria deixado rombo histórico nas contas do município, razão pela qual uma das medidas impostas pelo novo prefeito foi sanear financeiramente a Prefeitura.
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