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O incômodo de Cid com o Abolição
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

O incômodo de Cid com o Abolição

O movimentos do Abolição para socorrer partidos aliados, tais como PDT e Republicanos, em detrimento do PSB, tem desagradado o senador
SENADOR Cid Gomes (PSB) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS SENADOR Cid Gomes (PSB)

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O senador Cid Gomes (PSB) fez saber a um e outro que está incomodado com movimentos do Abolição para socorrer partidos aliados, tais como PDT e Republicanos, em detrimento do PSB, que seria incialmente o endereço natural de parlamentares da base, sobretudo daqueles que até ontem estavam de saída do trabalhismo.

Digo isso porque o governo estadual, conforme escrevi noutra coluna, entrou em campo para convencer parte da bancada pedetista a seguir na legenda brizolista, a exemplo de Idilvan Alencar, de licença do mandato para comandar a Secretaria da Educação de Evandro Leitão (PT) - de quem André Figueiredo tem se aproximado cada dia mais.

Outro nome na mira do Executivo seria o de Mauro Filho, cujo desembarque do PDT estava precificado, mas que pode se manter na sigla depois de conversas com emissários palacianos. A se confirmarem esses casos, trata-se de dois deputados federais influentes e com potencial de reeleição fácil, o que, nas atuais circunstâncias, ajudaria o pedetismo a fazer bancada congressual.

Chiquinho em cena

O bloco encabeçado pelo ministro Camilo Santana (Educação) também opera noutra frente. Com perspectiva de deixar o União Brasil ante a possibilidade de que a federação seja liderada por um oposicionista no Ceará, a deputada federal Fernanda Pessoa (UB) vem sendo cotada para se filiar ao Republicanos de Chiquinho Feitosa, presidente da agremiação no Estado.

Daí o jantar, na residência do empresário em Brasília, do qual participaram Camilo, Evandro, o presidente da Câmara Hugo Motta, o secretário de Governo de Fortaleza, Júnior Castro, e o manda-chuva nacional do Republicanos, Marcos Pereira.

A mensagem é evidente: para Chiquinho, anfitrião da noite, a intenção era fazer uma demonstração de força política, especialmente no que diz respeito à montagem da chapa para deputado federal, que é a grande preocupação da cúpula do Republicanos. Do encontro, Pereira saiu com um acerto apalavrado de que Camilo e Evandro estarão pessoalmente empenhados em também ajudar o partido, além do PDT e evidentemente do próprio PT. E o PSB? Pois é.

Camilo Santana com Chiquinho Feitosa(Foto: Reprodução/Instagram Chiquinho Feitosa)
Foto: Reprodução/Instagram Chiquinho Feitosa Camilo Santana com Chiquinho Feitosa

Briga pelo Senado

Chiquinho, aliás, aproveitou o regabofe no DF e a presença dos ilustres comensais para avançar um ou outro gesto cuja tradução seria a seguinte, de acordo com relatos: o chefe do Republicanos no âmbito cearense não estaria plenamente satisfeito com uma suplência para o Senado na chapa de 2026.

Dito em bom português: Chiquinho vai brigar pela titularidade da vaga de senador, assim como José Guimarães (PT), Eunício Oliveira (MDB), Júnior Mano (PSB) e Cid, a quem caberia postular a reeleição, mas que vem oferecendo firme resistência quanto a esse cenário - isso sem falar noutra plêiade de interessados na cadeira para a Câmara Alta, que se tornou um grande negócio desde as eleições de 2022, quando Camilo se elegeu com folga.

Ciro e Tarcísio

Uma candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas em 2026 pode ter uma cara se o governador se mantiver no Republicanos ou outra na hipótese de ele desembarcar no PL de Jair Bolsonaro, cuja condenação são favas contadas. Fora do berço bolsonarista, digamos que o chefe do estado de São Paulo teria margem maior para transitar entre perfis diferentes do eleitorado.

Já no domicílio partidário de Valdemar da Costa Neto, seria inevitável carregar o desgaste do ex-presidente, que estaria cumprindo pena de prisão (se tudo correr como tende a correr no STF). Por que isso é importante? Porque, a depender da "skin" eleitoral de Tarcísio, o impacto para a oposição no Ceará terá um efeito ou outro, beneficiando mais ou menos uma candidatura de Ciro Gomes (PDT) ao Governo.

 

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