Jéssica Castelo Branco é médica veterinária formada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Fez residência multiprofissional com ênfase em reprodução animal pela mesma Instituição. Atualmente, dedica-se a clínica médica de pequenos animais e é professora de curso técnico profissionalizante para auxiliares de veterinários
O parvovírus é extremamente resistente, podendo sobreviver no ambiente por até um ano
Foto: FERNANDA BARROS
Vale lembrar: a panleucopenia não afeta cães nem seres humanos
Nos últimos meses, observamos em Fortaleza um aumento expressivo nos casos de uma doença viral altamente contagiosa e potencialmente fatal para gatos: a panleucopenia felina.
Causada pelo parvovírus felino, essa virose tem predileção por células de rápida multiplicação, especialmente as do intestino e da medula óssea. Por isso, os principais sintomas envolvem diarreia intensa e uma queda abrupta na produção das células de defesa do organismo e daí o nome panleucopenia, que significa justamente “falta de leucócitos”.
Outros sinais clínicos, embora menos específicos, também podem surgir, como apatia, vômitos e perda de apetite. A doença pode acometer gatos de todas as idades, não se restringindo apenas a filhotes.
Gatos em situação de abandono ou que vivem em colônias (ambientes com grande aglomeração de animais) estão particularmente vulneráveis à doença, muitas vezes por não terem acesso à vacinação, o que nos leva a um ponto essencial: a panleucopenia é prevenível com vacina.
A vacina tríplice felina (V3), assim como a quádrupla (V4) e a quíntupla (V5), oferece proteção eficaz contra o parvovírus felino. Apesar disso, temos percebido uma resistência cultural entre muitos tutores de gatos, que acreditam erroneamente que apenas cães precisam ser vacinados ou que a única vacina obrigatória para felinos é a da raiva. Essa percepção precisa mudar com urgência.
Até o início deste ano, a incidência de panleucopenia era baixa em nossa rotina de clínica médica de pequenos animais em Fortaleza. O atual surto nos leva a refletir sobre o que pode ter causado essa mudança e uma das hipóteses mais evidentes é a baixa cobertura vacinal entre os felinos.
Além da vacinação, o controle sanitário do ambiente também é fundamental. O parvovírus é extremamente resistente, podendo sobreviver no ambiente por até um ano. A infecção pode ocorrer mesmo sem contato direto entre os gatos (embora essa seja a principal via de transmissão) por meio de objetos contaminados, como potes de ração, brinquedos, caminhas e até roupas, calçados e mãos dos tutores, podem servir como veículos para o vírus.
Sempre que falamos de doenças infectocontagiosas, a pauta do abandono animal e a importância da castração sempre reaparecem também, isso porque animais sem lar, desprotegidos e sem vacina tornam-se alvos fáceis da infecção e, mais do que isso, vetores de disseminação do vírus. A ausência de controle populacional, portanto, pode transformar surtos como este em verdadeiras tragédias para a população felina urbana.
Vale lembrar: a panleucopenia não afeta cães nem seres humanos. Mas a responsabilidade com os cuidados sanitários e vacinais garante não só a saúde dos nossos amigos de bigodes, como também a nossa tranquilidade ao vê-los viver de forma plena, forte e saudável.
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