Vencedores das eleições de ontem, perdedores das eleições de amanhã
João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais
Vencedores das eleições de ontem, perdedores das eleições de amanhã
PSD e União Brasil não conseguem apoios formais para Elmar e Britto na Câmara dos Deputados. Solução pode ser união no Senado Federal
Lembro-me de procurar dois caciques de União Brasil e PSD em setembro, logo depois de, nos bastidores, Arthur Lira recuar do apoio a Elmar Nascimento na sucessão à presidência da Câmara dos Deputados. Danilo Forte (União) e Luiz Gastão (PSD) já tinham a certeza do sucesso das duas siglas nas eleições municipais e antecipavam que os dois partidos seguiriam juntos nas disputas da Câmara e do Senado.
"O mais importante é que vamos seguir juntos nas duas casas, mas queremos esperar o resultado das eleições municipais para definir quem será o cabeça de chapa", disse Gastão, ao lembrar que Antônio Britto é um fenômeno de relacionamento dentro da Câmara. "Eu não diria que as urnas falam, as urnas gritam. E o resultado das eleições municipais vão mostrar a força de União e PSD", apontou Danilo Forte.
Os dois estavam corretos. O PSD é o partido com mais prefeituras no Brasil, elegeu 887 prefeitos. Já o União ficou em 4º entre as siglas, com 583.
Quando tudo parecia caminhar para o planejado, Arthur Lira não esperou, sequer, um respiro. O presidente anunciou apoio a Hugo Motta menos de 40 horas após o fim do segundo turno das eleições e iniciou as tratativas com os outros partidos pelo apoio a Motta.
Lira não joga para perder e usou, até mesmo, o plenário da Câmara para pressionar os partidos. No momento em que PT, MDB e PL se reuniam para definir qual caminho iriam seguir, ele abriu a ordem do dia para votar nada menos que o PLP 108/24 - que institui o comitê gestor dos impostos incluídos na reforma tributária. Os três partidos se somaram ao PP, de Lira, ao Podemos, ao PV e ao PCdoB em apoio a Motta.
Agora, só uma coisa pode tirar a presidência do candidato do Republicanos, e é exatamente aquilo que o colocou na briga: a traição. Como o voto é secreto, não há garantia de que os 323 apoiadores sejam, realmente, revertidos em votos para Hugo Motta. Se a traição de Lira a Elmar deu chance, só ela pode levar União ou PSD para a cadeira de segundo homem mais forte da República.
Esperança é o Senado
No Senado, a situação é um pouco diferente. Na Casa Alta, Davi Alcolumbre (União) é muito favorito e vislumbra uma parceria com Otto Alencar (PSD) para garantir votação expressiva. A parceria no Senado é o fio de esperança para que União e PSD sigam dando parte das cartas no Congresso Nacional.
O problema é que o PSD parece desunido. Eliziane Gama lançou pré-candidatura. Parte da sigla quer tentar seguir com a presidência, mas o próprio Rodrigo Pacheco faz campanha por Alcolumbre. Caso a parceria ocorra, é provável que o União Brasil abra mão de um ministério em prol do partido presidido por Gilberto Kassab.
Por falar em tributária…
…a Câmara dos Deputados, finalmente, concluiu a votação do PLP 108/24, regulamenta a gestão e a fiscalização do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Este é o segundo texto da regulamentação da reforma tributária, que, agora, segue para o Senado Federal. O relator foi o vice-lider do governo Mauro Benevides Filho. "Tentamos mostrar ao plenário a relevância que essa matéria tem para o Brasil se desenvolver. O povo brasileiro pode ter certeza que essa matéria foi tratada com a devida prioridade pela Câmara dos Deputados", disse Mauro.
"Com esse processo, a Câmara cumpre com sua obrigação votando a reforma tributária e dois projetos complementares. Parabéns para o deputado Mauro e para todos os parlamentares que contribuíram", afirmou o presidente Arthur Lira. O texto, agora, segue para o Senado Federal.
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