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O que houve da Coelce até a Enel
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

O que houve da Coelce até a Enel

O último presidente da Coelce ainda estatal, Jurandir Picanço, alerta para o foco financeiro da Enel em detrimento do interesse dos consumidores. Ele descreve a queda na qualidade dos serviços após a venda da espanhola Endesa para a italiana que opera no Brasil em São Paulo, Rio e Ceará
Tipo Opinião
Enel é condenada a indenizar clientes por apagão de novembro em SP (Foto: )
Foto: Enel é condenada a indenizar clientes por apagão de novembro em SP

O último presidente da ainda estatal Coelce, Jurandir Picanco, hoje consultor de energia da Federação das Indústrias (Fiec), tem opinião sobre o quadro crítico da Enel, sobretudo no Ceará. Para ele, a decadência nos indicadores de desempenho e na imagem da companhia vêm do modelo de gestão. Logo após a privatização, realizada no Governo Tasso em 2 de abril de 1998 (estamos a dois dias dos 26 anos), na Bolsa do Rio, sob o argumento de que os recursos seriam utilizados para investir na previdência estadual, Picanço recorda da queda na qualidade do serviço.

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Ele acompanhou de perto a Coelce pós-privatização já integrando a Diretoria da Agência Reguladora do Estado, a Arce. E eram tempos ruins, como ele confirma. O consórcio vencedor fo leilão foi o Distriluz, formado por empresas do Chile, da Espanha e de Portugal. "Os primeiros momentos depois da privatização foram desastrosos". Ele lembra da gestão a cargo de pessoas inexperientes vindas do Chile. A empresa decaiu muito de qualidade, mas, como ele destaca, Arce e Aneel pressionaram muito, a chilena Enersis a fazer transformação, sob pena de retirada da concessão. Foi quando os acionistas mudaram a gestão para o grupo espanhol Endesa. "Em dois ou três anos passou a ser a melhor do Nordeste e depois do Brasil".

Foco no balanço financeiro

Depois dali aconteceu a venda das operações da Endesa na América Latina para a Enel, uma estatal italiana, no final de 2014. Jurandir é taxativo. "O que eu entendo é que há um problema de gestão. Focaram muito em resultados, em balanço". Ele cita um exemplo. "O setor de projetos para atender as extensões de linha era aqui (Fortaleza), formado por gente muito competente. Mas para reduzir custos, centralizaram para as diversas empresas do grupo em São Paulo". E afirma: "Quando se toma uma atitude dessa, é certeza de que o interesse do consumidor ficou para segundo plano". Para ele, foi um erro estratégico grande porque a imagem péssima e não terá valor perto da renovação da concessão. "Se não mudarem em pouco tempo, quem poderia renovar a concessão de empresa nessas condições?".

Gestão com defeito

A leitura do medidor de qualidade feita por Picanço não implica a defesa de um modelo estatal, como já vivemos no passado - é dele a frase “os interesses políticos prevaleciam sobre os empresariais” - mas a cobrança pelo cumprimento dos papéis. Por parte da empresa concessionária, cujo contrato prevê a prestação de serviço à altura do que merecem os consumidores, e dos órgãos de regulação. A tragédia da Enel nas praças onde atua - Ceará, São Paulo e Rio, pois de Goiás já saiu - em parte por conta de razões climáticas e da delinquência (leiam-se furtos de cabos), como aponta Picanço, é, sobretudo, um caso de gestão defeituosa. A concessão acaba em 2028.

OPINIÃO

O cardápio do Ceará para atrair turistas pede resorts

O consultor português de hotelaria José Wahnon, com diversos hotéis no currículo, faz uma série de anotações sobre o posicionamento do Ceará no mercado doméstico e internacional. Para ele, com a sua dimensão, o estado não pode se ater a uma única segmentação. "Tem público para todos e sou de opinião que faltam hotéis de 3 estrelas no litoral. Bons hoteis". Para ele, ainda faltam mais resorts de praia. Exemplos de grandes unidades, praticamente há o Vila Galé (Cumbuco) e os hotéis na Praia das Fontes. Para ele, os resorts ajudam a canalizar mais voos para o destino. Ele também defende consolidar destinos exclusivos como Fortim, Icaraí da Amontada e Preá. "Deve ser uma prioridade". Aliás, Wahnon alerta que melhorar a infraestrutura é fundamental: hospitais, clínicas, serviço de bombeiros, salva vidas, segurança, formação (técnica e idiomas) e profissionalização dos prestadores de serviço é básico. Uma forma de mitigar a sazonalidade e dependência do aéreo é melhorar as estradas e pontos de apoio, com sinalização turística e viária, além de fazer promoção nos destinos de proximidade - os estados próximos.

GESTÃO E ENERGIA

Ceará toma R$ 2,7 bilhões emprestados do Banco Mundial

O Banco Mundial vai emprestar ¥ 80,1 bilhões (em ienes equivalente a US$ 541,9 milhões ou R$ 2.713.250.250 pela cotação da sexta-feira, 29) ao Ceará para melhorar a gestão das finanças públicas e impulsionar investimentos em energia limpa. O dinheiro foi confirmado com o projeto aprovado pelo Conselho de Diretores do Banco Mundial, em Washington (EUA). O empréstimo é garantido pelo Governo Federal e tem prazo de vencimento de 20 anos. O secretário da Fazenda, Fabrízio Gomes, diz que o Ceará negociou bem com o credor, com redução no custo do serviço da dívida para sobrar mais dinheiro para o fim.

CONSUMO

O que empurra os carrinhos nos supermercados

O Consumo nos Lares Brasileiros acumula alta de 1,47% até fevereiro, de acordo com dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Na comparação com fevereiro de 2023, o indicador registra alta de 1,71%. Na comparação com janeiro, a queda é de -1,54%. Fevereiro é menor. Teve 29 dias contra 31 do mês anterior. Em fevereiro, ajudaram a movimentar o consumo nos lares, dentre outras vitaminas, o pagamento de R$ 14,45 bilhões do Bolsa Família, R$ 566,3 milhões do Auxílio-Gás e o início do pagamento do Abono do PIS/Pasep estimado em R$ 28 bilhões no calendário 2024, o reajuste do salário-mínimo (+6,97%) desde janeiro, R$ 304 milhões do lote residual de imposto de renda. O pagamento de R$ 21,4 bilhões em precatórios (pagos no final de fevereiro) deve ter impacto no consumo em março. A antecipação do pagamento a partir de abril do 13º salário de aposentados e pensionistas é outro motor para os carrinhos.


DEU SERTTEL

Licitação para bicicletas sob suspeita

Licitação conduzida pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC), via Pregão 11/2023, está na mira do Movimento Inovação Digital (MID), concorrente preterido na disputa. O objeto da concorrência de R$ 42 milhões era a implantação, operação e manutenção do sistema de bicicletas compartilhadas em Fortaleza, já em atividade e em expansão. No edital, o MID vê suspeitas sobre a equidade e transparência e entrou com representação no Tribunal de Contas do Estado (TCE). A vencedora foi novamente a empresa Serttel, por R$ 37,9 milhões, com vigência a partir de dezembro de 2023. O MID aponta requisitos não essenciais que permitiriam que apenas a Serttel pudesse apresentar proposta. Lista ainda a falta de prazo hábil para que um outro operador pudesse substituir, em caso de vitória, bem como a falta de critérios sobre possível transição entre operadores. Critica ainda a exigência de câmeras de segurança com especificações técnicas descabidas.

ANUÁRIO DO CEARÁ

Ipece aprimora cálculo do ICGM

O Índice Comparativo de Gestão Municipal (ICGM), calculado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), cujo diretor é o economista Alfredo Pessoa, e publicado pelo Anuário do Ceará (a ser lançado no primeiro semestre), passou por aprimoramentos. Agora tem uma nova forma, mais simples e apropriada, define o titular da Diretoria de Estudos de Gestão Pública (Digep), Fábio Montenegro. O ICGM é um parâmetro determinante para medir as 184 gestões municipais no Ceará. Será apresentado o ranking dos dez primeiros municípios de cada uma das quatro faixas populacionais. O ICGM é composto por 13 indicadores, agrupados em quatro dimensões: Planejamento, Recursos Financeiros, Serviços e Transparência.

horizontais

Sem álcool - Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a venda do produto em supermercados até 31 de dezembro de 2023. Desde então, o setor vende apenas os estoques. Lá pelo dia 29 de abril deve acabar. E pronto. Vão evaporar das prateleiras.

Ovos de páscoa sobem - Os produtos típicos da Páscoa vêm registrando aumento em volume, principalmente, a partir das duas últimas semanas. No período (11 a 17 passado), os produtos sazonais cresceram 11% em volume. Nos supermercados, os ovos de chocolate registraram alta de 9,4% em volume. Já os chocolates têm alta de 11%.

Vinho cresceu - Na cesta de bebidas, o vinho de mesa registrou crescimento de 13,5% em volume. E por falar em gôndolas, o álcool líquido 70% vai se evaporar das prateleiras dos supermercados, segundo a Associação do setor, a Abras.

Smart City na Aecipp - A Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Aecipp) tem uma nova associada, a Planet Smart City. A com sede em Londres e escritórios na Itália, Reino Unido, Brasil e Índia, toca projetos de cidades inteligentes no Ceará, Rio Grande do Norte e em São Paulo.

EAD - A Uniasselvi, uma das maiores instituições de EAD do País, lança o "Competências em Movimento", um programa de feedback por competências para os estudantes dos cursos de graduação. Elaborado pela Vitru Educação, o novo projeto será apresentado inicialmente pela Uniasselvi, uma das marcas da companhia. O programa gera micro certificações. Na avaliação, fala em ir medir não apenas conhecimento acadêmico, mas também habilidades como liderança, trabalho em equipe, pensamento crítico e adaptabilidade. Outra IES de Vitru é a UniCesumar.

Nu - O Nubank, uma das maiores plataformas digitais de serviços financeiros do mundo e no Brasil o grande incômodo do Bradesco, atingiu o marco de quatro milhões de clientes no Nubank PJ, com soluções voltadas para empreendedores. Esse número representa um aumento de cerca de 50% em relação ao ano anterior. Assim, o Nubank se declara a instituição financeira com mais contas para pessoas jurídicas abertas no País. Lança agora a primeira solução de empréstimo: o Capital de Giro.

Metade das cearenses - Levantamento do Santander Brasil revela: metade das investidoras cearenses aposta na renda fixa. Afirma com base em dados de 2022 e 2023. Conforme o banco espanhol, houve uma pequena oscilação negativa entre as cearenses, neste período, de dois pontos percentuais no patamar aplicado em Certificados de Depósitos Bancários (CDB), Letras de Crédito do Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), títulos do Tesouro Direto e até na poupança.

Metade II - A renda fixa, que engloba essas modalidades de investimento, passou a representar 50% da carteira das mulheres no Ceará em 2023. Esse percentual é o terceiro menor do País. Fica acima do Rio Grande do Norte (48%), Mato Grosso (49%). Empata com Pará e Piauí. Em relação a outras modalidades, destacam-se entre as principais nas apostas das cearenses a previdência, com 31%, e os fundos 11%. A renda variável, que engloba opções mais ousadas, teve 1% da carteira do Santander no estado em 2023.

 

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