Logo O POVO+
A busca pelo erro zero
Foto de Joelma Leal
clique para exibir bio do colunista

Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.

Joelma Leal ombudsman

A busca pelo erro zero

A leitura atenta é a maior aliada no sentido de evitar erros e manter a credibilidade junto aos leitores
Tipo Opinião
O "bolitim" foi apontado por uma série de leitores  (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução O "bolitim" foi apontado por uma série de leitores

Bolitim, entitulado, oje, individados, idenização, estatuo, adatou. Esses são exemplos de palavras publicadas equivocadamente em diferentes editorias do O POVO, somente no decorrer dos últimos dias. Nem os publieditoriais (veiculados a partir de uma negociação direta com a área comercial) estão ilesos: na quinta-feira, 19, por exemplo, uma publicação no perfil do Instagram O POVO trouxe "capsula" sem a acentuação adequada.

Internamente, cerca de 150 funcionários do Grupo recebem, de segunda a sexta, via e-mail da ombudsman, as indicações relacionadas ao que está sendo produzido, diariamente, com a marca O POVO e aí entram não somente matérias, publicações em redes sociais, vídeos do YouTube, mas também anúncios e tudo o mais que tiver ligação com OP.

Esquecimento de letras e de acentuação, falhas ortográficas e de concordâncias verbais e o uso da crase (um dos campeões) são facilmente constatados no decorrer das edições, seja qual for a plataforma. A busca pelo erro zero precisa ser constante.

Também nessa semana, outros dois exemplos práticos: uma fonte ouvida para a matéria chamada Leonardo um pouco mais à frente no texto foi apresentada como Leandro, uma clara confusão corriqueira com as trocas de nomes entre os cantores e irmãos sertanejos. Três dias antes, no mesmo caderno, a foto principal da matéria sobre doramas era da série "Uma advogada extraordinária", mas a legenda informava outra atração oriental e a "advogada em questão" sequer foi citada no texto. Ou seja, não são apenas lapsos gramaticais, mas também de informações.

A coluna de hoje remete a duas outras escritas no início de 2023: "A escassez do 'erramos'", em fevereiro, e "A falta que um revisor faz", em março do ano passado. Não tenho dúvidas de que são assuntos que, em breve, poderão ser abordados, novamente. Afinal, são motes contumazes.

Um dos pontos que chamam a atenção é a reprodução da falha. Facilmente, um equívoco publicado no portal poderá ser revisto no impresso e nas mídias sociais.

Pressa e pressão

A integrante do Conselho Consultivo de Leitores do O POVO 2023-2024, Marilene Pinheiro, tem um olhar atento para a temática. Revisora de textos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), a conselheira constantemente aponta exemplos a serem melhorados e consertados.

"Meu olhar de revisora profissional é bastante sensível às questões gramaticais, ortográficas e textuais, mas não considero exagero quando a mensagem consegue chegar ao leitor sem ruído. Porém, como detentor de um elevado poder na sociedade cearense, quiçá, nordestina e brasileira, creio que o jornal deve primar pelo zelo gramatical não apenas nos problemas mais difíceis, não detectáveis pela maioria dos leitores, mas até nos detalhes e erros básicos de ortografia (muitas vezes ocasionados pela digitação, quero crer)", afirma.

Marilene complementa que: "Quando ocorrem demasiadamente, penso ser necessário um trabalho mais acurado por parte da redação (principalmente nas redes sociais que podem alterar a qualquer tempo), simplesmente com a releitura antes da publicação. São tantos que me fazem desacreditar na competência linguística dos responsáveis pela publicação!".

A pressa e a pressão, indubitavelmente, colaboram com o cenário, mas para o leitor não justifica qualquer que seja o argumento.

Em conversas com estudantes sobre o ombudsmato, costumo comentar a importância de lembrar que, muitas vezes, o que produzimos está sendo usado em sala de aula como instrumento de educação, daí a relevância em apresentar um conteúdo completo e correto, um material, de fato, que seja referência.

Na coluna de março de 2023 sobre o tema, um leitor comentou: "É uma temeridade um professor de português recomendar a seus alunos a leitura diária do referido jornal". Uma total infelicidade receber tal avaliação.

Se antigamente havia a figura do copydesk, um profissional responsável por fazer a revisão de cada texto, hoje há outros mecanismos tecnológicos, mas penso que - sem dúvida - a leitura atenta seja a maior aliada no sentido de evitar erros e manter a credibilidade junto aos leitores.

A propósito: O POVO veicula quinzenalmente no impresso e no OP+ , às segundas-feiras, e a rádio O POVO CBN, semanalmente, às terças-feiras, o quadro Flor do Lácio. Assinado pela jornalista Daniela Nogueira, o conteúdo é focado, exatamente, em questões relacionadas ao uso correto da língua portuguesa.

Procedimentos

Na última segunda-feira, 16, uma notícia publicada no portal O POVO chamou a atenção. Intitulada "Desocupação de terreno: grupo encapuzado teria sido contratado por advogados", a matéria foi reproduzida na versão impressa da terça-feira, 17.

O lide comunicava: "Advogados de uma empresa de compra e venda de imóveis teriam sido responsáveis pela contratação do grupo encapuzado que realizou a desocupação do terreno localizado no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza. Durante a expulsão das famílias, no dia 10 de setembro, uma mulher de 28 anos, que estava nas proximidades, foi atingida por um tiro e morreu. A informação sobre a contratação dessas pessoas é da defensora pública Elizabeth Chagas, que acompanha o caso. No total, dez pessoas já foram ouvidas e documentos e equipamentos foram apreendidos para subsidiar as investigações."

Em nenhum momento os nomes dos advogados foram mencionados. No entanto, dentro do universo jurídico não se trata de uma árdua busca para se chegar às identificações.

Na quarta-feira, a matéria foi atualizada e o leitor pode conferir no fim do texto o aviso: "Atualização: A informação sobre a suposta contratação de grupo encapuzado foi repassada a partir dos depoimentos. Atualizada em 18/9/24, às 18h21min".

No texto atualizado, um posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE): "Sobre os advogados citados no inquérito, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que caso haja qualquer acusação falsa com o intuito de criminalizar o exercício da advocacia poderá ensejar em uma ação de perdas e danos e outra de natureza criminal, além da participação da OAB nos respectivos processos no interesse de defender a advocacia".

Fato é que assuntos de tamanhas delicadeza e gravidade requerem procedimentos fundamentais como as gravações das falas de todas as fontes ouvidas.

 

Foto do Joelma Leal

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?