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Artigo polêmico, 6x1, explosões e o X
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Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.

Joelma Leal ombudsman

Artigo polêmico, 6x1, explosões e o X

Uma série de acontecimentos graves e polêmicos no País e no mundo ocupou telas, páginas e espaços nas rádios
Tipo Opinião
Policiais periciam a Praça dos Três Poderes após ataque com explosivos em frente ao STF (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil Policiais periciam a Praça dos Três Poderes após ataque com explosivos em frente ao STF

Semana, no mínimo, agitada, envolvendo o noticiário internacional, nacional e, naturalmente, respingando no cenário local.

Domingo passado, dia 10, a Folha de S. Paulo publicou o artigo "Aceitem a democracia" assinado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A repercussão - como já era de se esperar - foi imensa. O material foi reproduzido na versão impressa de segunda-feira, 11.

Também na segunda, a Folha trouxe um texto do jornalista Ricardo Kotscho, criticando o espaço cedido a Bolsonaro. O texto do ex- secretário de Imprensa no primeiro governo Lula se encerra da seguinte forma: "Permitir que alguém inelegível, cuja trajetória está marcada por afrontas à democracia, publique sem contrapeso um texto com o título 'Aceitem a democracia' é, no mínimo, um golpe no estômago".

Como bem disse a jornalista Regina Ribeiro, no artigo "Bolsonaro, o democrata? Ou é puro (auto)engano?", publicado na terça-feira, 12, no O POVO: "Pode ser que o artigo nem tenha sido mesmo Bolsonaro que tenha escrito uma vez que o texto não contém palavrão, não destila agressão contra ministros do STF, não desacata autoridades nem instituições".

Nos mais de 500 comentários de leitores, no artigo de Bolsonaro, boa parte informa sobre o imediato cancelamento da assinatura. Por outro lado, uma ínfima parte elogia a "permissão para que todas as vozes se expressem".

A diversidade de temas, "lados", vozes e opiniões é premissa das páginas de Opinião de um veículo de comunicação. O episódio faz lembrar outras vezes em que a editoria foi pauta desta coluna (não somente neste mandato, como nos anteriores).

Para ilustrar, a mais recente foi a "Violência não é opinião", publicada em março deste ano, e teve como gancho o texto intitulado "O que é um homem?". À época, o diretor de Opinião do O POVO, Guálter George, destacou que "mesmo que não busquemos a polêmica pela polêmica, longe disso, ela parece um resultado natural do esforço de preservar um ambiente pelo qual possam circular todos os campos de pensamento, independente do que sejam as nossas posições institucionais e que se encontram expostas de maneira clara nos documentos internos e nos editoriais que diariamente publicamos".

A partir daí, repito o que havia comentado há pouco mais de oito meses: "As páginas de Opinião são abertas a contribuições diversas, logo é esperado que chegue 'de tudo'. Cabem, portanto, critérios mais claros do que é publicável. Bom senso é bem-vindo, porém é artigo raro. Que além dos meios para envios de textos, fique visível ao leitor não somente aspectos técnicos, como quantidade de caracteres, mas, principalmente, os limites aceitáveis".

Cenário nacional

Outros dois assuntos ocuparam massivamente as telas, páginas e demais plataformas: a começar pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da escala 6x1, que sugere o fim da jornada de trabalho na escala 6x1, e o ataque que atingiu a Praça dos Três Poderes, em Brasília.

O primeiro assunto foi manchete de capa da edição de terça-feira, 12, do O POVO, e trouxe conteúdos tanto em Política como em Economia. No decorrer da semana, foram vários os espaços, incluindo as edições do O POVO News, Debates do POVO, demais programas da rádio O POVO CBN, mídias sociais e colunas.

O segundo, gravíssimo, ocorrido na noite de quarta-feira, 13, também ocupou as mais variadas plataformas do Grupo (as já citadas no primeiro caso, mais o editorial "O 'ato isolado' decorre de um contexto extremista"), reportagem de página dupla e duas manchetes seguidas (até o fechamento desta coluna), na quinta-feira, 14 ("Explosões atingem Praça dos 3 Poderes"), e na sexta-feira, 15, ("Atentado fragiliza PEC da Anistia ao 8/1").

O POVO tem coberto bem ambos os assuntos e não há dúvida de que a presença de um correspondente em Brasília, o jornalista João Paulo Biage, contribui significativamente para o resultado apresentado. Daí a relevância de ter um olhar in loco e não ter dependência única de agências e obtenção de dados via notas, e-mails e aplicativos de mensagens.

Uso do X em xeque

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, anunciou a escolha de Elon Musk - proprietário do X (antigo Twitter) - para comandar um novo departamento associado ao governo. Entre as funções adiantadas, estão a de eliminar a burocracia do governo, acabar com regulações excessivas, cortar gastos desnecessários e reestruturar agências federais. Uma notícia que por si só causa preocupação, diante das atitudes questionáveis e já conhecidas do empresário.

O anúncio foi decisivo para que na quarta-feira, 13, o jornal britânico The Guardian anunciasse a suspensão do uso do X para a publicação de notícias. O tradicional veículo, que soma mais de dois séculos de história, justificou a decisão da seguinte forma: "É algo que consideramos há um tempo, devido aos frequentes conteúdos perturbadores promovidos e encontrados na plataforma, incluindo conspirações de teorias de extrema-direita e racismo. A campanha eleitoral para a Presidência dos Estados Unidos serviu para confirmar o que consideramos há muito tempo: o X é uma plataforma de mídia tóxica, e seu proprietário, Elon Musk, usou sua influência para moldar o discurso político". No perfil do veículo no Instagram é possível conferir detalhes sobre a novidade.

Um dia depois, o espanhol La Vanguardia, sediado em Barcelona, anunciou uma definição similar. "La Vanguardia deixa de publicar tweets diretamente na rede social X, que se tornou uma rede de desinformação desde a chegada de Elon Musk (...) A par da decisão de deixar de publicar no 'X', este jornal continuará a monitorizar pessoas, entidades, empresas e instituições nesta rede, de forma a informar prontamente os seus leitores sobre mensagens e debates que nela possam ocorrer", traz parte da nota do jornal.

É válido lembrar que o bilionário, fundador das empresas SpaceX e Tesla, adquiriu a rede social - até então, chamada de Twitter - em outubro de 2022. Mais recentemente, entre 30 de agosto e 8 de outubro de 2024, a rede social foi suspensa no Brasil. Suspensão essa causada pela disseminação de conteúdos falsos nos mais variados perfis da rede.

Coincidência ou não, a rede social Bluesky ganhou mais de 700 mil usuários entre 5 e 12 de novembro, assim como o disparo de assinantes no Threads, ligado à Meta.

A ver as condutas dos demais veículos - incluindo O POVO - acerca da permanência no X. Trata-se de uma decisão pertinente e merece a atenção e um olhar cuidadoso por parte dos meios de comunicação.

 

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