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Percepções variadas de um mesmo conteúdo
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Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.

Joelma Leal ombudsman

Percepções variadas de um mesmo conteúdo

É interessante observar as visões múltiplas de um mesmo conteúdo, seja em Esportes, seja em Política ou em qualquer outro tema
Tipo Opinião
  Lavoisier Freire, ex-goleiro de futsal, foi o entrevistado das Páginas Azuis do O POVO (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Lavoisier Freire, ex-goleiro de futsal, foi o entrevistado das Páginas Azuis do O POVO

Em conversas com estudantes sobre o ombudsmato, costumo dizer que "nem sempre o leitor tem razão" ou nem sempre é preciso concordar com as opiniões que chegam por meio dos canais de contato. Entretanto, todas as mensagens são lidas, consideradas, respeitadas, respondidas e encaminhadas. As divergências de opiniões são salutares.

Uma das mensagens recebidas nessa semana dizia respeito à entrevista publicada nas Páginas Azuis, de segunda-feira, 2. Originária de um leitor colaborativo, atento e habitual, a mensagem criticava o espaço concedido a um ex-atleta, o Lavoisier Freire. No OP+, é possível conferir a íntegra da entrevista "Lavoisier Freire: o goleiro baixinho que pôs Ocara no mapa do futsal mundial".

Segundo a avaliação do leitor, "Não é de agora que OP vem colocando esportistas/atletas nas entrevistas das segundas-feiras (páginas azuis). Hoje (2/12/24), por exemplo, tem um goleiro de futsal (que merecia, no máximo, uma página no caderno de Esportes). Eu pergunto, o que esse pessoal tem de engrandecedor para falar? Salvo raras exceções, estão limitados ao ambiente alienante de sua profissão. Não há vida inteligente no esporte. Vocês deveriam se espelhar na Folha de SP que, inclusive, traz na edição de hoje, em sua 'Entrevista da 2ª', o economista Marcos Lisboa analisando o desastre econômico do governo Lula, criticando sobretudo o frustrante pacote anunciado pelo Haddad. OP deveria trazer, no espaço nobre de suas páginas de segunda, pessoas que abasteçam culturalmente/intelectualmente o leitor (cientistas, filósofos, literatos, economistas...), já que grande parte (talvez a maior) de seus leitores é composta por formadores de opinião, pessoas que possuem massa cinzenta, ao contrário desses atletas".

Antes de encaminhar a análise aos editores da área e demais profissionais da Redação, respondi ao remetente: "Permita-me discordar de que 'Não há vida inteligente no esporte'. Acredito, sim, que cientistas, filósofos, literatos, economistas… contribuam, no entanto não eliminam o que atletas e demais profissões possam agregar. Sua avaliação sobre o entrevistado de hoje merecer, no máximo, uma página de Esportes é algo a ser discutido, mas reitero ser injusto englobar todos os atletas como alienados".

Internamente, o assunto rendeu trocas de e-mails com o editor-chefe de Esportes, André Bloc. "Acho fascinante o quanto a percepção de duas pessoas pode destoar. Digo isso porque já editei dezenas de entrevistas e essa foi certamente uma das que mais gostei. Mostra o personagem, que é uma das pessoas mais únicas que já vi. Não é alguém que diz o que a gente espera, mas, bem, acho que a gente já vê gente dizendo o óbvio suficientemente. No esporte ainda mais. Desconfio que a pessoa não tem interesse por esportes, daí o desdém com que carrega a sugestão/crítica. Mas, enfim, deixa eu fazer um exercício de dimensionamento. O esporte mais popular — importante? — do país é o futebol. Quantos jogadores titulares da seleção masculina de futebol em uma Copa do Mundo temos no Ceará? Nenhum. Aliás, o esporte mais praticado do Brasil nem sequer é o futebol de campo. É o futsal mesmo, que domina grande parte das escolas do país. O Ceará já foi o centro do futsal brasileiro. Não é mais, mas o Lavoisier representa muito disso — ajuda a explicar a mudança de centro, inclusive. Foi titular em duas Copas, revolucionou a posição. E agora é dirigente, é o gestor-chefe de uma equipe que não tem um mês que trouxe o maior título do mundo do esporte mais praticado do Brasil. Título esse que o Brasil não vencia há anos. Se o Lavoisier não é um personagem digno de um espaço nobre do jornal, nenhum esportista é".

A discussão foi o gancho para a coluna semanal de Bloc intitulada "O desafio de quebrar a câmara do eco do jornalismo esportivo", na qual explana acerca da cobertura diária da editoria: "De um lado, há o desejo de espraiar os interesses de um público viciado num tipo específico de conteúdo. Do outro, busca-se fisgar aqueles para quem esporte é apenas uma futilidade".

É interessante observar as visões múltiplas de um mesmo conteúdo, seja em Esportes, seja em Política ou em qualquer outro tema.

A janela do avião

Difícil encontrar alguém que não tenha sido impactado com o vídeo que circulou repetidas vezes e nas mais variadas plataformas, nessa semana, sobre o caso de uma mulher que se recusou a ceder o assento de um avião localizado próximo à janela para a mãe e uma criança.

A megaexposição da vilã que virou heroína (mas poderia não ter acontecido) repercutiu em colunas, artigos, publicações nas redes sociais (no Instagram do O POVO, foram quatro postagens sobre o assunto, em dois dias), destaque na home do portal, vídeos no YouTube, entrevistas e tudo o mais. Não só no O POVO, mas nos mais variados veículos do País.

Um leitor questionou a veiculação da imagem da mulher, com uma sequência de perguntas: "Por que expor a imagem desta mulher que não cometeu crime algum? Esquecemos que a internet é uma máquina de ódio e hoje, essa mulher que nada fez, pode sofrer de ameaças até a destruição de sua saúde mental por conta do ódio que pode ser direcionado a ela? Cadê a responsabilidade da mídia? Para quem discorda dela, tudo certo, mas a atitude dela é criminosa ao ponto de ter sua imagem exposta para o país inteiro? Vale tudo pelo engajamento e pelo clique? Até destruir vidas? Cadê a responsabilidade social do jornalismo?"

Apesar do aumento repentino de seguidores e da fama instantânea, a mulher afirmou, em entrevista à TV Globo, na última sexta-feira, 6, temer por sua segurança e de sua família, após a repercussão do episódio, e cogita abrir um processo judicial (contra a mãe da criança) após ser exposta. A mãe, após tamanho estardalhaço, divulgou vídeo, justificando que o menino não queria ficar na janela, mas ao lado da avó e que o vídeo não teria sido feito por ela, e, sim, por outra mulher que presenciou a cena.

Certamente, a exposição foi maximizada a partir do momento em que quase unanimidade dos veículos cederam espaço ao caso.

50 anos ou 14 meses?

Em 2024, a coluna Layout celebra cinco décadas de existência. Certamente, um marco para qualquer conteúdo, empreendimento ou pessoa.

Como parte das comemorações, o Grupo O POVO anunciou o lançamento do livro "Layout 50 anos", assim estava no convite para a festa de lançamento da publicação. A partir do título, a expectativa é conferir a trajetória do espaço: curiosidades, colunas icônicas, campanhas inesquecíveis, bastidores etc.

Entretanto, de acordo com matéria e entrevistas, na verdade, a obra reúne crônicas dos últimos 14 meses da coluna. Diferentemente do que estava no convite, o título do livro é "Será Arte? Contextos da Coluna Layout 2023/2024". Ah, bom.

 

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