A televisão sintonizada em uma partida de futebol de salão, na TV Manchete, despertou o sonho de um garoto no interior do Ceará. Até então, a única saída de Ocara (a cerca de 100km de Fortaleza) tinha sido para a Capital, de ônibus. Mas o menino de 8 anos já pensava grande e sabia que poderia se tornar um ídolo do esporte pelo destaque nos "rachas" com os colegas no distrito de Sereno de Cima.
Obstinado e metódico, Lavoisier Freire Martins aproveitou as oportunidades que apareceram ao longo da trajetória para ganhar o mundo. Foi do Nordeste ao Sul do Brasil para construir a carreira e disputou competições em vários continentes.
Agarrou as chances com mesma a firmeza que mostrava debaixo das traves e se consagrou como um goleiro multicampeão e de estilo precursor nas quadras, inclusive pela estatura (1,66m).
Com personalidade de sobra, Lavoisier não temia vestir a camisa 1 e se atirar nas bolas para evitar gols adversários. Pelo contrário: procurava intimidar os rivais com tapas no próprio rosto e intensa vibração após cada defesa, o que virou moda entre os goleiros a partir de então.
Também precisou de coragem para encarar o olhar de decepção do avô em uma dura conversa, diante do sonho da família que ele fosse médico — depois, a frustração virou orgulho com o brilho do neto vestindo a camisa da seleção brasileira por mais de dez anos.
A agilidade e o bom poder de impulsão fizeram o ocarense ganhar espaço e não deixar escapar as brechas que surgiram. Do Sumov, transferiu-se para o Tio Sam, de Niterói (RJ) — sim, o nome faz referência ao símbolo norte-americano e o clube tinha as cores da bandeira dos Estados Unidos.
A ideia do tradicional clube cearense era tê-lo de volta após alguns meses, mas Lavoisier almejava jogar no Sul. Ainda passou pelo Vasco da Gama-RJ antes de rumar para o Carlos Barbosa-RS.
Na equipe que leva o nome da pacata cidade do interior gaúcho, o goleiro fez história e concretizou o sonho de se tornar ídolo de uma torcida e atuar no principal time de futsal do planeta: foi bicampeão mundial, tricampeão da Copa Libertadores, tricampeão da América, tricampeão da Liga Futsal, bicampeão da Taça Brasil e pentacampeão estadual.
Lavô, como é chamado pelos mais próximos, também atuou por Intelli-SP e Ulbra-RS e voltou ao Carlos Barbosa, onde encerrou a carreira como jogador, em 2012.
Ele não ficou muito tempo longe do futsal: em 2015, a convite de Clovis Tramontina, principal patrocinador e presidente de honra do clube gaúcho, tornou-se dirigente e levantou mais nove taças (três Libertadores da América, uma Liga Nacional, uma Taça Brasil, uma Supercopa e três Estaduais).
Em 2021, partiu para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com a missão de coordenar as seleções de futsal. Em outubro de 2024, no Uzbequistão, viu o trabalho culminar no hexacampeonato mundial do time masculino.
Semanas depois, em passagem por Fortaleza, Lavoisier Freire atendeu O POVO no ginásio do Centro de Formação Olímpica (CFO) por cerca de uma hora, revisitou a trajetória vitoriosa dentro e fora das quadras, revelou uma dívida de gratidão com o Estado que o projetou e explicou como pretende recuperar a força do futsal no cenário nacional.
O POVO - De que forma surge o futsal na sua vida? Já tinha o sonho de virar profissional do esporte?
Lavoisier Freire - Esse sonho despertou muito cedo, aos 8 anos de idade. Eu jogava futebol lá no meu sertão, em Ocara, no distrito de Sereno, vi que não ia crescer mais e os meninos tudo maiores do que eu já, eu com a estatura bem baixa. Eu vim morar em Fortaleza e conheci o futsal. Poxa, se eu já jogava numa trave grande, no time de Ocara, e conseguia defender, quando eu cheguei e vi uma travezinha pequena daquela...
Joguei meu primeiro interclasse e não tomei nenhum gol, pelo Colégio Santa Cruz. No segundo interclasse, não tomei nenhum gol também. No segundo ano depois do interclasse, fui convidado para integrar a seleção da escola. A partir daí, aquele sonho começou a nascer em mim. Nesse momento, aos 10, 11 anos, eu já jogava (na categoria) infanto na escola, bem novinho, sempre uma categoria acima.
E eu estudava para (ser) médico, até aquele momento. Meu sonho era ser médico. Por quê? Porque meu avô era farmacêutico e ele tinha, na ideia dele, que alguém da família teria que assumir esse papel. Eu era o primogênito, então seria para mim.
Ele disse assim: "Você vai estudar para ser médico, vai fazer caligrafia, para quando os receituários chegarem para mim, você ser o primeiro médico a ter a letra bonita". Então fiz caligrafia desde a infância, porque chegava e ele não entendia os receituários. Estudei e fiz caligrafia, dia após dia, hoje minha letra é boa.
Despertou o futsal no Santa Cruz, comecei a jogar os intercolegiais e comecei a ganhar as copas. Eu, bem jovem, ganhando as copas mais adultas e depois recebi o convite para jogar na escola Hildete de Sá Cavalcante, onde me deram bolsa, fardamento, livros... Eu, tão jovem, já ganhando isso, não entendia. Nunca paguei para estudar, no Santa Cruz eu não pagava também, porque jogava.
OP - E você sempre foi goleiro? A altura não era problema?
Lavoisier - Todo mundo olhava para mim, e eu jogava abaixado. Porque as minhas melhores bolas eram no alto. Então, eu induzia os caras a chutarem no alto. E outra coisa: era (defesa) plástica também, eu adorava. Aquilo ali fez com que eu tivesse êxito, uma estratégia minha.
Todo mundo chutava no alto, era minha melhor bola. Além de ser minha melhor bola, saía uma plástica gostosa. "Esse cara é do c..., olha as defesas que ele faz". Quando começava o treino, o que eu queria ouvir... Terminou o treino, o Índio (ex-jogador da seleção brasileira de futsal) chegava para mim: "P..., batoré, hoje tu foi f... Se não é tu, a gente tinha ganhado o coletivo".
"Eu f... foi com vocês, não ganharam, não". Até porque os caras me achavam chato, eu era muito focado no que tinha para fazer. E também eu não dava cabimento, com conversinha, nunca fui disso.
OP - Como apareceu a oportunidade de jogar pelo Sumov?
Lavoisier - Nessa minha mudança para o Hildete, surgiu para fazer um teste no Sumov, um pouquinho antes. Um amigo meu me levou e uma coisa que eu tinha combinado com ele desde a terceira série: "Tu me ensina a estudar — porque eu queria ser médico — e eu te ensino a ser goleiro".
A gente treinava junto. Esse teste no Sumov foi a grande mudança na minha vida. Eu já tinha as minhas estratégias, sabia onde queria chegar.
Quando eu comecei a jogar no colégio, eu dizia para o meu primo, lá no distrito de Sereno, jogando sinuca com ele: "Um dia eu vou jogar no maior time de futsal do Brasil", que era a Enxuta-RS, eu assista na extinta TV Manchete. E eu dizia: "Um dia eu vou jogar lá, vou ser um ídolo igual a esses caras". E ele falou: "Tu tá doido, cara? Vai sair daqui para jogar lá?".
"Vou, cara, eu vou conseguir isso para a minha vida. Eu tenho esse objetivo". "Como é que tu vai chegar lá? Só foi de ônibus para Fortaleza". E eu disse: "Cara, um dia eu pego um avião desse, que passa aqui, e vou parar lá". Eu mentalizei isso, não poderia tirar isso da mente.
Quando eu fui fazer o teste, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi isso. Quando meu amigo chegou lá, ele disse assim: "Jorgenato (Jorge Renato), trouxe um amigo para fazer um teste aí no infantil". "Ele é bom?", "bom demais, pega muito". Aí, o Jorgenato disse assim: "Vinte pegam muito aqui também" (apontando).
Não me colocou para fazer teste no infantil, não colocou no infanto, aí eu disse: "Esse cara vai me colocar para fazer o teste no juvenil". Fiz o teste no juvenil, e ele foi deixando. O teste no juvenil era chute a gol, o que eu mais gostava, pegava demais.
E antes de ele colocar, eu sabia que eram dez minutos, só para aquele testezinho. Eu sentei no banco do ginásio Aécio de Borba — ainda me lembro o banco — e comecei a analisar todos os caras. [...] Quando ele disse: "Vai lá, é você", eu pensei: "Agora é minha vez".
Os caras começaram a chutar, não fazia gol em mim, nenhum deles. E eu era (da categoria) infantil. Pulava igual àquelas milonguinhas, como chama no Ceará. Tinha a
OP - Como fez para se firmar até chegar à categoria adulto?
Lavoisier - Sempre fui um estrategista em relação a tudo. "Estou dentro do Sumov, tenho que fazer meu nome. Como é que eu faço? Ninguém pode tirar o meu lugar, eu tenho um sonho". Chegava na quarta-feira, eu chamava nosso treinador (de goleiros), que era o Thé Júnior, comprei uma raquete de tênis e 20 bolinhas de tênis. Eu fui o primeiro goleiro a treinar com bolinha de tênis.
Aí, sentavam aqueles 20 meninos para fazer teste, chegavam cedo para fazer, botavam o material. E eu chamava: "Thé Junior, vamos fazer o treino da gente antes do treino do infanto". Eu pegava as bolinhas de tênis, e o Thé Júnior começava (gesticula arremessos e defesas).
A gente passava uma hora só na bolinha de tênis. Quando eu olhava para a arquibancada, um tirava a luva, outro tirava a cotoveleira, outro tirava a joelheira... Quando o Marquinhos (Jacaré, técnico) chegava, só tinham um ou dois. "Cadê os outros? Vocês vão embora?". "É difícil a gente pegar essas bolas de futsal, esse maluco pega essas bolinhas de tênis". Então, era estratégia para ninguém me ameaçar.
OP - Em que momento virou titular?
Lavoisier - Eu dei sorte que, nesse momento, o Facózinho se machucou. Jogavam ele e o Lula no (time) adulto. Quando o Facózinho machucou, queriam trazer outro goleiro, e o Lula disse: "Ele está pegando tudo, no infanto, no juvenil. Bota ele". Aí, eu comecei a ser goleiro do adulto também, aos 16 anos.
Eu estudava para ser médico, chegava 13h30min no ginásio, treinava com preparação de goleiro, treinava com infanto, treinava com juvenil e depois treinava com o adulto, chegava em casa 20h30min. Passei quase um ano todo fazendo isso.
Fui para a Taça Brasil, fui campeão, aí foi quando eu realmente me estabilizei, aos 19 anos, e falei: "Não vou ser médico, não". Tanto que quando eu passei para Educação Física, cheguei para o meu avô e disse: "Vô, passei no vestibular".
Ele ficou feliz, eu pensei: "P... m..., vai dar m...". "Você vai estudar em que faculdade, meu filho, para estudar Medicina?". "Não, vô, passei para Educação Física". "Mas que m... é essa? Nunca vi faculdade de Educação Física. Serve para quê?".
A tristeza do meu avô foi grande. Só que aos 19 anos, eu fui campeão brasileiro juvenil, já estava disputando Taça Brasil com o adulto, fui convocado para a seleção brasileira pela primeira vez. Então eu disse: "Vou seguir, estou indo bem".
OP - Como foi a conversa com seu avô sobre a decisão de virar jogador profissional?
Lavoisier - O meu vô deu conta quando eu comecei a aparecer na seleção brasileira, no Esporte Espetacular (programa do Rede Globo). Eu me lembro que toda vez que tocava a música, eu começava a chorar: "Pa papá papá papá" (cantarola a trilha sonora do programa). Aí, meu vô começou a assistir TV para me ver.
E ele mudou mais ainda quando viu que eu viajava. A primeira viagem internacional minha, por incrível que pareça, foi Austrália, do outro lado do mundo. Saí do Ceará levando as coisas, porque a Confederação (Brasileira de Futsal) era aqui, bolsas, bolas, tudo, chegava em São Paulo, distribuía de lá. Viagem louca naquela época, 1996.
Quando eu chegava de viagem, ele dizia: "Senta aqui. Como é lá? Que moeda é? O que eles falam lá? Qual é a base da economia", e eu explicava tudo para ele. "Você sabe falar inglês?". E eu disse: "Vou aprender ainda, vô, não sei ainda, não". "Mas tu sabe falar espanhol?". "Vou aprender, vô". Aí, ele se deu conta: "Caramba, tu é famoso, né?'. "É, vô, eu não salvo vidas...".
Eu joguei em Copacabana, Fortaleza, então para ele mudou a chave. A minha família era esportista. Meu tio jogou no Tiradentes, meus primos jogaram no Fortaleza.
Meu tio até deu certo, jogou um pouquinho no Quixadá, mas não foi aquele cara. E meu avô dizia: "Tu joga na seleção brasileira". Então mudou. A casa dele virou ponto de ter tudo que é medalha minha, tudo que é foto. Ele fez da sala dele um lugar só meu, quase um museu.
OP - Você foi titular da seleção brasileira por muitos anos. Quando foi a primeira convocação e como ganhou a vaga?
Lavoisier - Com 20, 21 anos, eu entro na minha terceira oportunidade: fui jogar uma Copa América com o Brasil. Ao chegar em São Paulo, o Takão (técnico) disse assim: "Amanhã é a estreia, o titular é o Dico. Você e o Wellington tiram par ou ímpar".
No começo do jogo, o Dico foi dominar uma bola, a bola bateu na perna dele, o cara veio e fez o gol, caixa. Jogo difícil, a gente nunca tinha começado perdendo um jogo. Como eu ganhei o par ou ímpar e fui para o jogo (no banco de reservas), comecei a observar todos os atletas, de que forma chutavam, de que forma passavam, quando ia no canto, cruzava, chutava no gol...
Quando o jogo estava pegado, 1 a 1, pênalti para o Uruguai. O número 4 ia bater, aí o Takão olhou para mim — ele me chamava de Ceará: "Ceará, tu pega pênalti?". Era a oportunidade da minha vida, homem, eu vou dizer que não?
"O que eu mais faço no Ceará é pegar pênalti, treino todo dia. Sou pegador de pênalti nato, Takão". "Então vai lá, Ceará, pega". Já tinha analisado que o cara era destro, pézão grande, (a bola de) confiança (era) cruzada, alta sempre.
Hoje, os goleiros se põem na trajetória da bola, até mesmo no jogo; naquela época, a gente atacava a bola. "Eu vou pegar essa bola". Mentalizei aquilo, tomou distância, tum (onomatopeia do chute), peguei aqui e caí com ela. [...] Soltei a bola, aproveitei ao máximo e corri, já fiz minha missão. Depois, a gente virou, 2 a 1, 3 a 1.
Tiro livre (para o Uruguai). O Takão olhou para mim: "Ceará, tu pega tiro livre?". "Ih, pego mais que pênalti. No Ceará é uma maravilha. Takão, macho, se tu souber, é pênalti e tiro livre, tiro livre, tiro livre" (risos).
Ele me botou, e era o mesmo cara (cobrador), cagado já. E eu fui um dos primeiros goleiros a sair de peito na bola. Quando o cara preparou para chutar, eu já estava quase no pé dele, a bola bateu aqui (bate no peito) e saiu.
Eu saí, nós fizemos 4 a 2 e teve outro tiro livre. Aí o Takão chamou de novo: "Ceará, vai lá, resolve essa situação". Quando eu fui sair, ele disse: "Fica aí". Aí, fiquei no gol, terminei (o jogo). No outro dia, ele disse: "O novo titular é o Lavoisier". Passei a ser titular, fiquei dez anos na seleção brasileira, fiz 150 jogos.
OP - Do Sumov, você vai jogar em clubes do Rio de Janeiro e depois chega ao Rio Grande do Sul para fazer história no Carlos Barbosa...
Lavoisier - Eu comecei a fazer estratégias. "Pô, para eu ser goleiro agora tenho que cuidar do meu corpo, que é minha ferramenta de trabalho, ser um cara muito ético em tudo que for fazer e sempre memorizar jogos e treinamentos".
Criei uma bola com várias coisas — até hoje eu tenho essa bola — que eu tinha que fazer para atingir o êxito. E aquilo deu certo. Eu ficava dois dias memorizando o jogo. Eu ganhava uma competição, esquecia aquela e fazia sempre uma nova competição.
Eu saí do Ceará para ir para o Tio Sam-RJ, em 1996, e o doutor (Francisco) Rios, que era o presidente do Sumov, me disse: "Tu vai agora em agosto e volta em dezembro, traz a carta liberatória". Quando eu recebi a carta liberatória, lá no Rio de Janeiro, eu rasguei. "Daqui, só para baixo (no mapa do Brasil)". [...] De repente, seleção pintou e eu fui fazendo sempre um novo dia. [...] Aqui no Sumov, as oportunidades surgiram, depois no Tio Sam.
Quando me chamaram para ir para o Carlos Barbosa, o cara falou assim: "Tu quer ir para o Carlos Barbosa?". Eu estava no Vasco, ganhando muito bem, apesar de não receber (risos). "Eu vou". "Tu não sabe quanto vai ganhar". "Não quero nem saber quanto eu vou ganhar, quero ir".
E eu fui. Foram 28 títulos como jogador no Carlos Barbosa, dez anos, fiz 715 jogos, ganhei todos os prêmios que ninguém nem imagina que eu tenho.
No meu Estado, fui seis vezes campeão estadual adulto, duas vezes campeão estadual juvenil, campeão brasileiro; no Rio de Janeiro, fui tricampeão; no Rio Grande do Sul, ganhei mais uns seis Estaduais também como jogador, Liga Nacional acho que ganhei quatro, Libertadores eu ganhei três jogando...
"Quando eu dei conta, a minha bancada de medalhas já não cabia mais. E eu tenho desde a primeira, que eu ganhei no Santa Cruz, no interclasse, até a última."
OP - Ainda durante a carreira como jogador, você já pensava em virar dirigente ou seguir no futsal depois de se aposentar? Como se preparou para essa transição?
Lavoisier - Quando eu parei de jogar, aí muda a oportunidade, muda a chave. Eu tinha uma empresa de brindes e (produtos) licenciados, comecei a fazer cursos de gestão e de venda.
Parei em 2012, trabalhei mais dois anos nas minhas empresas, e o seu Clóvis, dono da Tramontina (patrocinador do Carlos Barbosa), disse: "Lavoisier, que tal tu assumir o Carlos Barbosa? Você tem condições?". "Condições eu tenho, só peço um tempinho para estudar, seu Clóvis. Vou dar um jeito nisso aqui". Ele não estava contente com o supervisor.
Comecei a estudar, a entrar na fábrica, ver como funciona a empresa, comecei a aprender o que era a Tramontina, que exporta para 135 países, como são os processos... De repente, eu implantei aquilo dentro do clube, a carteira assinada, direito de imagem, Lei Pelé, um planner todo ano para o que fosse fazer... Profissionalizei o clube.
Tinha um planner de melhorias do clube: musculação, vestiário, do DM (departamento médico), fisioterapia, quadra, categorias de base... Eu tinha um planner para tudo. Comecei a estudar sobre fisioterapia, lesões, gestão, fisiologia, aspectos técnicos e táticos do jogo.
Para eu cobrar? Não, para eu ajudar. [...] E assim eu ainda ganhei mais três Libertadores, Liga Nacional, Superliga, Supercopa, Estaduais... Todos os títulos que eu ganhei como atleta, ganhei também como supervisor.
Passei a fazer todos os cursos de gestão, terminei a faculdade de Administração, agora aos 50 anos. [...] De três em três meses, eu tinha que expor tudo que acontecia no Carlos Barbosa para os 20 maiores empresários da cidade: os diretores da Tramontina, diretores da Santa Clara, diretores do Sicredi.
Então imagina explicar para esses caras que o teu time perdeu as competições de forma que eu pudesse convencer que o meu trabalho tinha sido feito, que o trabalho da comissão (técnica) tinha sido feito? O futebol é paixão, mas você trabalha com os números.
O seu Clóvis dizia: "Como é que tu ganhou só uma competição no ano e sai da reunião aplaudido por todos? Olha teu relatório, tua forma de pensar". "Pô, seu Clóvis, obrigado". "Não, obrigado não, tu tá f... comigo, não ganhou nada esse ano, mas parabéns" (risos).
Um dia, ele chegou para mim e disse: "Isso aqui está pequeno para ti. Teus pensamentos são além, tem que ir para outro...", aí coincidiu de quando foram pedir minha liberação para a Copa do Mundo (de 2021).
OP - Foi aí que surgiu o convite para ser coordenador do futsal da CBF?
Lavoisier - A partir de lá, eu entrei na CBF como uma bactéria, todo mundo me olhava estranho. Eu poderia contaminar o organismo forte do futebol, ser expurgado, posto para fora, ou fazer um trabalho que essa bactéria fortalecesse a instituição. Quando eu cheguei lá, não tinha nada. Não tinha registro de atleta, não se sabia os processos, nada, nada.
Comecei simplesmente do zero. A partir dali, eu comecei a fazer o trabalho que eu fazia no Carlos Barbosa, só que com o planejamento pensando lá na frente. Hoje eu trabalho com seis seleções, tenho comissão (técnica) para cada seleção, todas as seleções trabalhando de forma única, tenho 15 a 16 eventos (jogos) por ano. [...]
E hoje o trabalho do futsal na CBF é um modelo, é tanto que eu trabalhei com o (futebol de) campo durante oito meses, devido ao trabalho. Eu disse: "Não, o campo não dá para mim agora, não. Deixa passar a Copa do Mundo que a gente vê, eu vim para cá por causa do futsal, tenho que me dedicar ao futsal".
E o resultado culminou nisso, batalhando em todas as Datas Fifa e a Copa do Mundo foi a grande cereja do bolo. Já tinha ganho de tudo: Copa América masculina e feminina, inúmeros títulos... Culminou com a conquista da Copa do Mundo, que foi um planejamento muito maluco que eu fiz. No começo, reclamaram, reclamaram, mas a gente sabe que está fazendo por algo grande.
OP - Você é um cara sereno, de fala tranquila, mas se transformava em quadra...
Lavoisier - É, hoje eu falo para a minha atual esposa: "Cara, tu me pegou numa outra fase. Eu sou um cara de boa. Mas nunca deixa a chave cair, não, porque quando a chave cai, a gente perde o controle de tudo". Mas hoje eu sou um cara super-sereno, acho que a maturidade me levou a isso.
OP - Esse estilo te ajudava a extravasar?
Lavoisier - Ajudava. Eu era loucaço. Eu amava quando entrava em quadra. Agora, na Copa do Mundo, que eu não entro em quadra... É f..., bicho. Você não descarrega a adrenalina, fica cagado, porque não pode fazer nada, a m... descendo. P... que pariu, você não pode fazer nada, não descarrega a adrenalina.
OP - Então ser dirigente é mais difícil?
Lavoisier - É mais difícil, bicho. Porque lá dentro (da quadra), tu descarrega, tu é f..., resolve. "Aqui não entra, aqui tu tá f..., vai se f..., chuta, p... do c...". E aí bate na cara. Lá fora, tu diz: "P... que pariu, se esse bicho tomar o gol? F...". E tu não pode fazer nada, então fica nessa.
OP - Pelo seu estilo e pela sua qualidade, você acabou servindo de inspiração para outros goleiros. Como lida com isso?
Lavoisier - Muita gente me manda... Hoje todos coroas, eu estou com 51 anos de idade. Quando eu vejo na internet, agora que eu tenho rede social — nem tenho tempo, tem uma pessoa que cuida —, quando eu vi isso, as pessoas mandando: "Pô, sempre fui seu fã, tu me inspirou, inspirou gerações"... E até crianças: "Esse é o Lavoisier? Vejo vídeo dele na internet". Isso, para mim, é sinal de que deixei um legado de alguma coisa.
Vejo atletas hoje saírem (do gol) do jeito que eu saía, se projetarem do jeito que eu me projeto, atletas pequenos que talvez tomaram como inspiração o jeito que eu jogava. Isso me deixa extremamente feliz. Muitos não conhecem quem é o Lavoisier, mas acho que essa nossa geração, da década de 1970, 1980, me viram jogar bastante.
OP - Muitos atletas que jogam futebol começaram no futsal e conseguem se destacar pela qualidade no passe, tomada de decisão... O quanto isso contribui?
Lavoisier - E se eu te contar que a minha especialidade, meus estudos de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) todos são sobre isso? O que eu mais fiz de estudo foi sobre essa transição do futsal para o futebol.
Hoje, acho que quase todos os jogadores passam, porque os clubes... Os campinhos acabaram, e o futsal está na escola, na faculdade, em todos os lugares. Hoje nós somos quase 14 milhões de praticantes, isso é muito maior que do que muitos países da Europa, de população.
Nós somos hoje, em número de projetos sociais de modalidade esportiva, o futsal é o que mais tem. O número de escolinhas que mais tem no Brasil hoje também é de futsal, e os professores que mais buscam capacitação são também do futsal.
No futebol de campo, você ainda tem um olheiro, aquele cara que não é formado, mas no futsal não pode, tem que ter formação. A gente tem hoje uma gama de profissionais muito bons e todo atleta que surge, que hoje está no campo, vem a treinar no futsal.
No estatuto do Santos tem que é obrigado a passar no futsal, os quatro (maiores clubes, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco) do Rio, os atletas, dos 9 aos 12 anos, é obrigatório treinar futsal e fazer futebol de campo também.
Por quê? Um meia que joga mais tempo e tem mais toque de bola gasta, em média, com a bola no pé, dois minutos e 45 segundos. Isso é mensurado. No futsal, você não consegue mensurar. Dominou, passou; dominou, solta num; um tá, um não tá, um tá, um não tá... Isso refina domínio, passe, chute, visão periférica muito ampla, tomada de atitude com mais rapidez, mais velocidade, porque o espaço é pequeno.
Às vezes, eu vejo jogo de futebol de campo: "Bota a bola para frente", aí o cara bota a bola para o lado. "Mas tem espaço, bota a bola para frente". As equipes maiores do Brasil hoje têm futsal, para que sirva de preparação, não é formação. "Futsal forma para o futebol", não, mentira. Prepara para o futebol, com muitas valências. O aeroespacial do campo é diferente, a extensão percorrida é diferente.
O Fernando Diniz (técnico, hoje no Cruzeiro), nós jogamos contra desde os 17 anos, meu amigo, trabalhei com ele lá na CBF. Na minha época, joguei contra Fernando Diniz, Juninho Pernambucano, Gilberto, Zé Elias... Essa galera toda.
E ele (Diniz) disse: "Lavô, quando chega um atleta de futsal, é diferente". O jeito de dominar a bola, passar a bola, a visão dele, a inteligência... Os atletas que trabalharam com futsal, o desenvolvimento de inteligência é maior, porque tem que assimilar muita jogada. No campo, o cara baixa a cabeça...
OP - O futsal cearense teve tempos áureos de destaque nacional, principalmente com o Sumov, onde você começou, e depois passou por um hiato. Como enxerga o cenário atual?
Lavoisier - Um dos maiores motivos de eu fazer essa competição (Liga Evolução) aqui é justamente esse. Eu tenho uma dívida muito grande com o meu Estado.
Tenho uma dívida com o clube, que eu não sei quando eu vou pagar, que é o Sumov, mas tenho uma dívida com o meu Estado, e essa competição que eu trouxe para cá é justamente para isso, para poder fomentar o futsal, voltar àqueles tempos áureos.
A gente tinha Ideal, Diários, BNB... Fomentar isso, voltar a ter essa paixão de novo. Porque é sazonal, vem o Fortaleza, vem o Ceará, mas trazer a seleção para cá, depois de tantos anos, é começar a fazer alicerces nisso aqui.
OP - E você conta com o apoio do Mauro Carmélio, presidente da Federação Cearense de Futebol, que esteve na Copa do Mundo com vocês...
Lavoisier - O presidente Mauro Carmélio foi um parceiro meu muito grande no início, deu uma afastada e agora voltou, na Copa do Mundo. É um cara apaixonado pelo futsal, um defensor do futsal, e isso me ajudou muito, principalmente para essa competição agora.
OP - Carlos Barbosa é uma cidade que respira futsal, já que não tem times de destaque em outras modalidades. Isso ajuda a moldar um time vencedor?
Lavoisier - Ajuda bastante, sem sombra de dúvidas. Tem 8 mil pessoas no ginásio, lotado, você chega e vê a fila para entrar no ginásio. "Não tem como perder, a gente vai ganhar. Vamos matar dentro de quadra, a gente não pode decepcionar essa galera". Tu vai na padaria, e os caras vão te cobrar se tu perder. Tu vai no açougue, os caras vão te cobrar; vai no mercado, os caras vão te cobrar.
"Mas como que tu me toma aquele gol, rapaz?" (imita sotaque gaúcho). "Tu era o Lavoisier mesmo da seleção? Muito ruim". Eles falam assim. Para evitar essas coisas, tu tem que se matar lá (risos). Ajuda bastante, essa vivência. Mas que não perca essa paixão, porque se ganha tanto que vai se acostumando. Que permaneça essa paixão.
OP - Na seleção feminina, dois cearenses têm destaque: o Wilson Sabóia, técnico, e a Amandinha, eleita melhor jogadora do mundo oito vezes. Isso pode servir de referência para outros profissionais daqui?
Lavoisier - A gente vem ampliando bastante, agora a gente tem atletas sub-20. Fomentar um estado também é voltar a ter atletas que figurem no cenário nacional. O Campeonato Brasileiro e todos os campeonatos que existem, como Copa do Brasil, e que têm esses destaques, não só do Ceará, mas de outras equipes, isso é importante para fomentar e eu poder trazer para a seleção.
A partir do ano que vem, que vai ser um ano mais tranquilo, eu vou fazer visita a cada federação (estadual) de futsal, ver os jogos, procurar que esses jogos sejam mandados para os nossos profissionais para a gente poder observar esses atletas.
E eu tenho certeza que aqui é um celeiro de craques. Surgiu a Amandinha, surgiu o (Wilson) Sabóia... São trabalho distintos que são realizados aqui e lá, são maneiras de gestão diferentes, e a gente tem que unir essas maneiras de gerir o atleta.
O Sabóia faz um trabalho incrível, agora já temos Copa do Mundo (de futsal feminino, em 2025) aí, um planejamento. Nossa próxima data (de amistoso) é lá na Itália, dois jogos contra a seleção italiana feminina.
Eu trabalho com masculino, feminino, categorias de base e cada um tem sua maneira de trabalho. O treinador tem que ter sua especificidade para cada um. Eu tenho que gerir cada seleção dessa diferente. Não é fácil.
OP - Você jogou com o Falcão na seleção por um período e depois o enfrentou muitas vezes. Como era esse confronto?
Lavoisier - Era bastante difícil enfrentar o Falcão, mas eu acho que levei muita sorte. Eu era um dos goleiros que ele considerava, dentro daquela época, mais difícil de fazer gol. Ele mesmo falava para mim: "Pô, é f... fazer gol em ti, porque eu sei que tu estuda, grava todo o meu perfil. Quando eu vou chutar, já sei que tu tá pulando lá".
Eu sempre me dei bem quando jogava contra o Falcão. Para ele fazer gol em mim era difícil, sempre estava ganhando os jogos dele ou então empatando e fazendo bons jogos. Jogar do lado dele é sempre um prazer.
O pouco que eu estive ali, já no final da minha carreira, de 1998 até 2000, foi sensacional. Ele não tinha estourado, não era esse Falcão que é, porque esse Falcão foi a partir de 2004. Foi bom. Depois a gente só jogou contra mesmo, mas eu já sabia muita coisa dele.
OP - A Fifa fez o pedido ao Comitê Olímpico Internacional (COI) para que o futsal integre os Jogos Olímpicos. Acredita que será aprovado? A nova gestão do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) pode ajudar nisso?
Lavoisier - Foi um pedido da Fifa, mas a gente tem que ir com calma, porque tem várias coisas que a gente tem que passar ainda. Tem que ir devagar. O pedido foi feito, mas tem que ter uma representatividade, um plano para isso tudo.
A entrada dele (Marco La Porta, presidente eleito do COB) vai ajudar, porque o antigo presidente (Paulo Wanderley) tirou o futsal de todas as competições que faziam parte do calendário do Comitê Olímpico: Jogos da Juventude, Jogos Escolares... Tirou de tudo. Então, agora eu creio que a gente tem uma retomada, pode conversar melhor com o novo presidente.
Com relação às Olímpiadas, a representatividade, a força do Comitê Brasileiro em cima do COI vai ajudar bastante, a Fifa pressionando vai ajudar bastante... Porque o Comitê Olímpico Internacional quer diminuir o número de esportes, porque o
Se você colocar o futsal e o beach soccer dentro disso, para cada modalidade vai levar 12, 16 (atletas)... Dá quase 800 pessoas a mais dentro de uma Vila Olímpica. É um custo muito alto para as Olimpíadas, é grande esse custo. Ele já quer diminuir, então convida o breaking, que é um só (atleta), se forem 16 países, são 16 pessoas. Já futsal e beach soccer, se for masculino e feminino, é muita gente.
A gente tem que trabalhar de como fazer isso, mas tem que ter representatividade perante o Comitê Olímpico Internacional, com a Fifa, com o Comitê Brasileiro, mas também representatividade como atleta, como eu, hoje, dentro da CBF. Eu sou o responsável pelo futsal do Brasil.
Hoje, é como se tudo que for fazer fora do Brasil tem que passar pela minha mão, de seleções ou não. Na CBF, futsal tem o quê? Lavoisier. Isso eu tenho que fazer? Tenho, mas tem que ter muitas outras pessoas fazendo também, porque uma só força não vai. Tem que ser uma força conjunta.
OP - A posição de goleiro é ingrata?
Lavoisier - Ela não é ingrata, não, é muito fácil de se fazer. Quando eu era goleiro, eu só tinha uma preocupação na vida, uma só. Eu vivia dentro de uma bolha, falava as mesmas conversas, era superprotegido, supermimado, superestimado, tinha uma zona de conforto gostosa, que eu descansava e só jogava. Eu só tinha uma preocupação, era fácil demais. Era só não deixar a bola entrar. Era a única preocupação.
"Ser goleiro é fácil demais, é só não deixar a bola entrar."
Quando você passa a ser gestor... Surge problema de todo lado. Olhando aqui o meu celular, surge problema de todo lado. É uma vaidade, um detalhezinho aqui, uma refeição, uma lavanderia, um operacional que não certo, um formulário que não saiu, um processo que pularam, se você não estiver de olho direto... É muita coisa. [...]
Eu acordo no meio da noite: "P... m..., esqueci aquilo. Será que lembraram?". Acordo anotando ou mando mensagem 3 horas da manhã. "Vai dormir", "não consigo, tu resolveu ou não resolveu?". "Resolvi". "Então tá bom, agora eu consigo dormir, mas senão, eu não consigo". Ser goleiro é fácil demais, é só não deixar a bola entrar.
OP - Dentro da CBF, você também trabalhou com futebol masculino, integrando a delegação que disputou o Pré-Olímpico. O que pode falar da nova geração, que tem o Endrick como expoente?
Lavoisier - É uma geração maravilhosa, uma geração que tem muita qualidade. O que pode atrapalhar mais à frente é como é feita a gestão pelos empresários, pelos diretores de clubes... Isso pode atrapalhar. Mas é uma geração de qualidade.
O que atrapalha mais o atleta hoje é a mente, é superestimar ele, deixar num patamar muito alto e ele esquecer o que é e o que pode produzir. E as pessoas estão fazendo muito isso por causa de outros interesses, mas é uma geração de muita qualidade.
Precisa somente botar no degrau que eles têm que estar, e não ser superestimado por quem faz a gestão deles. Superdefendido... É uma geração que tem tudo para dar um grande resultado para o Brasil, mas se deixar tudo isso de fora. Se não deixar isso de fora, podem ser os melhores do mundo que não conseguem.
OP - Olhando para aquele garoto de Ocara, que disse para o primo que jogaria no maior time de futsal do mundo e foi campeão mundial com a seleção brasileira, qual balanço você faz da sua trajetória?
Lavoisier - Eu disse que queria jogar no maior time do mundo, que era a Enxuta. Eu parei de jogar no maior time do mundo, campeão do mundo duas ou três vezes com o Carlos Barbosa. Ou seja, parei de jogar no time campeão do mundo e maior time do mundo de futsal.
E o homem lá de cima falou: "Vou te dar um upgrade: tu vai ser o gestor desse time". E eu ganhei tudo com esse time. Ele disse: "Tu é um cara bom para caramba, sensacional. Tu tá numa econômica, foi para a executiva, vou te botar na
Em família
Pontual, o dirigente da CBF chegou ao Centro de Formação Olímpica, local da entrevista, acompanhado pela esposa Ana Montini, pelo filho Gabriel e pelo sobrinho Arthur. A cônjuge assistiu à entrevista, enquanto os dois garotos jogavam bola
Título em casa
A passagem de Lavoisier por Fortaleza, semanas após a Copa do Mundo de Futsal, deu-se em razão da realização da Liga Evolução Conmebol, que foi disputada no CFO. A seleção brasileira foi campeã
Reencontros
Durante a entrevista, o ginásio começou a receber jogadores do time de futsal do Fortaleza, que tinham treino marcado. Foi a chance do ex-goleiro reencontrar o ala Valdin e o técnico Facó, com quem jogou no início da carreira
Grandes entrevistas