
É doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro de contos
É doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro de contos
A educação é uma das áreas mais problemáticas da política brasileira. De um passado extremamente elitista e excludente, a escola pública brasileira foi gradativamente incorporando setores das classes populares, mas a massificação trouxe como efeito colateral o sucateamento. Isso porque não houve investimento proporcional ao aumento do número de alunos.
Ao mesmo tempo em que a quantidade de estudantes crescia, a instituição escolar também percebeu os reflexos da extrema pobreza e do baixo capital cultural dos alunos.
A educação é historicamente alvo de disputas e conflitos de interesses entre diversos setores da sociedade, dado que o sistema educacional não apenas forma mão de obra, mas também é responsável pelo processo de construção da subjetividade e individualidade humana. Desse modo, quem tem seu projeto de educação como hegemônico é porque já é um grupo hegemônico.
No Brasil, a partir da década de 1990, o sistema educacional passou por um processo intenso de mercantilização, notadamente o ensino superior, e atualmente o País tem um consolidado mercado educacional. Este, como qualquer outra fatia do mercado, é repleto de fusões e aquisições de grandes grupos educacionais que fogacitam os menores.
Do outro lado, assistimos a um sistema público sucateado e esmagado pela contenção de gastos. Em avaliações internacionais, o resultado dos estudantes brasileiros é pífio.
O quadro não é nada animador, questões como precarização do trabalho docente, aplicação de recursos financeiros insuficientes, problemas de violência intra e extrainstitucional, entre outros, são velhos conhecimentos dos políticos e da população em geral.
Entretanto, para o deputado Renan Jordy (PL-RJ) o problema da educação pública tem um alvo: as roupas que os professores usam em sala de aula. Isso porque, segundo o deputado, algumas vestimentas usadas por docentes têm o potencial de atentar aos bons costumes.
O projeto de lei de Renan Jordy é a quintessência da derrocada política do Brasil. É um atestado da absoluta ausência da capacidade de análise da perspectiva histórica, de formulação de políticas públicas que possam subverter a lógica excludente que ainda permeia todos os âmbitos da sociedade brasileira.
Investir tempo e esforço em pautas de costumes é dar de ombros para a solução de problemas estruturais como a fome, a falta de moradia, de saúde pública, entre outros.
O ano eleitoral se avizinha. Precisamos votar em candidatos que percebam a sociedade com lentes reais.
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