Com formação em desenvolvimento mobile pelo IFCE e pela Apple Academy, junto ao seu conhecimento em Design e Animação, atuação em UI|UX e experiência na criação de aplicativo móveis, fundou a Startup Mercadapp. É amante dos livros, da música, do teatro e do ballet. Tudo isso sempre junto e misturado a tecnologia e inovação. Escrever sempre foi seu refúgio dentro dessa jornada tão desafiadora, que é ser uma jovem mulher empreendedora
Viajar, pra mim, é isso: colecionar emoções que não cabem em fotografia, e agora eu tinha mais uma experiência que me atravessou profundamente
Foto: Arquivo pessoal
Concerto nº 1 de Rachmaninov
Há quem viaje para fazer compras ou tirar fotos em cartões-postais. Eu viajo para sentir. Para viver experiências que só poderiam acontecer ali, naquele tempo, com aquelas pessoas ao redor.
A Opera House foi um lugar onde eu sempre quis ir visitar. Marquei aquela visita padrão, que turistas fazem pelas óperas, teatro e museus. Mas quando estava saindo, senti uma imensa tristeza. Eu estava na Austrália, estava visitando a Opera House e estava prestes a ir embora sem assistir nada? Não poderia terminar assim.
Corri imediatamente para a bilheteria para ver o que conseguiria assistir. E foi assim que, numa noite em Sydney, acabei dentro da Opera House, prestes a assistir a Stephen Hough tocando o Concerto nº 1 de Rachmaninov.
Fui para minha hospedagem tomar um banho, comer e voltar para realizar esse sonho. Agora, era noite, suas conchas brancas se iluminavam como se tivessem vida própria. De dia, são esculturas. De noite, eu não tenho nem palavras para descrever.
No hall de entrada, estava acontecendo pequenas apresentações para entretenimento do público, antes das portas do salão abrirem. Aproveitei e curti muito aquele momento, eu estava ali por inteira. E quando o salão abriu e a música começou, tive certeza de que estava no lugar certo.
Rachmaninov compôs esse concerto ainda muito jovem, com aquele fogo impetuoso de quem está descobrindo até onde pode ir. É uma obra menos conhecida do que as outras, mas carrega uma força bruta, quase indomada. E Stephen Hough não tentou domá-la.
A sala estava cheia, mas silenciosa. Um público elegante, senhoras com mantos finos, senhores de esporte fino. Cada um ali por um motivo. Mas naquele momento, unidos pelo som. Pela intensidade das notas que preenchiam o espaço. Aquele início súbito, com os acordes marcantes, somente com a orquestra.
A melodia densa que se insinua logo depois, quando um imenso piano de cauda é inserido no palco, e Stephen Hough inicia sua performance, nos puxando para dentro, como se o piano fosse um vórtice.
Acompanhei os gestos pequenos e seguros de Stephen Hough, que parecia não apenas tocar, mas traduzir o que Rachmaninov sentia quando jovem: a fome, o medo, a esperança, a ambição. Foi íntimo e grandioso ao mesmo tempo. Com precisão, mas sem vaidade. Ele sabia que o protagonista era o som. E nós sabíamos que estávamos diante de algo raro.
Na saída, antes de partir, fui até o terraço. A vista da baía à noite é como um quadro em movimento: água escura, luzes vibrando, barcos silenciosos cruzando ao fundo. Normalmente tudo para mim, é desculpa para contemplação, mas logo após um espetáculo desses, eu estava em grande, grande contemplação.
Ao sair, desci devagar os degraus da Opera House. A brisa soprava leve, e Sydney me parecia mais serena. Viajar, pra mim, é isso: colecionar emoções que não cabem em fotografia, e agora eu tinha mais uma experiência que me atravessou profundamente.
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