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Um Rock no Odeon of Herodes Atticus
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Com formação em desenvolvimento mobile pelo IFCE e pela Apple Academy, junto ao seu conhecimento em Design e Animação, atuação em UI|UX e experiência na criação de aplicativo móveis, fundou a Startup Mercadapp. É amante dos livros, da música, do teatro e do ballet. Tudo isso sempre junto e misturado a tecnologia e inovação. Escrever sempre foi seu refúgio dentro dessa jornada tão desafiadora, que é ser uma jovem mulher empreendedora

Larissa Lima comportamento

Um Rock no Odeon of Herodes Atticus

O Odeon de Herodes Ático foi construído no ano 161 d.C. por Herodes Ático, um influente aristocrata grego e filósofo romano, em homenagem à sua esposa Regilla, que havia falecido
Show do primeiro vocalista do AC/DC, Dave Evans (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Show do primeiro vocalista do AC/DC, Dave Evans

Atenas é feita de passado. Mas o mais impressionante é quando esse passado não só permanece, mas continua pulsando. Como no Odeon de Herodes Ático, um teatro milenar onde a arte ainda vive e a música ainda ecoa.

Foi assim que, em uma noite que carrego comigo até hoje, me vi sentada em uma arquibancada de pedra, no alto da Acrópole, para assistir a uma orquestra de rock. E não era qualquer orquestra: era uma sinfonia eletrizante, conduzida pela energia do primeiro vocalista do AC/DC, Dave Evans.

Pude viver uma experiência que uniu eras, culturas e paixões, como se os deuses antigos tivessem se juntado aos deuses do rock. Tudo isso no mesmo palco em que, há séculos, a elite ateniense assistia a tragédias e concertos sob o céu.

O Odeon de Herodes Ático foi construído no ano 161 d.C. por Herodes Ático, um influente aristocrata grego e filósofo romano, em homenagem à sua esposa Regilla, que havia falecido. Uma declaração de amor esculpida em mármore e som. Com capacidade para cerca de 5 mil pessoas, ele foi um dos teatros mais sofisticados do seu tempo.

Após séculos em ruínas, foi restaurado nos anos 1950 e hoje é o coração do Festival de Atenas e Epidauro, um dos eventos mais prestigiados da Grécia, que acontece todos os verões. Desde então, artistas como Luciano Pavarotti, Maria Callas, Elton John e até o Cirque du Soleil já se apresentaram ali.

Gosto de me perder nos cotidianos de outros povos. Gosto de entrar em mercados, observar o dia a dia, escutar idiomas como quem escuta música.

Mas naquele dia, mais do que assistir a uma tradição local, me senti dentro dela. Porque assistir a um espetáculo no Odeon não é só sobre música, é sobre estar onde séculos de aplausos já ecoaram. É sobre dar continuidade a um ritual antigo, sentir, viver.

Quando Dave Evans entrou acompanhado pela Orquestra Estatal de Atenas, senti o peso do passado reverberar. Ele trouxe para as pedras milenares riffs que marcaram a história do rock. A acústica, natural e impecável, fez com que o vocal do AC/DC soasse como poesia eletrizante, flutuando por todo o teatro, sem amplificação exagerada.

Sentada na arquibancada de pedra, com uma belíssima lua cheia no céu, com a vista noturna de Atenas lá embaixo e o Partenon iluminado bem acima, tive a sensação de estar dentro de algo maior do que um show. Não era só a música. Era o cenário. Era a história. Era o momento.

E mesmo sabendo que sou só uma viajante de passagem, por algumas horas me senti pertencente àquela herança cultural que a Grécia preserva com tanto orgulho.

Odeon, em grego, significa “lugar para cantar”. E naquele lugar, cercada por colunas e histórias, cantei para além da garganta, cantei com os olhos, com a pele, com o coração.

Quando as luzes da orquestra apagaram e o público se levantou para aplaudir, eu não era a mesma pessoa que entrou. Talvez fosse o ar quente do verão de Atenas. Talvez fosse a potência do rock. Talvez fosse a energia que só um lugar como aquele consegue imprimir na alma de quem passa por lá.

Nunca me senti tão viva para o presente e ao mesmo tempo, tão conectada ao passado.

Foto do Larissa Lima

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