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E se seu maior cliente não for ESG, você o demite?
Foto de Maurício Cardoso
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Mentor e conselheiro de startups há mais de quatro anos, formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e com especializações pela UFRJ e Unyleya. Hoje, atua como diretor de Operações da Casa Azul Ventures, já tendo mentorado mais de 100 startups e avaliado mais de 1.000 em diversos programas nacionais e internacionais. Também atua como gerente de Novos Negócios no Grupo de Comunicação O POVO.

E se seu maior cliente não for ESG, você o demite?

Reflexões sobre causas e casos da vida real
Tipo Opinião
Diversidade no mercado de trabalho  (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Diversidade no mercado de trabalho

Somos uma empresa que preza pela diversidade. Somos todos a favor da igualdade de gênero. Nossa empresa trabalha com cotas para mulheres, negros e índios.

Mas, muito me incomodou em alguns aspectos dessa temática uma pergunta que surgia na minha cabeça: E se o seu maior cliente, não concordar com suas pautas ESG, você abandona a conta?

Eis minha história, que vivi, mas oculto informações (obviamente). 

Me lembro de um caso, onde um consultor não foi “aprovado” pelo cliente. Ele havia entrado no projeto, ficou por 2 meses, e comumente escutava falas com pautas preconceituosas, que incomodariam qualquer um com o mínimo de bom senso.

A conta desse cliente? A principal da regional. O relacionamento com a empresa era excelente.

A “solicitação” não foi um pedido, mas um “alerta de risco de atrasos no projeto” (e isso indicaria prejuízos para a consultoria).

O motivo do risco de atrasos? Foi que o respectivo consultor, não pegou o ritmo do trabalho. Não se adaptou à cultura da empresa.

Eu sabia do que se tratava. O cliente sabia do que se tratava. Nosso gestor sabia do que se tratava!

Observei e vi meu gestor, com maestria e total delicadeza, fazer uma readequação de projetos, para que o consultor trabalhasse em um outro projeto (até melhor), e assim, conseguíssemos algum outro consultor que “pudesse se adequar”.

Ao reviver a história, questionei a Diretoria uma vez: “Se isso, hipoteticamente acontecer, o que deveríamos fazer?”

A resposta? Diplomática, e como um bom consultor, carregada de “dependes”.

Mas ainda hoje me pergunto, se dentro de todo esse contexto, “depende”.

  • Qual é a segurança para uma mulher contar que adoraria engravidar?
  • Qual a segurança de alguém homossexual indicar que sofreu homofobia na reunião com o cliente?
  • Quais oportunidades, negros poderiam estar perdendo por “serem escolhidos” pelos clientes?

Meu relato, poderia ser muito mais denso do que foi. Mas foi real.

Se, sua empresa ou startup, preza por valores (escritos em murais bonitos com fontes chamativas) claros, que cita ODS da ONU em quase toda reunião, ao presenciar tudo isso, você colocaria 50% do seu faturamento em risco, para dar segurança para os não-privilegiados?

Adoraria conversar sobre.

 

 

Foto do Maurício Cardoso

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