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Saúde no trabalho: onde as empresas estão errando?
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Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno

Neila Fontenele ciência e saúde

Saúde no trabalho: onde as empresas estão errando?

Empresas buscam bem-estar no trabalho, mas resultados ainda estão longe do esperado
MÁRCIO ATALLA falou sobre corpo em movimento (Foto: Alex Gomes/ Especial para O Povo)
Foto: Alex Gomes/ Especial para O Povo MÁRCIO ATALLA falou sobre corpo em movimento

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De uns tempos para cá, temos prestado mais atenção em como o nosso estilo de vida impacta a nossa saúde. E as empresas também entenderam isso. Elas perceberam que um ambiente de trabalho que realmente se importa com o bem-estar dos funcionários não só melhora a produtividade, mas também pode gerar uma grande economia.

O problema é que, muitas vezes, essa boa intenção acaba virando uma série de ações soltas. Tem empresa por aí com 44 programas de benefícios diferentes, mas, ironicamente, o número de funcionários adoecendo só cresce. Parece que a conta não fecha.

Benefícios demais, adesão de menos

Para o educador físico Márcio Atalla, a chave está em conhecer a fundo quem trabalha na sua empresa. Ele aponta que o nível de adesão a esses benefícios é muito baixo.

Atalla reforça que precisamos identificar a nossa própria "trilha" de bem-estar. Afinal, hoje já sabemos que o ambiente em que vivemos – cheio de tecnologia e "confortavelmente perigoso" – pode ser nocivo para o nosso DNA. "A gente está perdendo a capacidade de sentir coisas básicas, como a fome ou a saciedade".

Atalla estará em Fortaleza no próximo dia dois de julho, onde participará de mais uma edição do Café com RH, promovido pela Unimed Fortaleza.

Engano que criamos e a geração do "não"

Apesar do grande volume de informações sobre saúde e qualidade de vida, o número de pessoas com adoecimentos evitáveis, como problemas decorrentes da obesidade, tem aumentado. "Somos muito bons em nos enganar. A realidade é que construímos hábitos, e são os ambientes que moldam os nossos comportamentos", diz ele. 

Na sua avaliação, esta é a primeira geração que terá que dizer não para a comida. Parece simples, mas pense bem: o tempo todo somos bombardeados por opções, promoções, e a comida se tornou um prazer fácil de acessar. Em alguns países com sistemas de saúde pública mais maduros, essa já é uma preocupação real.

Infelizmente, a gente tende a terceirizar a responsabilidade pela mudança. E quem é que está disposto a abrir mão de um prazer imediato em nome de um benefício futuro? A expectativa de vida subiu, e isso é ótimo; mas o grande desafio agora é pensar na qualidade dessa vida. O que estamos fazendo hoje para viver melhor amanhã? Essa é a reflexão que fica.

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Onde o problema começa: obesidade infantil no Nordeste

Os hábitos alimentares são, de fato, construídos desde muito cedo. O tradicional mingau, por exemplo, tão presente na infância, hoje é questionado em suas versões açucaradas. No Nordeste, a obesidade infantil permanece como um desafio crescente. Dados recentes do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN, 2024) revelam que cerca de 22,77% das crianças cearenses entre 5 e 9 anos apresentam sobrepeso.

Esse número acende um alerta sobre a gravidade do problema, impulsionado, em grande parte, pelo consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar.

O uso de mingau pronto e cereais infantis industrializados é apontado como um dos maiores vilões. As projeções da World Obesity Federation são ainda mais preocupantes: até 2035, metade das crianças e adolescentes brasileiros entre 5 e 19 anos poderá estar com sobrepeso ou obesidade.

Diante desse cenário, o problema tem despertado a atenção de marcas de produtos, que buscam criar alternativas mais saudáveis. A Papapá, por exemplo, desenvolveu uma linha de cereais sem açúcar, mostrando que receitas simples podem fazer a diferença. Outras marcas seguem o mesmo caminho. Oremos!

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