
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
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De uns tempos para cá, temos prestado mais atenção em como o nosso estilo de vida impacta a nossa saúde. E as empresas também entenderam isso. Elas perceberam que um ambiente de trabalho que realmente se importa com o bem-estar dos funcionários não só melhora a produtividade, mas também pode gerar uma grande economia.
O problema é que, muitas vezes, essa boa intenção acaba virando uma série de ações soltas. Tem empresa por aí com 44 programas de benefícios diferentes, mas, ironicamente, o número de funcionários adoecendo só cresce. Parece que a conta não fecha.
Para o educador físico Márcio Atalla, a chave está em conhecer a fundo quem trabalha na sua empresa. Ele aponta que o nível de adesão a esses benefícios é muito baixo.
Atalla reforça que precisamos identificar a nossa própria "trilha" de bem-estar. Afinal, hoje já sabemos que o ambiente em que vivemos – cheio de tecnologia e "confortavelmente perigoso" – pode ser nocivo para o nosso DNA. "A gente está perdendo a capacidade de sentir coisas básicas, como a fome ou a saciedade".
Atalla estará em Fortaleza no próximo dia dois de julho, onde participará de mais uma edição do Café com RH, promovido pela Unimed Fortaleza.
Apesar do grande volume de informações sobre saúde e qualidade de vida, o número de pessoas com adoecimentos evitáveis, como problemas decorrentes da obesidade, tem aumentado. "Somos muito bons em nos enganar. A realidade é que construímos hábitos, e são os ambientes que moldam os nossos comportamentos", diz ele.
Na sua avaliação, esta é a primeira geração que terá que dizer não para a comida. Parece simples, mas pense bem: o tempo todo somos bombardeados por opções, promoções, e a comida se tornou um prazer fácil de acessar. Em alguns países com sistemas de saúde pública mais maduros, essa já é uma preocupação real.
Infelizmente, a gente tende a terceirizar a responsabilidade pela mudança. E quem é que está disposto a abrir mão de um prazer imediato em nome de um benefício futuro? A expectativa de vida subiu, e isso é ótimo; mas o grande desafio agora é pensar na qualidade dessa vida. O que estamos fazendo hoje para viver melhor amanhã? Essa é a reflexão que fica.
Os hábitos alimentares são, de fato, construídos desde muito cedo. O tradicional mingau, por exemplo, tão presente na infância, hoje é questionado em suas versões açucaradas. No Nordeste, a obesidade infantil permanece como um desafio crescente. Dados recentes do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN, 2024) revelam que cerca de 22,77% das crianças cearenses entre 5 e 9 anos apresentam sobrepeso.
Esse número acende um alerta sobre a gravidade do problema, impulsionado, em grande parte, pelo consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar.
O uso de mingau pronto e cereais infantis industrializados é apontado como um dos maiores vilões. As projeções da World Obesity Federation são ainda mais preocupantes: até 2035, metade das crianças e adolescentes brasileiros entre 5 e 19 anos poderá estar com sobrepeso ou obesidade.
Diante desse cenário, o problema tem despertado a atenção de marcas de produtos, que buscam criar alternativas mais saudáveis. A Papapá, por exemplo, desenvolveu uma linha de cereais sem açúcar, mostrando que receitas simples podem fazer a diferença. Outras marcas seguem o mesmo caminho. Oremos!
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