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Os vovôs se exercitam mais que os netos
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Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno

Neila Fontenele ciência e saúde

Os vovôs se exercitam mais que os netos

Os homens com 60 anos, ou mais, estão com uma vida menos sedentária, principalmente se comparados com as pessoas com idade entre 18 e 28 anos
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LUIS Gonzalez, CEO e cofundador da Vidalink (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal LUIS Gonzalez, CEO e cofundador da Vidalink

Quem cuida melhor da própria saúde? Conforme a pesquisa "Check-up de Bem-Estar 2025", conduzida pela Vidalink (plataforma de benefícios para funcionários de empresas), há diferenças geracionais importantes, principalmente em relação à atividade física, e o público mais velho é quem leva vantagem.

O curioso: os homens com 60 anos, ou mais, estão com uma vida menos sedentária, principalmente se comparados com as pessoas com idade entre 18 e 28 anos (geração Z). Pelo levantamento, os avós se exercitam mais que os netos para cuidar da mente.

O estudo revela que 46% desse público utiliza a atividade física como cuidado com a saúde integral, incluindo uma forma de atenção mental. Enquanto isso, apenas 34% dos jovens da Geração Z masculina aplicam essa estratégia para melhorar seu bem-estar. No caso das mulheres desta geração, apenas 26% afirmam praticar exercícios com esse objetivo.

Essa foi a terceira edição da maior pesquisa de bem-estar corporativo do Brasil. Foram analisados dados de 11.600 funcionários de 250 companhias de diversos mercados e indústrias de grande porte, no período entre janeiro e junho de 2025.

Embora a prática de exercícios continue sendo a principal forma de cuidado mental no Brasil, a adesão cai de forma consistente conforme a idade diminui. Na Geração X (43 a 63 anos), 40% dos homens e 34% das mulheres mantêm uma rotina de atividade física com foco na saúde mental. Entre os Millennials (29 a 42 anos), os índices caem para 38% e 30%, respectivamente.

Peso dos fatores emocionais

O CEO e cofundador da Vidalink, Luis Gonzalez, respondeu a algumas perguntas da coluna sobre as principais razões para as novas gerações se apresentarem menos ativas, mesmo diante de todo o modismo do wellness (conceito de vida saudável). Para ele, as novas gerações, especialmente a Geração Z, estão menos ativas não por falta de interesse, mas por uma combinação de esgotamento emocional, falta de recursos e hiperconexão digital.

"O estudo mostra que esse é o grupo que mais sente ansiedade, angústia e falta de motivação, fatores que reduzem drasticamente a energia necessária para manter uma rotina de exercícios". Detalhes: entre as mulheres da Geração Z, 72% dizem sentir essas emoções negativas na maior parte dos dias; entre os homens, 51%.

"Quando olhamos para a geração anterior, os Millennials, os números caem: 63% das mulheres e 46% dos homens relatam o mesmo cenário emocional. Ou seja: quanto mais jovem o grupo, maior a carga emocional e, consequentemente, maior a barreira para a prática regular de exercícios", acrescenta ele.

Dificuldades para buscar ajuda

Na avaliação de Gonzalez, para agravar essa situação, muitos jovens não sabem como buscar ajuda ou não têm acesso financeiro às práticas de autocuidado, o que reforça a inatividade. "A rotina também pesa: eles vivem hiperconectados, com fronteiras borradas entre trabalho e vida pessoal, e têm menos previsibilidade no dia a dia. Isso cria um cenário no qual o tempo livre é consumido por telas, elevando os sentimentos negativos".

Diante dessa situação, fica clara a necessidade de uma união de forças para melhorar a situação. Quem sabe uma oferta maior de práticas de acolhimento e de psicoterapias pelo Sistema Único de Saúde, antes do agravamento dessas situações.

Gonzalez lembra que algumas empresas já oferecem iniciativas de bem-estar (entre elas, terapias online, programas de atividade física, benefícios flexíveis e até planos de medicamentos que ampliam o acesso ao cuidado) mas, no geral, elas ainda tratam todos os funcionários como se tivessem as mesmas necessidades, quando existem várias diferenças entre os públicos. Enfim, é preciso mais do que contemplar a situação. É hora de ação.

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